Dólar fecha em alta de 0,31%, após superar R$2,37 na sessão
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta nesta quinta-feira, mas longe das máximas do dia, pois investidores realizaram lucros após a divisa superar 2,37 reais pela primeira vez em sete meses.
Citando incertezas sobre a política monetária dos Estados Unidos e as eleições no Brasil, investidores compraram dólares para testar a tolerância do Banco Central ao fortalecimento da moeda norte-americana.
A divisa dos EUA avançou 0,31 por cento, a 2,3650 reais na venda, após bater 2,3775 reais na máxima da sessão, maior nível intradiário desde 21 de fevereiro, quando atingiu 2,3790 reais. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 800 milhões de dólares.
"O mercado testou alguns patamares mais altos hoje, mas é difícil manter o dólar em níveis tão altos sem que esse movimento seja interrompido de vez em quando por alguma realização (de lucros)", afirmou o gerente de câmbio da corretora Advanced, Celso Siqueira.
A escalada da moeda norte-americana fez crescer a especulação sobre atuações mais fortes do BC no câmbio, de forma a evitar impactos inflacionários por meio do encarecimento de importados.
Investidores têm apostado em um aumento das rolagens de swap cambial tradicional, que equivalem a venda futura de dólares. Nesta sessão, o BC continuou vendendo a oferta de até 6 mil contratos para a rolagem do lote que vence em 1º de outubro. Até agora, rolou cerca de 40 por cento do lote total, que corresponde a 6,677 bilhões de dólares.
"O mercado colocou na cabeça que quer ficar comprado em dólares e, se o Banco Central não reagir, vai continuar pressionando", afirmou o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano, para quem a autoridade monetária deve entrar com mais força em algum momento.
No fim da manhã, o diretor de Fiscalização do BC, Anthero Meirelles, ressaltou que a autoridade monetária dispõe de um programa cambial para fazer frente à volatilidade da moeda.
O BC também manteve nesta manhã a venda integral de até 4 mil swaps pelas atuações diárias. Foram vendidos 1,5 mil contratos para 1º de junho e 2,5 mil para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a 197,8 milhões de dólares.
Na véspera, o Federal Reserve, banco central norte-americano, reiterou sua promessa de manter os juros próximos de zero, mas sugeriu que o futuro aperto monetário pode ser mais intenso do que o esperado. O anúncio levou o dólar a subir mais de 1 por cento na sessão anterior e fechar a 2,35 reais pela primeira vez desde março.
Na ressaca desse movimento, o dólar caía contra o euro nesta quinta-feira, após atingir na sessão passada a máxima em 14 meses contra a moeda europeia.
"A questão do Fed continua pairando sobre o mercado, mas depois de digerir os fatos, parece que o mercado exagerou", disse o gerente de operações do Banco Confidence, Felipe Pellegrini.
Investidores também aguardam as próximas pesquisas de intenção de voto sobre as eleições presidenciais brasileiras. Os últimos levantamentos têm mostrado Marina Silva (PSB), preferida pelos mercados ao atual governo, em empate técnico com a presidente Dilma Rousseff (PT) em um eventual segundo turno.
O mercado permaneceu atento ao referendo sobre a separação da Escócia do Reino Unido, que ocorre nesta quinta-feira.
(Por Bruno Federowski)