Ministra vê Brasil produzindo mais em 2022, mas pede Orçamento para Plano Safra
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - Com os preços do milho no mercado brasileiro em patamares recordes, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse ver condições para a próxima safra de verão (2021/22) crescer acima de expectativas, mas avaliou que é importante que o Congresso Nacional vote logo temas relativos ao Orçamento, para que o ministério possa encaminhar o Plano Safra.
Sem acordo sobre vetos, Congresso adiou na véspera votação de projeto que suplementa o Orçamento deste ano em quase 20 bilhões de reais.
"Peço a ajuda que não se prorrogue muito esse projeto, porque é fundamental para que a gente possa bater o martelo sobre o Plano Safra", disse a ministra nesta quarta-feira, na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.
O Plano Safra é o principal instrumento de financiamento do Brasil, sendo fundamental para pequenos e médios agricultores. Em meados de abril, um representante do Ministério da Economia afirmou que o impasse no Orçamento ameaçava o programa agrícola do governo.
Segundo a ministra, itens do Orçamento são importantes para que o Ministério da Agricultura possa encaminhar proposta do Plano Safra 2021/22 para aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN).
Ela indicou que há pressa, uma vez que o plano para a safra que será plantada entre setembro e outubro começa a vigorar em julho.
Mas destacou que as condições de mercado são favoráveis.
"Todas as expectativas que temos para a próxima safra de verão são de que será uma safra maior", disse a ministra, lembrando que última colheita de grãos e oleaginosas no verão deve crescer cerca de 7%, ou um aumento de 17 milhões de toneladas, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Ela disse que a próxima safra verão --composta principalmente por soja, mas também por milho, arroz e feijão, entre outros produtos-- deverá crescer acima das estimativas da safra atual.
Essa perspectiva está baseada, disse a ministra, nas compras antecipadas de insumos.
"Estão comprando tudo que o que tem de fertilizantes, e isso é um bom sinal. É um sinal que a agricultura continuará com boa expectativa", declarou.
"TEMOS DE REZAR PARA CHOVER"
Com relação ao milho segunda safra do ciclo atual, que vem sendo atingido por uma estiagem --algo que tem colaborado para os preços em patamares recordes no mercado brasileiro--, a ministra lembrou que a expectativa do governo é de uma produção acima de 80 milhões de toneladas, mas emendou que "tem que chover".
"Temos de rezar para chover", comentou.
Consultorias privadas estão reduzindo as projeções de segunda safra, e alguns já trabalham com números mais próximos 70 milhões de toneladas, como é o caso da StoneX, que reduziu esta semana a previsão para 72,7 milhões de toneladas.
Enquanto o impasse no Orçamento prossegue, o ministério conseguiu que o CMN aprovasse medidas que incluem a oferta de mais crédito e mecanismos de apoio à comercialização para apoiar os agricultores no incremento da produção do milho e também do sorgo em 2021/22.
Tereza Cristina ressaltou também que os preços das commodities agrícolas estão em alta porque o "mundo passa por crise de estoques baixos de soja e milho".
"Temos desafio, só podemos combater preço aumentando a produção, este é o papel da agropecuária brasileira, produzir mais, mais e mais...".