Nova pesquisa DATAFOLHA mostra Lula na frente mas Bolsonaro já em 2.o lugar

Publicado em 30/04/2017 18:54
Levantamento "relâmpago" foi feito antes da tentativa de greve geral comandada pelos sindicatos que apóiam Lula. (Leia mais na edição deste domingo da Folha de S. Paulo).

Neste domingo o jornal FOLHA DE S. PAULO publicou pesquisa "relâmpago" feita pelo Instituto DATAFOLHA (2.781 entrevistas, em 172 municípios, feitas na quarta (26) e na quinta (27), antes da greve geral de sexta). Além de resultados óbvios (liderança de Lula, mas também o mais rejeitado), esse levantamento coloca o deputado Jair Bolsonaro (PSC) em segundo lugar, mostrando sua ascenção consistente e firme.

Bolsonaro é o candidato mais forte, no momento, para suplantar Lula e vencer a eleição presidencial de 2018.

A pesquisa Datafolha não destaca, porém, a resiliência do nome de Marina no atual cenário. Juntamente com o juiz Sérgio Moro (sem partido e que nunca se disse candidato), Marina Silva, ex-ministra do meio ambiente (Governo Lula), tem procurado manter-se à distância do embate político. Enquanto consegue ficar alheia às críticas, suas avaliações no atual cenário a colocam como alternativa forte da centro-esquerda para a disputa eleitoral de 2018.

 A Folha não aborda esta possibilidade. Mas analistas ouvidos pelo NA entendem a estratégia de Marina como a de um candidato "tersius", que se preserva no embate e transforma-se em alternativa até a corrida final, como uma "terceira via".

  • No quesito rejeição de Lula, quando comparados com outra pesquisa feita também em abril pelo PODER360 (site político comandado pelo respeitado jornalista FERNANDO RODRIGUES), os números do Datafolha aparecem defasados. (Especialistas entendem que, ao superar o patamar de  50% esse índice torna-se "mortal" para qualquer concorrente numa eleição). No Datafolha a rejeição de Lula "sobe" para 48%. Na do Poder360, ele já aparece com 59%. (Ambos os números foram coletados antes das manifestações violentas da última sexta-feira).

Há,outras diferenças fortes nas duas pesquisas (as mais recentes no atual cenário político). Ambas mostram Lula na frente, mas com rejeição maior ao nome do ex-presidente no levantamento da PODER360. Ambas confirmam a ascenção meteórica de Jair Bolsonaro, e mostram também o crescimento de João Dória (o de menor rejeição, mas o mais desconhecido). Porém, o que fica evidenciado é a força do eleitorado de Marina Silva (sempre aparecendo em 2.o lugar, mesmo não se colocando no debate político).

Para onde pender o eleitorado de Marina se confirmará o nome do novo presidente da República.

Em resumo, este é o cenário atual: Forte rejeição às medidas de Temer (que favorece Lula), crescimento da rejeição ao candidato petista, ascenção de Bolsonaro e Dória, e a preservação do nome de Marina, a "tersius". 

Leiam abaixo as informações da FOLHA  e os números da pesquisa do grupo PODER 360, ambas realizadas em abril (após as delações da Odebrecht, mas antes das manifestações violentas da sexta-feira). (NA).

Lula amplia liderança para 2018, e Bolsonaro chega a 2º, diz Datafolha

por IGOR GIELOW, de DE SÃO PAULO

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) cresceu e aparece no segundo lugar da corrida para a Presidência em 2018, empatado tecnicamente com a ex-senadora Marina Silva (Rede).

É o que aponta a primeira pesquisa Datafolha após a divulgação de detalhes da delação da Odebrecht, que atingiu em cheio presidenciáveis tucanos –que veem o prefeito paulistano, João Doria (PSDB), surgir com índices mais competitivos.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por sua vez, mantém-se na liderança apesar das menções no noticiário recente da Lava Jato.

O Datafolha fez 2.781 entrevistas, em 172 municípios, na quarta (26) e na quinta (27), antes da greve geral de sexta (28). A margem de erro é de dois pontos percentuais.

O deputado Bolsonaro, que tem posições conservadoras e de extrema direita, subiu de 9% para 15% e de 8% para 14% nos dois cenários em que é possível acompanhar a evolução. Nesses e em outros dois com candidatos diversos, Bolsonaro empata com Marina.

Ele é o segundo nome mais lembrado de forma espontânea, com 7%. É menos que os 16% de Lula, mas acima dos 1% dos outros.

Com uma intenção de voto concentrada em jovens instruídos e de maior renda, Bolsonaro se favorece da imagem de "outsider" com baixa rejeição (23%) e do fato de que o Datafolha já registrava em 2014 uma tendência conservadora no eleitorado.

Ele parece ocupar o vácuo deixado por lideranças tradicionais de centro-direita do PSDB, golpeadas na Lava Jato, confirmando a avaliação de que há espaço para candidaturas que se vendam como antipolíticas em 2018.

O senador Aécio Neves (MG), que terminou em segundo em 2014 e hoje é investigado sob suspeita de corrupção e caixa dois, é o exemplo mais eloquente da crise tucana. É tão rejeitado quanto Lula: não votariam nele 44%, contra 30% no levantamento de dezembro passado. Sua intenção de voto oscilou de 11% para 8%, quando era de 26% no fim de 2015.

Já o governador Geraldo Alckmin (SP) viu sua rejeição pular de 17% para 28%, e sua intenção de voto oscilou para baixo, de 8% para 6%. Até a delação da Odebrecht, em que é suspeito de receber R$ 10,7 milhões em caixa dois, ele passava relativamente ao largo da Lava Jato.

Marina, com "recall" de candidata em 2010 e 2014, registra tendência de queda nos cenários de primeiro turno. Para o segundo turno, ela segue na liderança, mas empata tecnicamente com Lula.

O ex-presidente mostra resiliência enquanto surgem relatos de sua relação com a construtora OAS e tendo a possibilidade de ficar inelegível se for condenado em duas instâncias na Lava Jato.

Nos dois cenários aferíveis, suas intenções subiram para 30%, saindo de 25% e 26%.

Lula atinge assim o terço do eleitorado que era considerado, antes da debacle do governo Dilma Rousseff, o piso de saída do PT. Parte do desempenho pode estar associado à vocalização da oposição ao governo Michel Temer (PMDB), impopular.

Já na pesquisa de segundo turno, Lula derrota todos exceto Marina e um nome que não havia sido testado até agora: o do juiz Sergio Moro, que comanda processos contra o ex-presidente na primeira instância da Lava Jato.

Sem partido, Moro supera Lula numericamente, com empate técnico: 42% a 40%. No cenário de primeiro turno em que é incluído, o juiz chega tecnicamente em segundo. Neste cenário, o apresentador Luciano Huck (sem partido, mas sondado pelo Novo), estreia com 3%.

Outro neófito na pesquisa é Doria, que tem tido o nome cada vez mais citado como pré-candidato ao Planalto. Ele ultrapassa seu padrinho Alckmin, ainda que dentro da margem de erro. E tem duas vantagens importantes: ainda não é um nome nacionalmente conhecido e tem baixa rejeição, de 16%.

Na hipótese de ser o candidato tucano com Lula, Doria pontua 9% no quarto lugar. Sem Lula, sobe para 11% mas fica na mesma posição, ultrapassado por Ciro Gomes (PDT) –que tenta se posicionar como nome da esquerda caso o petista não concorra. No segundo turno, Doria perderia para Lula, Marina e Ciro.

Pesquisa do PODER360:

Bolsonaro com 19%, João Doria vai a 13%, e Lula é o mais rejeitado, com 59% (pesquisa feita após delações)

A pesquisa do DataPoder360 é a primeira de abrangência nacional realizada após a divulgação dos vídeos das delações da Odebrecht. O levantamento foi realizado nos dias 16 e 17 de abril. Foram entrevistados 2.058 brasileiros e brasileiras com 16 anos de idade ou mais, em 217 municípios. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

O prefeito de São Paulo JOÃO DÓRIA se torna, a partir de agora, o tucano mais competitivo para a disputa de 2018. Doria tem se recusado a assumir a candidatura publicamente. Mas a pressão tende a aumentar.

Alckmin e Aécio foram citados nas delações da Odebrecht. Ambos negam ter cometido irregularidades, mas o desgaste tem sido intenso por causa da exposição das acusações na mídia.

João Doria não aparece nas delações da Odebrecht.

ONDA CONSERVADORA

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) está bem posicionado nos 3 cenários pesquisados para 2018. Chega a ter 19% das intenções de voto.

O deputado e presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ)André Shalders/Poder360 – 05.dez.2016

Como se observa nas tabelas acima, Bolsonaro só desidrata quando João Doria também entra na disputa. Nessa hipótese, os 2 empatam no 2º lugar, com 14% e 13% das intenções de voto, respectivamente.

Esse empate técnico entre Bolsonaro e Doria é uma indicação sobre como se mexe a onda conservadora que tomou conta de parte do eleitorado. É possível que parte dos eleitores esteja apenas fazendo 1 “pit stop” na candidatura do radical Jair Bolsonaro. Quando aparece alguém menos colérico, o eleitor rapidamente começa a desembarcar do deputado do Partido Social Cristão.

DORIA: DESCONHECIDO POR 53%

O tucano João Doria é o menos conhecido dos principais pré-candidatos a presidente. Segundo o DataPoder360, há 53% dos eleitores que dizem não conhecer o prefeito paulistano.

Essa “taxa de desconhecimento” não deve ser interpretada como algo a favor ou contra. Em teoria, Doria tem espaço para crescer nas preferências do eleitorado quando se tornar mais conhecido. Isso vai depender, entretanto, de seu desempenho como prefeito de São Paulo e de como a conjuntura política será alterada nos próximos meses.

A LIDERANÇA DE LULA E A REJEIÇÃO AO PETISTA

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 71 anos, confirma sua liderança nas projeções para 2018. O petista lidera os 3 cenários testados pelo DataPoder360, com 24% ou 25% das intenções de voto, dependendo de quem são seus adversários.

No início dos anos 2000, o marqueteiro Duda Mendonça formulou a teoria dos 3 terços do eleitorado. Ele dizia que Lula sempre teria 1/3 dos votos. Outros 33% seriam do núcleo duro anti-PT. E o terço final ficaria como 1 pêndulo, flutuando de 1 lado para o outro.

Em 2002, Lula suavizou o discurso, fez uma “carta ao povo brasileiro” (que hoje sabe-se teve colaboração intelectual da Odebrecht), tirou proveito da crise econômica do final do governo FHC. Naquele ano, sob orientação de Duda Mendonça, o ex-líder sindical conseguiu vencer a disputa presidencial conquistando parte do eleitorado que o enxergava de maneira reticente.

Após o impeachment de Dilma Rousseff (em maio de 2016) e com o agravamento da recessão econômica, Lula estava reconstruindo uma ponte com parte do eleitorado que poderia garantir uma nova vitória petista na eleição presidencial de 2018. Agora, há indicações de que o cenário mudou 1 pouco.

Primeiro, o ex-presidente foi o político que teve a maior carga negativa no noticiário das delações da Odebrecht. Segundo, apesar de todas as incertezas políticas sobre a aprovação de reformas, a economia brasileira mostra resiliência e deve terminar o ano com algum crescimento. O fato é que o resultado para Lula é uma rejeição altíssima, com 59% dos eleitores dizendo que tem uma opinião negativa sobre o líder petista.

Neste momento –e pesquisas são fotografias do momento–, há sinais de que a liderança de Lula passa por uma certa inflexão na corrida pelo Palácio do Planalto. Por ora, entretanto, é impossível dizer como o petista estará posicionado em 2018.

E se Lula não puder ser candidato? Essa hipótese existe. Há risco real de o petista vir a ser condenado em 2ª Instância e ficar inelegível. O DataPoder360 indagou os eleitores a respeito: “Se Lula não for candidato a presidente em 2018 e indicar alguém no seu lugar, como você reagiria?”.

As respostas, neste momento, são desalentadoras para o PT. Segundo a pesquisa, 64% “não votariam de jeito nenhum na pessoa indicada por Lula”. Só 18% dariam “com certeza” o voto para o nome sugerido pelo petista, e outros 18% não souberam ou não responderam.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, 64 anos, tem 8% das intenções. O senador mineiro Aécio Neves, 57 anos, fica com 7%. Os 3 tucanos –Doria, Alckmin e Aécio– foram testados em cenários idênticos (contra os mesmos adversários).

Congressistas repercutem ascensão de Doria em pesquisa do DataPoder360

Doria é o tucano mais bem posicionado no levantamento (Lula e Bolsonaro: 1º e 2º colocados em todos os cenários)

O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), 2º colocado em todos os cenários, disse que o PSDB pode impedir Doria de levantar algumas pautas de direita. Ele cita o fim do Estatuto do Desarmamento e o combate à chamada “ideologia de gênero”, por exemplo. Assista à entrevista de Bolsonaro.

Eis a tabela da pesquisa estimulada, com Doria candidato do PSDB à eleição em 2018:

 PSDB NO CONGRESSO:

O líder tucano no Senado, Paulo Bauer (SC), considera Doria uma revelação eleitoral e na gestão pública. “Dentro do partido é muito bom porque temos mais 1 nome. O PSDB é o único partido do Brasil que não para de ter nomes.”

Sobre a alta rejeição a Aécio Neves (MG), o líder afirma que o esforço do senador mineiro para aprovar as reformas do governo “não o coloca em posição de vanguarda”  diante da opinião pública.

O vice-líder da bancada tucana na Câmara, Luiz Carlos Hauly (PR), afirma que o cenário político favorece “alguém como ele [Doria], que começou a vida pública agora”.

Já o aliado do governador Geraldo Alckmin, deputado Miguel Haddad (PSDB-SP), é cauteloso: “Falar em uma sucessão para 2018 agora é futurologia”. Ele cita as investigações da Lava Jato como forte variável para a disputa em 2018: “Se nada for comprovado nas investigações da Lava Jato, amanhã tanto Alckmin como Aécio Neves podem ser candidatos”.

RODRIGO MAIA: POUCAS PALAVRAS

“Pesquisa é pesquisa. Ainda está muito longe”. Esta é a avaliação do presidente da Câmara sobre o levantamento do DataPoder360.

GLEISI HOFFMANN (PT): “QUERIDO DA MÍDIA BRASILEIRA”

A senadora petista opina: “[Doria] é o candidato querido da mídia brasileira, está em todas as mídias, é super paparicado. Vamos ver o que ele entrega ao povo de São Paulo, porque legado ele não tem nenhum”.

Gleisi também falou da alta rejeição do eleitorado ao ex-presidente Lula. Segundo a petista, isso ocorre por causa da “exposição extremamente negativa e de desconstrução de imagem” da mídia. A paranaense citou ainda reportagem do Poder360 sobre o tempo dedicado à lista de Fachin no Jornal Nacional.

CONHEÇA O DATAPODER360

A operação jornalística que comanda o Drive e o site Poder360 lançou neste mês de abril de 2017 uma divisão própria de pesquisas: o DataPoder360.

As sondagens nacionais serão periódicas. Temas de interesse político, econômico e social serão investigados. Tudo com a precisão, seriedade e credibilidade do Poder360.

A aplicação da pesquisa é realizada pelo cientista político Rodolfo Costa Pinto, que tem uma parceria para fazer os levantamentos com exclusividade para o DataPoder360.

Lava Jato fez de 2018 uma loteria sem prêmio (análise de JOSIAS DE SOUZA, do UOL)

 

Escolha sua metáfora para o desafio que o eleitor brasileiro enfrenta na sua tarefa de escolher o próximo presidente da República. Jogar numa loteria sem prêmio talvez seja a descrição mais sintética e adequada. O Datafolha divulga neste domingo dados paradoxais sobre Lula. O governo do pajé do PT é visto como o mais corrupto por 32% do eleitorado. Embora supere até a gestão de Fernando Collor no quesito roubalheira, Lula ampliou sua liderança na corrida presidencial. Jair Bolsonaro, defensor da ditatura militar, cresceu e divide a segunda colocação com Marina Silva.

Quer dizer: o eleitor brasileiro oscila entre o ‘rouba, mas faz’ e o ‘dane-se’. Ou, por outra, o eleitorado se divide entre o lamentável e o impensável. Faltam 17 meses para a disputa presidencial. Uma pesquisa feita com tanta antecedência vale mais pelo que sinaliza do que pelos percentuais que exibe. E o Datafolha sinaliza duas coisas: 1) A Lava Jato desconstruiu a conjuntura política. Gente poderosa tornou-se impotente. 2) Falta matéria-prima para erguer sobre os escombros algo que não se pareça com um novo desastre.

Há cadáveres demais na lista de candidatos. Entre os zumbis estão os tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmin, reduzidos a um dígito. Considerando-se que Lula pode virar um ficha-suja antes de ser formalizado como candidato, o cenário de terra arrasada favorece o surgimento de demagogos. Por ora, quem mais se parece com uma versão nacional de Donald Trump é Bolsonaro. Como alternativas à aventura, há Marina Silva ou o caos —que muita gente acredita ser a mesma coisa. Corre por fora o prefeito paulistano João Doria, que aparece numericamente à frente do padrinho Alckmin.

Livrando-se de uma condenação, o que parece cada vez mais improvável, Lula será o principal adversário de si mesmo. Numa ponta da pesquisa, ele lidera as intenções de voto. Na outra ponta, Lula disputa com o tucano Aécio Neves o título de campeão da rejeição. E ainda está na alça de mira de dois novos delatores —Antonio Palocci e Renato Duque. Moído pela Lava Jato, não terá senão a alternativa de apoiar um outro nome. Se Lula optar por Ciro Gomes, do PDT, pode alçá-lo a um terceiro lugar na pesquisa. Nessa hipótese, a menos que surja alguma novidade, o eleitor ficaria entre o lamentável, o impensável e o imponderável.

Em busca do novo, editorial da FOLHA

Em meio à torrente de escândalos suprapartidários de corrupção, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobrevive à ruína dos políticos tradicionais que ainda aspiram ao Palácio do Planalto.

O petista lidera, com larga vantagem, as intenções de voto para 2018 nos principais cenários de primeiro turno investigados pelo Datafolha. A pesquisa, no entanto, também sugere que ele teria dificuldades de bater em um segundo escrutínio um adversário que tenha escapado da devastação de reputações da elite dirigente.

Os tradicionais contendores tucanos definharam de meados de 2016 para cá. Aécio Neves caiu de 14% para 8% das preferências. Geraldo Alckmin marca 6%.

O prefeito de São Paulo, João Dória, ainda um balão de ensaio, embora deveras inflado, faz melhor figura que seus confrades veteranos, com algo entre 9% e 11%.

Os adversários mais próximos de Lula estão, cada um a seu modo, à margem das investigações da Lava Jato. A depender do cenário, Marina Silva (Rede) ou Jair Bolsonaro (PSC) ocupam o segundo lugar, com cerca de 15% dos votos.

A primeira ampara-se em sua estratégia de afastar sua imagem das práticas políticas cotidianas; o segundo explora o campo aberto a novidades mais radicais à direita -e deve parte de seus índices ao fato de estar há bom tempo em campanha, tal como Lula.

É provável que o ex-presidente beneficie-se da memória de bons anos de crescimento e distribuição de renda durante seu governo. Entre os mais pobres e menos escolarizados, seu nome é preferido por 40%; no Nordeste, são 50%.

No primeiro turno, Lula perde entre os mais abonados, que preferem Bolsonaro. No segundo, aparece em empate técnico com Marina e com o juiz Sergio Moro.

Tais simulações dizem menos sobre a disputa pela Presidência e mais sobre as aspirações de quase metade do eleitorado -procura-se uma alternativa.

Ao lado de Aécio, Lula é o segundo candidato mais rejeitado: 45% dos eleitores nele não votariam de modo algum. Apenas o presidente Michel Temer (PMDB), com 64%, é alvo de repúdio maior.

Desvaneceu-se a já reduzida expectativa que havia em torno de seu governo -tido como ruim ou péssimo por 61% dos entrevistados, contra 31% em julho passado. Seu descrédito iguala-se ao da antecessora, Dilma Rousseff (PT), às vésperas do impeachment.

Os brasileiros mostram-se fartos das crises e seus protagonistas contumazes. Cenários eleitorais, sempre voláteis, tornam-se ainda mais incertos quando parte expressiva do eleitorado parece à espera da revelação do novo.

Cresce percepção de corrupção no governo Lula, mostra Datafolha

IGOR GIELOW
DE SÃO PAULO

Se logrou obter um aumento nas suas intenções de voto na mais recente pesquisa Datafolha, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viu seu governo ser avaliado como o que mais registrou corrupção na história no mesmo levantamento.

Para 32% dos 2.781 ouvidos na quarta (26) e quinta (27), a gestão Lula (2003-2010) foi campeã no quesito. Em fevereiro de 2016, eram 20%; em dezembro de 2015, 17%; e em fevereiro de 2014, só 12%.

Em movimento inverso, a sucessora indicada por Lula, Dilma Rousseff (PT), caiu para o segundo lugar nessa avaliação negativa. Seu governo, eleito em 2010, reeleito em 2014 e impedido em 2016, foi o que mais teve corrupção para 22% dos ouvidos –contra 34% em 2016, 37% em 2015 e 20% em 2014.

Antes paradigma na imagem de corrupção, devido ao impeachment de 1992, a gestão Fernando Collor de Mello hoje é vista como a pior no quesito por 11% dos brasileiros, caindo de 29% em 2014. Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1995-2002) segue com boa avaliação: caiu de 13% em 2014 para 9% agora.

Em 2015, 60% consideravam que o governo Dilma era o que mais tinha investigado corrupção. Lula vinha a seguir, com 10%. Agora, a gestão da petista pontua 48%, com a de seu padrinho político registrando 28%.

O mesmo ocorre na percepção de que os corruptos estão sendo mais punidos. Em 2015, 48% achavam que isso ocorria mais sob Dilma e 7%, sob Lula. Agora são 41% e 16%, respectivamente.

Isso pode significar que um dos pontos de venda do PT, o de que permitiu e estimulou investigações ao garantir a independência do Ministério Público e da Polícia Federal, vem perdendo apelo.

Mas também é preciso considerar que talvez os entrevistados tenham a percepção de que houve mais punição justamente por haver mais casos de corrupção.

Em ambos os quesitos, o tucano FHC fica bem atrás: apenas 2% creem que havia mais investigação e punição durante sua gestão.

CONGRESSO

A imagem da Câmara e do Senado segue ruim, no seu pior nível desde que o Datafolha começou a avaliar legislaturas, em 1990.

Para 58% dos entrevistados, os parlamentares são ruins ou péssimos, enquanto 31% os consideram regulares e apenas 7%, ótimos ou bons. Os índices são os mesmos do levantamento de dezembro passado.

Com Temer rejeitado, 85% defendem eleição direta, aponta Datafolha

IGOR GIELOW
DE SÃO PAULO

A impopularidade do governo Michel Temer (PMDB) cresceu e já é comparável à de sua antecessora, Dilma Rousseff (PT), às vésperas da abertura do processo de impeachment que acabou por cassá-la em 2016.

Segundo pesquisa do Datafolha, a gestão do peemedebista tem 61% de avaliação ruim ou péssima, com 28% a considerando regular e apenas 9%, ótimo ou bom.

Logo antes de a Câmara afastá-la, em abril do ano passado, Dilma tinha 63% de rejeição e 13% de aprovação. Era um número inferior ao recorde da própria petista, o maior aferido pelo instituto desde a redemocratização de 1985: 71% de ruim/péssimo e 8% de ótimo/bom, em agosto de 2015.

Os 9% de aprovação são também similares à taxa de Fernando Collor de Mello antes de ser impedido, em setembro de 1992, embora a reprovação fosse maior (68%).

Quando colocado como eventual candidato à reeleição, Temer vê a rejeição a seu nome subir de 45% para 64% de dezembro para cá.

O presidente já disse ter consciência de sua impopularidade e que aproveita isso para tentar fazer avançar uma agenda de reformas de difícil aprovação popular.

Pontificam neste rol a reforma da Previdência e a trabalhista, ambas tramitando no Congresso e alvo de uma greve na sexta (28). A pesquisa foi feita antes, na quarta e na quinta, ouvindo 2.781 pessoas em 172 municípios, com margem de erro de 2 pontos.

O governo ganhou nota 3 dos entrevistados. Temer é ligeiramente mais bem avaliado no Sul e no Sudeste.

A sondagem averiguou o cenário no qual Temer tem seu mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral, que julga a chapa na qual era vice de Dilma em 2014 sob acusação de abuso do poder econômico.

O julgamento será em maio e, se houver cassação, a Constituição obriga nova eleição pelo Congresso, por estarmos na segunda metade do mandato. Apenas 10% dos ouvidos apoiam isso.

Para 85%, o Congresso deveria aprovar uma mudança constitucional para permitir eleições diretas já.

A deterioração da imagem da Presidência impressiona. De dezembro de 2012, quando a pergunta foi feita pela última vez, para cá, disseram não confiar nela 58% dos ouvidos, contra 18% em 2012. É um índice quase igual ao da confiança no Congresso, historicamente baixa: 57% de "não confio".

Fonte: Folha de S. Paulo (+ UOL)

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