Em audiência pública, produtores rurais pedem urgência na prorrogação dos prazos de reembolso dos financiamentos
Brasília (01/09/2016) – Diversas regiões do país vêm sofrendo com as condições climáticas adversas, responsáveis por prejuízos elevados nas lavouras e na atividade pecuária. Na região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), chuvas abaixo da média dos últimos cincos anos e o excesso de calor prejudicaram significativamente as lavouras de algodão, milho e soja. Na Bahia, a produção de algodão caiu 35,8% em relação à safra 2014/2015, 88% no Piauí e 28,1% em Tocantins. A produção de milho reduziu em 48,8% no Tocantins, 40,2% no Maranhão, 30,2% no Piauí e 40,7% na Bahia. Da mesma forma, as perdas na produção de soja ultrapassam 25% em cada um dos quatro estados, alcançando 64,8% no Piauí.
Os estados de Sergipe, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul também tiveram perdas consideráveis na produção de grãos e algodão devido à estiagem a partir de fevereiro desse ano. No Espírito Santo, produtores perderam a plantação de café em decorrência da seca, nessa última safra. Essas ocorrências marcam negativamente a produtividade das culturas e preocupam os produtores da região, que se dizem desamparados, com a perda das lavouras, a falta de acesso ao crédito rural e a renegociação de suas dívidas.
Para discutir os entraves na renegociação dos prazos para reembolso do crédito rural e no acesso ao crédito para a safra 2016/2017, a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Capadr), da Câmara dos Deputados, realizou nesta terça-feira (30/08), uma audiência pública junto com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Na reunião, a CNA reforçou a urgência no voto do Conselho Monetário Nacional (CMN) que possibilite a renegociação dos prazos para reembolso do crédito de custeio e investimento para os produtores atingidos pelas condições climáticas adversas na última safra. De acordo com a presidente do Sindicato Rural do Município de Luís Eduardo Magalhães (Bahia), Carminha Maria Missio, que representou a CNA na audiência, é impossível fazer agricultura no Brasil sem estar de mãos dadas com as instituições financeiras. “A situação é preocupante, temos de correr para viabilizar a renegociação desses produtores que perderam grande parte ou toda a sua produção na safra 2015/2016. Caso contrário, vamos reduzir substancialmente a produção na safra em curso”, frisou.
Em sua apresentação, Carminha mostrou dados do Banco Central, que apontam que o montante de crédito rural contratado em julho de 2016 foi de R$ 9,7 bilhões, valor 33,2% inferior ao contratado em julho de 2015. A maior redução foi na liberação dos recursos a juros controlados, queda de 41,8% na comparação entre os meses de julho de 2015 e julho de 2016, enquanto os recursos não controlados aumentaram 40,3% no mesmo período de comparação.
Para a representante da CNA, recursos mais caros estão sendo disponibilizados em maior escala, o que complica muito a situação dos produtores. Carminha pediu aos parlamentares e outros presentes na reunião urgência na aprovação do voto do CMN que viabilize a renegociação. “É urgente. Nós não temos mais 90 dias. A safra está em andamento. O negócio é trabalhar, produzir. Os produtores não querem deixar de pagar a conta. Precisamos estruturar, com a necessária urgência, a possibilidade de pagamento dos custeios da safra 2015/2016 nessas regiões ao longo das próximas safras”. finalizou.