Prates diz que deixa Petrobras em condição melhor do que recebeu empresa
Por Rodrigo Viga Gair
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ex-presidente-executivo da Petrobras Jean Paul Prates disse nesta quarta-feira, ao sair da sede da empresa, que está deixando a petroleira em uma condição melhor do que recebeu a companhia quando tomou posse como CEO no início de 2023.
Em entrevista a jornalistas na porta da sede da Petrobras, no centro do Rio de Janeiro, Prates disse que a empresa está com uma política de preços ajeitada e a reindustrialização encaminhada na áreas de refino, fertilizantes e na indústria naval.
"Sem dúvida nenhuma, deixamos uma empresa melhor, bem melhor“, disse ele a repórteres após deixar a sede da empresa sob aplausos e afagos de funcionários que o aguardavam para a despedida.
Durante sua gestão, Prates pôs fim à política de paridade de preços internacionais da Petrobras e a empresa passou a adotar uma nova política comercial, como prometido na campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A antiga política de preços tinha representado problemas em governos passados para o Palácio do Planalto sempre que a Petrobras tinha que promover aumentos.
“A gente deixou uma política de preços que o presidente (Lula) pediu, disse que ia abrasileirar os preços. O mercado entendeu, a gente conseguiu explicar isso e mostrou que a Petrobras consegue fazer esses preços sem perder dinheiro“, afirmou.
Prates deixou o comando da companhia após decisão de Lula. O governo informou que vai indicar para a posição a ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) Magda Chambriard. Ela e Prates atuaram juntos na transição de governo após a eleição presidencial de 2022.
"Mudamos a política de preços e de dividendos, que eram as duas coisas que a gente tinha temor em relação ao valor da empresa. Conseguimos entregar com a ação subindo“, afirmou Prates.
Nesta quarta-feira, após o anúncio da saída de Prates, a Petrobras chegou a perder quase 50 bilhões de reais em valor de mercado com um tombo em suas ações.
Prates deixou a sede da empresa pouco depois do fim da reunião do conselho de administração que sacramentou sua saída. O ex-presidente, visivelmente abalado, disse que não tem planos para o futuro.
Ex-senador, ele é filiado ao PT e abriu mão da candidatura ao governo do Estado do Rio Grande do Norte em 2022 para atuar, a pedido de Lula, na campanha do petista à Presidência naquele ano.
Ao ser questionado se permaneceria no PT após a decepção pela demissão, Prates disse apenas que não vai tomar qualquer decisão agora.
"Tomaram essa decisão (demissão), agora vou pensar“ afirmou. “Não sei os planos agora, tenho que trabalhar por que não sou rico nem fiquei rico“.
A mudança na Petrobras ocorreu após Prates ter ficado ameaçado de demissão em algumas oportunidades, na mais recente delas depois de um embate público com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre os dividendos extraordinários.
Prates também sofreu críticas e pressões públicas para que a Petrobras investisse mais em gás natural e acelerasse investimentos de interesse do governo, como o setor de fertilizantes e indústria naval.