Petróleo atinge máxima de 10 meses com sauditas e russos estendendo cortes de oferta
Por Shariq Khan
BANGALORE (Reuters) - Os preços do petróleo subiram cerca de 2% nesta terça-feira para o maior valor desde novembro, depois que a Arábia Saudita e a Rússia anunciaram uma nova extensão de seus cortes voluntários de oferta até o fim do ano, preocupando investidores com potencial escassez durante o pico de demanda no inverno.
Os contratos futuros do petróleo Brent subiam 1%, próximos de 90 dólares por barril.
A referência global, usada para precificar mais de três quartos do petróleo negociado no mundo, chegou a 91,15 dólares por barril mais cedo na sessão, o nível mais alto desde 17 de novembro.
Enquanto isso, os contratos futuros do petróleo West Texas Intermediate (WTI), negociados nos EUA, subiam cerca de 1,3%, para 86,57 dólares/barril, após também alcançarem uma máxima de 10 meses de 88,07 dólares mais cedo na sessão.
Os investidores esperavam que a Arábia Saudita e a Rússia estendessem os cortes voluntários até outubro, mas a prorrogação de três meses foi inesperada.
"Certamente o mercado foi pego de surpresa pela agressividade da postura deles", disse John Kilduff, sócio da Again Capital LLC em Nova York.
Tanto a Arábia Saudita quanto a Rússia afirmaram que vão revisar mensalmente os cortes de fornecimento e poderão modificá-los dependendo das condições de mercado.
"Com a extensão dos cortes de produção, antecipamos um déficit de mercado de mais de 1,5 milhão de barris por dia no quarto trimestre de 2023", escreveu o analista da UBS, Giovanni Staunovo, em uma nota a clientes. A UBS agora espera que o petróleo Brent atinja 95 dólares por barril até o final do ano.
Refletindo preocupações sobre a oferta de curto prazo no mercado, os contratos do Brent e do WTI para o mês à frente também estavam sendo negociados com o maior prêmio em relação aos contratos para datas posteriores desde novembro. Essa estrutura, chamada de backwardation, indica um aperto no fornecimento para entregas imediatas.
Também dando suporte aos preços do petróleo na terça-feira, o Goldman Sachs afirmou que agora vê a probabilidade de uma recessão nos Estados Unidos começar nos próximos 12 meses em 15%, abaixo da previsão anterior de 20%.
Juntamente com os cortes de fornecimento da Arábia Saudita, que começaram em julho, as perspectivas de a economia dos EUA evitar uma recessão severa ajudaram a impulsionar a demanda e os preços do petróleo nos últimos meses.
Tanto os futuros do Brent quanto do WTI subiram mais de 20% desde o final de junho.
(Reportagem de Shariq Khan; reportagem adicional de Natalie Grover, Katya Golubkova e Andrew Hayley)