Cortes da Opep+ podem empurrar petróleo a US$100/barril, dizem analistas
Por Muyu Xu e Joyce Lee
CINGAPURA/SEUL (Reuters) - Os surpreendentes cortes adicionais de produção do grupo Opep+ podem empurrar os preços do petróleo para 100 dólares o barril, apertar o mercado e as margens das refinarias, disseram analistas e operadores.
Os preços do petróleo saltaram mais de 5 dólares o barril nesta segunda-feira, depois que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, incluindo a Rússia, anunciaram novos cortes na produção de cerca de 1,16 milhão de barris por dia (bpd) de maio até o resto do ano.
As promessas elevarão o volume total de cortes do grupo conhecido como Opep+ desde novembro para 3,66 milhões de bpd, segundo cálculos da Reuters, o equivalente a 3,7% da demanda global.
Esperava-se que a Opep+ mantivesse a produção estável este ano, já tendo cortado 2 milhões de bpd em novembro de 2022.
A Rystad Energy disse acreditar que os cortes aumentarão o aperto no mercado de petróleo e elevarão os preços acima de 100 dólares o barril pelo resto do ano, possivelmente levando o Brent tão alto quanto 110 dólares.
O UBS também espera que o Brent chegue a 100 dólares até junho, enquanto o Goldman Sachs elevou sua previsão de dezembro em 5 dólares, para 95 dólares.
O Goldman disse que as liberações de reservas estratégicas de petróleo (SPR) nos Estados Unidos e na França, devido a greves em andamento, bem como a recusa de Washington em reabastecer seu SPR no ano fiscal de 2023, podem ter motivado a ação da Opep+.
Um funcionário de uma refinaria sul-coreana disse que o corte era uma "má notícia" para os compradores de petróleo e que a Opep estava tentando "proteger seus lucros" contra as preocupações de uma desaceleração econômica global.
O corte na oferta aumentaria os preços da mesma forma que as economias enfraquecidas deprimem a demanda e os preços dos combustíveis, espremendo os lucros das refinarias, disseram o funcionário do refino sul-coreano e um operador chinês.
Ambos se recusaram a ser identificados, pois não estavam autorizados a falar com a mídia.
A Arábia Saudita disse que seu corte voluntário na produção foi uma medida de precaução destinada a apoiar a estabilidade do mercado.
(Reportagem de Muyu Xu e Florence Tan em Cingapura, Joyce Lee em Seul, Andrew Hayley em Pequim, Mohi Narayan em Nova Delhi, Yuka Obayashi em Tóquio e Ahmad Ghaddar em Londres)