Desvio de petróleo russo após sanções da UE deve ampliar obstáculos ao transporte
Por Jeslyn Lerh e Emily Chow
CINGAPURA (Reuters) - Os mercados de petróleo estão se preparando para a maior mudança nos fluxos comerciais globais de todos os tempos, já que quase 3 milhões de barris por dia de petróleo e derivados russos terão que ser desviados para mercados fora da Europa e de economias avançadas quando as sanções da União Europeia entrarem em vigor nos próximos meses, disseram executivos da Vitol.
A União Europeia vai proibir as importações de petróleo russo em 5 de dezembro e derivados em 5 de fevereiro, privando a Rússia das receitas do petróleo e forçando um dos maiores produtores e exportadores do mundo a buscar mercados alternativos.
As nações do Grupo dos Sete, lideradas pelos Estados Unidos, planejam manter o petróleo russo acessível e minimizar as interrupções no fornecimento que podem causar o aumento das cotações impondo um teto de preço às exportações russas.
O CEO da Vitol, Russell Hardy, disse que o petróleo russo seria redirecionado para a Ásia e o Oriente Médio, enquanto a produção asiática seria exportada para a Europa, como resultado das mudanças nos fluxos comerciais.
No entanto, cerca de 2 milhões de barris por dia (bpd) de petróleo russo e 1 milhão de bpd de derivados terão que ser encaminhados para outro lugar, sobrecarregando o setor de transporte, disse o chefe global de pesquisa da Vitol, Giovanni Serio, durante a conferência APPEC 2022.
A viagem média para as exportações de petróleo russo para a Europa é de cerca de sete dias e, se a exportação chegar à Ásia, será três vezes mais longa, com 21 dias, disse ele.
Isso corresponde a um aumento de quase 3% na atividade de transporte medido em toneladas-milhas, disse ele.
Um dos principais desafios enfrentados pelas tradings será a escassez de navios Aframax menores, necessários para carregar petróleo dos portos russos, disse Serio.
Os gargalos são agravados pelas sanções que afetam as companhias de navegação europeias, seguradoras e prestadores de serviços financeiros, impedindo-os de se envolverem no comércio de petróleo russo para outras regiões, acrescentou.
(Reportagem de Jeslyn Lerh, Chen Aizhu e Emily Chow)