CEO da Petrobras pede demissão; diretor de produção assumirá interinamente
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras informou nesta segunda-feira que José Mauro Coelho pediu demissão do cargo de presidente-executivo da empresa nesta manhã, após protestos do presidente Jair Bolsonaro e de membros do Parlamento que ficaram mais fortes depois de um reajuste nos preços dos combustíveis anunciado na última sexta-feira.
A companhia disse ainda que o diretor-executivo de Exploração e Produção, Fernando Borges, foi nomeado como presidente interinamente.
Em outro comunicado, a companhia disse que Coelho também renunciou ao posto ocupado no conselho.
Normalmente, CEOs da Petrobras são eleitos antes como conselheiros em assembleias de acionistas. Mas, segundo duas fontes próximas à empresa, a vaga de presidente-executivo poderia, neste caso, ser ocupada por um indicado pelo governo, desde que o nome seja aprovado pelo comitê de integridade e também eleito pelo conselho.
Se assim for, o movimento poderia em tese acelerar mudanças na Petrobras, uma vez que o governo já indicou Caio Paes de Andrade, alto funcionário do Ministério da Economia, para o principal cargo da companhia.
A Petrobras não deu detalhes dos próximos passos. Procurada, não comentou o assunto imediatamente.
"O Zé Mauro estava na berlinda, já estava demitido, mas ainda no cargo. A renúncia põe mais pressão no jogo", disse o analista Pedro Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
"O governo corre por um lado para acelerar mudanças e por outro a Petrobras, para não deixar vacância", comentou Rodrigues.
A renúncia de Coelho havia sido antecipada pelo jornal O Globo, com base em relatos de membros do conselho de administração da Petrobras que conversaram com o executivo durante o fim de semana.
A saída do presidente ocorre em meio à crescente pressão sobre a Petrobras, especialmente após o reajuste dos preços do diesel e da gasolina anunciado na sexta-feira, que provocou forte reação de políticos.
Coelho chegou à presidência da estatal no início de abril, mas deixa a empresa cerca de dois meses depois, após o governo decidir indicar Andrade para CEO.
Coelho é o terceiro presidente da Petrobras a deixar o comando em um contexto de insatisfação do governo com a política de preços da estatal. Ele sucedeu o general da reserva Joaquim Silva e Luna e Roberto Castello Branco, que caíram após críticas do presidente Jair Bolsonaro sobre alta nos preços de combustíveis.
(Por Letícia Fucuchima e Rodrigo Viga Gaier no Rio de Janeiro)