EUA perguntaram se Petrobras poderia aumentar produção de petróleo; empresa negou, dizem fontes

Publicado em 10/05/2022 09:18

Por Gabriel Stargardter e Gram Slattery e Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Em março, autoridades do governo dos Estados Unidos perguntaram à Petrobras se a estatal poderia aumentar a produção de petróleo depois que a invasão da Ucrânia pela Rússia elevou os preços globais, disseram três pessoas com conhecimento do assunto à Reuters.

Eles voltaram de mãos vazias, segundo as fontes.

Funcionários da Petrobras disseram que os níveis de produção eram uma função da estratégia de negócios e não da diplomacia e também que um aumento significativo da produção no curto prazo não seria logisticamente possível, disseram as fontes.

"Estamos fazendo todo o possível com nossos aliados e parceiros para mitigar os impactos econômicos das ações russas em outras economias como o Brasil", disse um porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos em um comunicado à Reuters.

"Estamos trabalhando com as empresas de energia para aumentar sua capacidade de fornecer energia ao mercado, principalmente à medida que os preços aumentam."

O porta-voz não elaborou ou comentou especificamente sobre a reunião de março com executivos da Petrobras.

A Petrobras negou em comunicado que tenha ocorrido qualquer reunião com "representantes do Departamento de Estado dos EUA". A companhia não respondeu a um pedido de comentário quando perguntada se havia sido contatada por qualquer outro departamento do governo dos EUA.

Washington vem fazendo um amplo esforço diplomático para garantir o fornecimento global de petróleo e manter os preços sob controle após a invasão da Ucrânia por Moscou. Autoridades norte-americanas também vêm tentando melhorar as relações com o governo de direita do presidente Jair Bolsonaro, apesar das divergências sobre a guerra na Ucrânia e a política ambiental.

O Brasil é o nono maior produtor de petróleo do mundo.

As autoridades dos EUA também pediram aos produtores domésticos que aumentem a produção. Em março, a secretária de Energia dos EUA, Jennifer Granholm, disse que o país está em "corrida de guerra".

Também em março, autoridades dos EUA viajaram para a Venezuela para suas primeiras conversas bilaterais de alto nível em anos. Os lados discutiram a flexibilização de algumas sanções petrolíferas à Venezuela.

O ministro de Minas e Energia do Brasil, Bento Albuquerque, disse à Reuters em abril que se reuniu com Granholm duas vezes para discutir o papel do país sul-americano em manter os preços globais do petróleo sob controle. Alguns detalhes das conversas surgiram mais tarde.

Durante uma reunião em março, as autoridades norte-americanas perguntaram à Petrobras se a empresa tinha capacidade para aumentar a produção no curto prazo, de acordo com fontes do governo dos EUA e da Petrobras, que pediram anonimato para discutir conversas privadas.

Uma das fontes disse que os contatos iniciais foram feitos entre os governos brasileiro e dos EUA, e funcionários da Petrobras foram consultados em uma reunião de acompanhamento "informal".

Os funcionários da Petrobras responderam que tal movimento não estava na mesa devido a objetivos estratégicos e obstáculos logísticos, disseram as três fontes.

Esses funcionários acrescentaram, no entanto, que a Petrobras está aumentando a produção de médio prazo como parte de um plano anunciado para adicionar 500.000 barris por dia de produção de petróleo até 2026.

Os executivos da Petrobras insistem que ela opera independentemente do governo, mas o Estado brasileiro é de longe seu maior acionista.

Fonte: Reuters

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