Petroleira chinesa CNOOC prepara saída do Ocidente por medo de sanções
Por Ron Bousso e Chen Aizhu
LONDRES/SINGAPURA (Reuters) - Maior produtora offshore de petróleo e gás da China, a CNOOC Ltd. está se preparando para sair de suas operações no Reino Unido, Canadá e Estados Unidos, devido a preocupações em Pequim de que os ativos possam ficar sujeitos a sanções ocidentais, disseram fontes da indústria.
Os laços entre a China e o Ocidente estão tensos há muito tempo em razão de questões comerciais e de direitos humanos, e a tensão cresceu após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a qual a China se recusou a condenar.
Os Estados Unidos disseram na semana passada que a China pode enfrentar consequências se ajudar a Rússia a evitar sanções ocidentais que incluem medidas financeiras que restringem o acesso da Rússia a moeda estrangeira e dificultam o processamento de pagamentos internacionais.
A CNOOC não comentou imediatamente.
As empresas fazem revisões periódicas de seus portfólios, mas a saída que está sendo preparada ocorreria menos de uma década depois que a estatal CNOOC entrou nos três países por meio de uma aquisição de 15 bilhões de dólares da canadense Nexen, um acordo que transformou a campeã chinesa em uma grande produtora global.
Os ativos, que incluem participações em grandes campos no Mar do Norte, Golfo do México e grandes projetos canadenses de areias betuminosas, produzem cerca de 220.000 barris de óleo equivalente por dia (boed), segundo cálculos da Reuters.
No mês passado, a Reuters informou que a CNOOC havia contratado o Bank of America para se preparar para a venda de seus ativos no Mar do Norte, que incluem uma participação em um dos maiores campos da bacia.
A CNOOC lançou uma revisão de portfólio global antes de sua listagem pública planejada na bolsa de Xangai no final deste mês, que visa principalmente explorar financiamento alternativo após a deslistagem da empresa nos EUA em outubro passado, disseram as fontes.
A CNOOC também está aproveitando a alta nos preços do petróleo e do gás, impulsionada pela invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro, e espera atrair compradores à medida que os países ocidentais buscam desenvolver a produção doméstica para substituir a energia russa.
Conforme prepara sua saída do Ocidente, a CNOOC busca adquirir novos ativos na América Latina e na África, e também quer priorizar o desenvolvimento de grandes e novas perspectivas no Brasil, Guiana e Uganda, disseram as fontes.
Todas as fontes falaram sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto.