UE precisa impor sanções ao petróleo russo, dizem ministros a bloco dividido
Por Sabine Siebold e Ingrid Melander
BRUXELAS (Reuters) - A União Europeia deve intensificar as sanções à Rússia para atingir seu lucrativo setor de energia, disseram os ministros das Relações Exteriores da Lituânia e da Irlanda nesta segunda-feira, no início de uma semana de intensa diplomacia com o objetivo de aprovar mais medidas contra Moscou.
A União Europeia e seus aliados ocidentais já impuseram uma série de sanções contra a Rússia por sua invasão da Ucrânia, incluindo o congelamento dos ativos de seu banco central.
A crise humanitária na cidade portuária sitiada de Mariupol está aumentando a pressão sobre a Europa para fazer mais.
"Olhando para a extensão da destruição na Ucrânia agora, é muito difícil argumentar que não deveríamos entrar no setor de energia, particularmente petróleo e carvão", disse o ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Simon Coveney, antes de uma reunião de ministros da UE.
Mas mirar o petróleo russo, como os Estados Unidos e o Reino Unido fizeram, é uma escolha difícil e divisiva para os 27 países da UE, que dependem da Rússia para 40% de seu gás.
Diplomatas disseram à Reuters que os países bálticos, incluindo a Lituânia, estão pressionando por um embargo como o próximo passo lógico, enquanto a Alemanha, que depende muito do gás russo, está alertando para não agir rápido demais por causa dos já altos preços da energia na Europa.
"É inevitável que comecemos a falar sobre o setor de energia, e definitivamente podemos falar sobre petróleo porque é a maior receita do orçamento da Rússia", disse o ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, afirmou que "as fotos que nos chegam da Ucrânia são de partir o coração".
"Isso deixa ainda mais claro que a UE, que o mundo que acredita em uma ordem baseada em regras, têm que isolar esse regime", disse ela ao chegar à reunião da UE. Mas ela se recusou a responder a uma pergunta sobre o que poderia desencadear sanções ao setor de energia da Rússia.
Diplomatas têm dito que um ataque russo de armas químicas na Ucrânia, ou um pesado bombardeio da capital Kiev, pode ser um gatilho para um embargo ao setor russo de energia.
A própria Rússia alertou que sanções da UE ao petróleo russo podem levá-la a fechar um gasoduto para a Europa.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chega a Bruxelas na quinta-feira para conversar com 30 aliados da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a UE, e um formato do Grupo dos Sete (G7), incluindo o Japão, para endurecer a resposta do Ocidente a Moscou.