Gigantes asiáticos avaliam liberar reservas de petróleo após pedido dos EUA
Por Heekyong Yang e Aaron Sheldrick
TÓQUIO (Reuters) - As maiores economias do mundo disseram nesta quinta-feira que avaliam liberar petróleo de suas reservas estratégicas, após um raro pedido dos Estados Unidos de uma ação coordenada para esfriar os preços globais de energia.
A medida dos EUA reflete a frustração com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados como a Rússia, que rejeitaram os pedidos de Washington para acelerar a produção de petróleo enquanto a economia mundial se recupera da pandemia.
Isso também ocorre no momento em que o presidente dos EUA, Joe Biden, lida com pressão política antes das eleições de meio de mandato no próximo ano, devido ao aumento dos preços da gasolina e outros custos impulsionados pela recuperação.
O governo Biden pediu que grandes compradores de petróleo como Índia e Japão --bem como a China pela primeira vez-- considerassem a liberação de estoques de petróleo bruto, disseram à Reuters várias pessoas familiarizadas com os pedidos.
Os preços do petróleo caíram cerca de 4%, para uma mínima de seis semanas na quarta-feira, após relatos da Reuters sobre o pedido dos EUA e a decisão da China de liberar algum petróleo.
"O Brent está agora com menos de 80 dólares", disse John Driscoll, diretor-gerente da consultoria JTD Energy em Cingapura. "Está tendo um efeito de curto prazo nos mercados de petróleo. Provavelmente é bom para pelo menos uma correção de 5%."
O bureau de reservas estatais da China disse à Reuters que está trabalhando na liberação de suas reservas de petróleo bruto, embora não tenha feito comentários sobre o pedido dos EUA.
Um funcionário do ministério da indústria japonês disse que Washington solicitou a cooperação de Tóquio para lidar com a alta dos preços do petróleo, mas não pôde confirmar se o pedido incluía uma liberação coordenada de reservas.
Por lei, o Japão não pode liberar reservas para reduzir preços, disse o funcionário.
DESAFIO SEM PRECEDENTE
Uma autoridade sul-coreana confirmou que os Estados Unidos pediram a Seul que liberasse algumas reservas de petróleo.
"Estamos revisando exaustivamente o pedido dos EUA, no entanto, não liberamos as reservas de petróleo por causa da alta dos preços do petróleo. Poderíamos liberar as reservas de petróleo em caso de desequilíbrio na oferta, mas não para responder à alta dos preços do petróleo", disse o funcionário.
Os Estados Unidos e seus aliados já coordenaram a liberação de reservas estratégicas de petróleo antes, como em 2011, quando o abastecimento foi atingido por uma guerra na Líbia, membro da Opep.
Mas, como a proposta atual envolve a China pela primeira vez, ela representa um desafio sem precedentes para a Opep, o cartel que influencia os preços do petróleo há mais de cinco décadas.
Se a China estiver se movimentando em coordenação com outras nações, será a primeira vez, disse Sengyick Tee, analista da consultoria SIA Energy, de Pequim.
A China lançou seu primeiro leilão público de reservas estatais de petróleo bruto para um seleto grupo de refinadores domésticos em setembro, com o objetivo de estabilizar os preços da energia.
Biden e seus principais assessores discutiram a possibilidade de uma liberação coordenada de petróleo armazenado com aliados próximos, incluindo Japão, Coreia do Sul e Índia, bem como com a China, nas últimas semanas, disseram fontes à Reuters anteriormente.
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