Impasse na Opep+ gera risco de guerra de preços do petróleo, diz IEA
O impasse nas negociações entre grandes produtores de petróleo para um aumento na oferta pode se deteriorar para uma guerra de preços, justamente em momento em que a demanda pela commodity cresce diante do avanço da vacinação contra a Covid-19, disse a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) nesta terça-feira.
A preocupação da agência sediada em Paris com a oferta escassa de petróleo ocorre menos de dois meses depois de a entidade ter publicado um relatório em que alertava que investidores não devem financiar novos projetos de petróleo, gás e carvão se quiserem atingir emissões líquidas zero até meados do século.
"A possibilidade de uma batalha por fatias do mercado, ainda que remota, tem pairado sobre os mercados, assim como o potencial de que altos preços de combustíveis alimentem a inflação e prejudiquem uma já frágil recuperação econômica", disse a IEA.
"O impasse da Opep+ significa que, até que um acordo possa ser atingido, as cotas de produção permanecerão nos níveis de julho. Nesse caso, os mercados de petróleo ficarão significativamente mais apertados, à medida que a demanda se recupera da queda induzida pela Covid no ano passado", acrescentou a agência em relatório mensal.
Na semana passada, uma discordância entre Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos fizeram a Opep+, que reúne a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Rússia e outros países produtores, a abandonar negociações sobre um possível aumento de produção após dias de conversas.
Embora o aumento no número de casos de coronavírus em alguns países continue sendo um risco negativo importante, disse a IEA, os níveis de armazenamento de petróleo na maior parte dos países desenvolvidos caíram para patamar muito inferior às médias históricas, e as quedas nos estoques da commodity neste outono (do Hemisfério Norte) deverão ser as maiores em pelo menos uma década.
"Os mercados de petróleo devem permanecer voláteis até que haja clareza sobre a política de produção da Opep+. E a volatilidade não ajuda a garantir transações ordenadas e seguras de energia --nem é do interesse de produtores ou consumidores", acrescentou a IEA.