Petrobras amplia prazo para cálculo da paridade de combustível, dizem fontes
Por Sabrina Valle
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras ampliou recentemente para um ano o prazo em que a empresa calcula a paridade internacional de preços dos combustíveis, disseram duas pessoas familiarizadas com a decisão.
A mudança no prazo, que anteriormente era de três meses, aplica-se tanto ao diesel quanto à gasolina, como forma de evitar transferir a volatilidade dos preços internacionais para os consumidores, disseram as pessoas, que não quiseram ser citadas porque a informação não é pública.
A Petrobras não comentou o assunto imediatamente. É a primeira vez desde 2019 que o período utilizado internamente pela Petrobras para cálculo da flutuação de preços é tornado público.
As ações da Petrobras, que subiram 3% a maior parte do dia, reduziram ganhos e operavam perto de uma estabilidade após a publicação da reportagem.
A mudança foi feita na segunda metade de dezembro, disseram as pessoas, e aconteceu em meio a ameaças de caminhoneiros de fazer greve nacional contra a alta do diesel.
A empresa não se pronuncia sobre a periodicidade desde 2019.Em 17 de dezembro, o presidente Jair Bolsonaro disse em uma transmissão ao vivo pela internet que ligou para o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, para entender por que os preços do diesel subiram, e que ele estava fazendo o possível para ajudar os caminhoneiros.
Castello Branco disse na semana passada que as demandas dos caminhoneiros não são problema da Petrobras. O presidente da empresa diz ser contra reajustes diários de combustíveis.
Em 2018, o então presidente da Petrobras Pedro Parente renunciou após uma greve de caminhoneiros, descontentes com a política de reajustes diários da empresa.
Se caminhoneiros reclamam do valor do diesel, de outro lado importadores privados dizem que a Petrobras está vendendo combustíveis com prejuízo, dificultando suas importações, uma alegação que a Petrobras nega.
A Petrobras não divulga os detalhes de seu método de cálculo da paridade, que inclui variáveis como preço do petróleo, câmbio e custo até o ponto de venda.
A nova política dá à Petrobras mais tempo antes de fechar as contas sobre o impacto contábil das oscilações de preços internacionais, dando-lhe flexibilidade para manter seus preços nas refinarias por um período mais longo sem registrar prejuízo.
Isso não impede a empresa de ajustar os preços para cima ou para baixo a qualquer momento.
Bolsonaro disse nesta sexta-feira que nunca atuou para interferir nos preços dos combustíveis da Petrobras.
Nesta sexta-feira, Castello Branco disse que o governo federal nunca interferiu em políticas de preços de combustíveis da Petrobras ou assuntos internos da empresa.