Milho: Plantações têm perda total

Publicado em 11/03/2010 08:29
Crato. Perda total de plantações ou prejuízos acima de 50% nos cultivos de milho, feijão e pequenas culturas como jerimum e melancia são registrados por equipes dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STRs) na região do Cariri. Os sindicalistas estão visitando todos os plantios da região com o objetivo de elaborar um relatório com os índices de perda em cada lavoura. No município do Crato, três equipes foram deslocadas para o campo. O resultado conclusivo da avaliação será entregue nos escritórios da Ematerce que, por sua vez, está fazendo uma pesquisa quinzenal dos prejuízos causados pela falta de chuvas na região.

Estes relatórios serão entregues à Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), a quem cabe definir se a seca está caracterizada na região. A Ematerce prefere não se pronunciar sobre as informações colhidas. No entanto, os sindicalistas, com base no levantamento feito até agora, calculam que a perda é superior a 50%. Mesmo que chova de hoje para amanhã, eles não alteram esta avaliação. Em alguns municípios, como Brejo Santo e Porteiras, a perda é total.

A reportagem acompanhou uma das equipes aos distritos de Bela Vista e Ponta da Serra, no município do Crato. O quadro é triste. Em algumas roças, a perda é de 100%. O agricultor Cícero Ferreira da Silva, conhecido por "Cícero Pequeno", mostrou o plantio de feijão e milho totalmente perdido. O mesmo ocorreu com Cícero Nonato da Silva. Até os jerimuns e melancias murcharam com a falta de chuvas.

Na Ponta da Serra, o quadro é de cortar coração, define o sindicalista Deocleciano Ferreira da Silva, integrante da equipe de pesquisa. Ali, o agricultor Antônio Xenofonte de Souza já perdeu um plantio de feijão e milho. Está tentando salvar, pelo menos, a metade do segundo plantio. Mas o legume está morrendo. Ele esperava colher 30 sacos de feijão. "Talvez não colha um", lamenta.

A secretária de Políticas Agrícolas do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brejo Santo, Fabiana Novais, diz que, nos municípios de Brejo Santo e Porteiras a perda é total. "Aqui não houve safra", complementa. "Na cidade de Mauriti, maior produtor de milho da região, o prejuízo não tem tamanho. Aqui não se aproveita nada", diz a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mauriti, Maria Aparecida Bernardo.

Em Santana do Cariri, município que apresenta maior índice de produtividade de milho do Cariri, 7 mil quilos por hectares, não tem safra. "Se chover de hoje para amanhã, pode ser que sobre alguma coisa do feijão", diz o secretário de Políticas Agrárias, Antônio Eudes do Nascimento. "O milho está perdido", reafirma ele.

O coordenador de Desenvolvimento da Agricultura Familiar da SDA, Itamar Lemos, já afirmou que a safra agrícola de 2010 já está prejudicada. "Os produtores do Cariri, área que responde por mais de 50% do plantio de milho, feijão e arroz, contabilizam prejuízos", disse. "Mas, de um modo geral, apenas 16% do total a ser cultivado foi plantado até agora".

Abaixo da média

A Funceme prevê precipitações 45% abaixo da média histórica, mas, se chover a partir da segunda quinzena de março, talvez viabilize uma safra razoável. Para Lemos, "esse fenômeno de aquecimento da temperatura das águas do Oceano Atlântico, não favorecendo o deslocamento da Zona de Convergência Intertropical que, somada à existência do El Niño, influencia no volume de chuvas no Estado. Diante deste cenário, estamos aconselhando os agricultores a aguardarem o início da plantação e observarem as orientações relacionadas à adubação como o uso de material orgânico".

No Cariri, a maioria dos agricultores não quer correr o risco de um segundo plantio. Grande parte das terras agricultáveis não foi ocupada porque as chuvas não foram suficientes para a germinação das sementes. Ao fazer esta observação, o secretário do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato, Zilcélio Ferreira, avalia que este quadro vai refletir negativamente nos benefícios do Seguro safra. De acordo com a nova orientação, quem não plantou não tem direito ao Seguro Safra, um programa que oferece uma renda mínima aos agricultores de base familiar que tenham perdido mais de 50% do seu plantio por excesso ou falta de chuvas.

No Crato, por exemplo, 2.800 agricultores participam do Seguro Safra. Cada um vai receber R$ 550,00, divididos em cinco parcelas de $$ 110,00. No caso de confirmação da perda acima de 50%, estes trabalhadores terão direito ao benefício. Alguns trabalhadores estão devolvendo a semente nos escritórios da Ematerce. O beneficiário da subvenção ao prêmio do seguro rural é o produtor rural, pessoa física ou jurídica, adimplente com a União, conforme disposto na legislação em vigor, que contrate seguro rural nas modalidades amparadas pela subvenção, conforme definido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Em municípios da Zona Norte, a situação também é de seca verde. A última chuva registrada em Sobral foi ainda no fim de janeiro. Existem outras cidades onde também não chove há mais de um mês.

As últimas precipitações melhores só foram observadas nos municípios da Serra da Meruoca. Apesar dos reservatórios estarem com a capacidade normal ou até acima da média, não está tendo água suficiente para sustentar as primeiras plantações na região Norte, nos cultivos que não são irrigados.

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Fonte: Diário do Nordeste

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