INTERNACIONAL: China deve tornar-se importadora de milho em 2018
A nação, que hoje é exportadora de milho, deve começar a comprar o grão a partir de 2018, já que o governo dá prioridade para o aumento da produção de arroz e de trigo, que são os alimentos base de sua população de 1,3 bilhões de habitantes, segundo Ken Ash, diretor de comércio e agricultura da OECD.
O milho avançou para cotações recordes no ano passado, quando a demanda do grão para ração animal e produção de biocombustíveis aumentou. As empresas japonesas como a Sojitz Corp. estão planejando diversificar as fontes de abastecimento para os países da ex-União Soviética e para a América do Sul, na esperança de que a China se torne um comprador de milho dos Estados Unidos.
“Eu acredito que a China se torne um importador de milho dentro de cinco anos, a menos que os preços do grão subam a níveis que irão incentivar os produtores locais a aumentarem a produção”, disse Ruan Wei, pesquisador sênior do Instituto de Pesquisas Norinchuki, em Tóquio.
O milho para março na Bolsa de Chicago subiu 0,3% para US$ 3,845 o bushel às 10h30, no horário de Tóquio. No mercado futuro, atingiu a maior alta de todos os tempo no dia 27 de junho de 2008, chegando a US$ 7,9925.
A China deve importar em média 2 milhões de toneladas de milho ao ano, enquanto o Japão importa 16 milhões de toneladas, de acordo com Ash.
“Em médio prazo, a China irá se tornar uma importadora ‘modesta’ de milho... Suas compras ainda não terão impacto no mercado global”.
Embarques da China
Os chineses devem exportar 500 mil toneladas de milho no ano comercial de 2009/10, de acordo com o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). O volume é 91% menor que as exportações do país em 2006/07, que teve volume de 5,27 milhões de toneladas.
De acordo com Wei, do Instituto Norinchukin, as importações poderão alcançar de 5 a 7 milhões de toneladas em 2014, já que a China precisará de milho para a produção de ração, adoçantes, biocombustíveis e outras aplicações industriais.
A China irá continuar a ser exportadora de trigo, vendendo de 1 a 2 milhões de toneladas anualmente no mercado global, segundo Ash. A nação continuará a exportar arroz, com 2 a 3 milhões de toneladas ao ano.
“A China parece estar tentando usar suas terras disponíveis, água e outros recursos de maneira a manter um certo nível de produção e não depender muito no mercado mundial”, disse Ash. “Se a China for recorrer muito ao mercado mundial os preços irão disparar e a China entende isso”.
Geneticamente modificado
A China aprovou variedades de arroz e de milho geneticamente modificados para a produção e o uso, de acordo com o Ministério da Agricultura do país. Ainda são necessárias mais aprovações para que as safras possam ser desenvolvidas comercialmente.
Fernanda Bellei
Fonte: Bloomberg