Consórcio entre milho e braquiária é uma das alternativas para driblar a oscilação do clima no campo

Publicado em 30/11/2023 13:30
Pesquisador apresentou a alternativa durante o XVII Seminário Nacional de Milho Safrinha

Com o desafio do clima, o produtor rural precisa aprimorar suas práticas de produção a cada safra, como também, analisar as alternativas que oferecem o melhor resultado genético em seu planejamento para a próxima safrinha. Esse tem sido um dos principais temas do XVII Seminário Nacional de Milho Safrinha - Preservar e Produzir, evento organizado pela Fundação MS, que aconteceu de 28 a 30 de novembro, pela primeira vez em Campo Grande (MS).

“Clima sempre foi um desafio ao produtor rural, porém, vimos recentemente informação do Observatório Europeu que considerou 2023 como o ano mais quente dos últimos 125 mil anos”, informa André Figueiredo, engenheiro agrônomo e diretor técnico da KWS Sementes América do Sul, que foi palestrante do evento. Ele contextualiza ainda, que um estudo analisou as 95 culturas mais relevantes para a segurança alimentar em todo o mundo. E, devido as mudanças climáticas, 45 dessas sofrerão um alto impacto produtivo nas próximas três décadas.

“Nesse cenário, existem dois fatores para o produtor rural, que é estar atento a oferta de híbridos com melhoramento genético, como também alternativas de manejo”, diz Figueiredo. Com alternativa cita o consórcio milho e braquiária como prática agronômica para melhoria de pontos físicos, químicos e biológicos do solo.

“Entendemos que o consórcio milho e braquiária será uma ferramenta indispensável para que o agricultor consiga mitigar as oscilações de clima e efeitos climáticos”, comenta o especialista. Esse consórcio permite especialmente a formação de uma palhada de cobertura que diminui o impacto da chuva no solo, como também erosão, além de reduzir a temperatura do solo. “Há um grande impacto no desenvolvimento das raízes do milho, o que está diretamente relacionado com seu resultado produtivo”, afirma.

Todas as alternativas sugeridas durante o evento, a fim de mitigar o efeito do clima nas lavouras, passam pela pesquisa. Segundo o diretor executivo da Fundação MS, Alex Melotto, em Mato Grosso do Sul há muitas áreas para expansão agrícola, que geram oportunidades com um o sistema de produção bem desenvolvido. O volume de tecnologia disponível é grande, então tem muita pesquisa, muitos resultados, isso tudo faz com que o agricultor tenha as ferramentas que precisa, na mão, pra fazer um bom milho safrinha, por exemplo.

“O insumo mais importante do nosso sistema é água, o nosso principal desafio é a janela fértil, a dificuldade é a chuva disponível para essa cultura, e em algumas regiões do Estado, temos de lidar com a geada. Então ter um bom manejo de variedades de soja e de milho para conseguir plantar o material certo, na hora certa, no local certo, é fundamental para o sucesso da cultura”, explica Melotto.

Para o agrônomo e gerente da Unidade Copasul de Deodápolis, Murilo Barbosa, a safrinha de Mato Grosso do Sul, vem evoluindo muito nos últimos dez anos, e entre as alternativas para driblar a oscilação climática, está a construção do perfil de solo. “Um dos motivos é a melhora da fertilidade do solo, em que o produtor vem buscando maiores investimentos, já que o milho se trata de uma cultura muito exigente em fertilidade do solo e exige um bom manejo nutricional de adubação dentro do sistema. Então, o produtor vem se tecnificando. Antigamente a gente plantava milho safrinha para colher 50 sacas, 60 sacas, 80 sacas em um ano bom. Hoje tem muito produtor fechando 120 a 140 sacas por hectares, em grandes áreas. O patamar de nível de produtividade e evolução dos últimos anos aumentou muito”.

Ele complementa sinalizando que dentro da Copasul, haviam cooperados que só plantavam soja, e desconsideravam o milho por não se viabilizar altas produtividade. “E devido a todo um trabalho da construção de perfil de solo, uso de plantas de cobertura, rotação de culturas e consorciação ao longo dos anos, hoje é possível vencer os desafios da região sul do estado, as adversidades climáticas e colher acima de 100 ou 120 sacas por hectare. Algumas dessas áreas há pouco tempo eram improdutivas para milho”.

Dentro desse cenário de desafios ao agricultor, o diretor executivo da Fundação MS confirma que o XVII Seminário Nacional do Milho Safrinha, contribuirá positivamente para planejamento da safrinha 2024.  “O Seminário está extremamente focado, com uma programação muito completa, e tem uma peculiaridade que é grande o número de agricultores na plateia, e satisfeitos com o conteúdo apresentado para eles, dizendo que podem transferir isso para as suas propriedades, que vão melhorar as ferramentas de manejo e gestão das propriedades com conteúdo aplicado no Seminário.

O XVII Seminário Nacional de Milho Safrinha Preservar e Produzir é realizado pela Fundação MS, com promoção ABMS, apoio científico da Embrapa e correalização da AprosojaMS.

Fonte: Fundação MS

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