Com desvalorização de quase 20%, milho fecha abril negativo na B3

Publicado em 28/04/2023 16:52
Chicago encerra mês acumulando perda de 8%

A sexta-feira (28) chega ao final com os preços futuros do milho movimentações negativas para a maior parte das cotações na Bolsa Brasileira (B3). As principais posições flutuaram na faixa entre R$ 63,12 e R$ 67,40 e acumularam desvalorizações semanais e mensais. 

O vencimento maio/23 foi cotado à R$ 65,25 com alta de 1,40%, o julho/23 valeu R$ 63,12 com perda de 0,32%, o setembro/23 foi negociado por R$ 64,81 com queda de 0,77% e o novembro/23 teve valor de R$ 67,40 com baixa de 0,88%. 

No acumulado da semana, os preços do milho brasileiro recuaram 2,20% para o maio/23, de 5,23% para o julho/23, de 4,14% para o setembro/23 e de 2,88% para o novembro/23, em relação ao fechamento da última quinta-feira (20). 

Já na comparação mensal, os contratos do milho na B3 acumularam em abril, desvalorização de 18,02% para o maio/23, de 19,90% para o julho/23, de 17,52% para o setembro/23 e de 16,94% para o novembro/23, em relação ao fechamento do dia 31 de março. 

Na visão do Consultor de Grãos e Projetos da Agrifatto, Stefan Podsclan, o mercado ainda não encontrou seu fundo e novas desvalorizações devem acontecer daqui para frente.  O especialista cita o sentimento do mercado de que haverá uma grande oferta de milho entrando na segunda safra brasileira, estimada entre 95 e 100 milhões de toneladas, como o fator principal de pressão dos preços.  

O analista de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, destaca que mais duas semanas de chuvas praticamente garantem a produtividade de todas as lavouras dos estados centrais, restando apenas a safra do Paraná com risco de geada até o final de maio. 

No mercado físico brasileiro, o preço da saca de milho também teve uma jornada negativa nesta sexta-feira. O levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas encontrou valorização apenas no Porto de Santos/SP. Já as desvalorizações apareceram em Não-Me-Toque/RS, Ubiratã/PR, Londrina/PR, Cascavel/PR, Marechal Cândido Rondon/PR, Pato Branco/PR, Palma Sola/SC, Rondonópolis/MT, Primavera do Leste/MT, Alto Garças/MT, Itiquira/MT, Sorriso/MT, São Gabriel do Oeste/MS, Maracaju/MS, Capo Grande/MS, Eldorado/MS, Machado/MG e Cândido Mota/SP. 

Confira como ficaram todas as cotações nesta sexta-feira

De acordo com a SAFRAS & Mercado, o mês de abril está próximo do final e indica um forte quadro de desvalorização no valor médio da saca de milho no Brasil, de 17,5%. “O cereal esteve pressionado ao longo de todo o mês, por conta do bom volume de oferta disponibilizado por parte dos produtores na tentativa de encontrar espaços nos armazéns para estocar a safra de soja”. 

A análise da SAFRAS ainda destaca que, “na ponta compradora, os consumidores seguiram retraídos, adquirindo apenas pequenos volumes, tentando forçar quedas adicionais nas cotações”.  

Para os analistas da SAFRAS & Mercado, “o clima favorecendo um bom desenvolvimento da safrinha até o momento e a ausência de maiores preocupações com geadas, pelo menos nas próximas duas semanas, deixam os compradores ainda mais tranquilos, apostando em uma grande oferta de milho que entrará no mercado na metade do ano”. 

Mercado Externo 

Na Bolsa de Chicago (CBOT) os preços internacionais do milho futuro tiveram uma sexta-feira de movimentações em campo misto, com as primeiras posições avançando e as do segundo semestre recuando. 

O vencimento maio/23 foi cotado à US$ 6,36 com elevação de 9,00 pontos, o julho/23 valeu US$ 5,85 com ganho de 3,50 pontos, o setembro/23 foi negociado por US$ 5,28 com queda de 2,00 pontos e o dezembro/23 teve valor de US$ 5,27 com perda de 3,00 pontos. 

Esses índices representaram altas, em relação ao fechamento da última quinta-feira (27), de 1,44% para o maio/23 e de 0,69% para o julho/23, além de baixa de 0,38% para o setembro/23 e de 0,57% para o dezembro/23. 

No acumulado da semana, os preços do milho norte-americano se desvalorizaram 4,07% para o maio/23, de 4,88% para o julho/23, de 4,35% para o setembro/23 e de 3,83% para o dezembro/23, em relação ao fechamento da última sexta-feira (21). 

Já na comparação mensal, os contratos do milho na CBOT acumularam em abril, perdas de 3,64% para o maio/23, de 8,02% para o julho/23, de 8,49% para o setembro/23 e de 6,89% para o dezembro/23, em relação ao fechamento do dia 31 de março. 

Segundo informações do site internacional Successful Farming, os contratos futuros de milho foram controlados pelas forças negativas dos cancelamentos de milho chinês anunciadas esta semana.  

“O milho de julho está agora no nível mais baixo desde julho passado. O milho de dezembro se estabeleceu abaixo das mínimas de julho de 2022 e no nível mais baixo desde janeiro de 2022. Os indicadores de impulso estão se aproximando dos níveis mais baixos vistos desde julho passado, então há um potencial de que estejamos nos aproximando de uma baixa de primavera”, relata o analista Bob Linneman. 

A publicação destaca que, o cancelamento de exportações foi o principal catalizador das movimentações negativas. “Os traders estão preocupados que possamos ver mais do mesmo em um futuro próximo, já que o milho proveniente da América do Sul está consideravelmente mais barato no momento”, diz Linnman. 

Por: Guilherme Dorigatti
Fonte: Notícias Agrícolas

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