Ao longo da semana, milho despencou 3% na B3 com entrada da safra verão e queda do dólar
A sexta-feira (27) chega ao final com os preços futuros do milho contabilizando novas movimentações negativas na Bolsa Brasileira (B3). As principais cotações flutuaram na faixa entre R$ 85,85 e R$ 88,14 e acumularam recuos semanais de até 3%.
O vencimento março/23 foi cotado à R$ 87,74 com desvalorização de 1,25%, o maio/23 valeu R$ 88,14 com baixa de 1,07%, o julho/23 foi negociado por R$ 86,10 com perda de 0,92% e o setembro/23 teve valor de R$ 85,85 com queda de 0,75%.
No acumulado semanal, os contratos do cereal brasileiro acumularam desvalorizações de 3,05% para o março/23, de 1,52% para o maio/23, de 1,71% para o julho/23 e de 1,55% para o setembro/23, com relação ao fechamento da última sexta-feira (20).
O analista de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, explica que as cotações do milho na B3 estão sendo pressionadas por dois fatores principais, a entrada de volumes da safra de verão no mercado e as recentes quedas do dólar ante ao real.
“A entrada da safra de verão pressiona o mercado e isso é normal. Temos problemas concentrados no Rio Grande do Sul, enquanto Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais está com safra dentro da normalidade. Tem perdas, mas não são expressivas a nível Brasil. O outro (fator) que pesa muito na formação de preço do milho é dólar, que desceu da casa dos R$ 5,40 para baixo dos R$ 5,10 e isso fez o milho cair na B3 de R$ 90,00 para esse patamar de agora”, diz.
A expectativa de Brandalizze é que, ao longo de 2023, os preços do milho no Brasil fiquem dentro do patamar de R$ 84,00 e R$ 90,00, com poucas flutuações e mercado favorável ao produtor. “É um ano bom novamente”.
No mercado físico brasileiro, o preço da saca de milho também teve um último dia da semana negativo. O levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas identificou valorização apenas em Tangará da Serra/MT e Campo Novo do Parecis/MT. Já as desvalorizações apareceram nas praças de Castro/PR, Palma Sola/SC, Dourados/MS, São Gabriel do Oeste/MS, Maracaju/MS e Campo Grande/MS.
Confira como ficaram todas as cotações nesta sexta-feira
De acordo com a análise diária da Agrifatto Consultoria, “o milho vai sentindo a pressão da queda do dólar e recuo da demanda no mercado físico brasileiro, em Campinas/SP, o cereal fecha a quinta-feira próximo dos R$ 85,00/sc”.
Na visão da SAFRAS & Mercado, o mercado de milho pode voltar a trabalhar com preços mais altos nos meses de fevereiro e março. “Esse movimento deve levar em conta o ritmo ainda bastante fraco da colheita da soja, que tende a evoluir nos próximos meses, concentrando as atividades de logística e diminuindo a disponibilidade de fretes para outras culturas”, explica.
A consultoria destaca que, ao longo da semana, “o mercado de milho apresentou um cenário de leve melhora na oferta no oeste do Paraná, mas o ritmo de negócios evoluiu pouco. Já em São Paulo, o ritmo de comercialização seguiu bastante travado”.
Segundo SAFRAS, as indústrias consumidoras permanecem com uma postura retraída nas aquisições, mesmo com o surgimento de algumas ofertas regionais, subestimando, principalmente, o elevado fluxo de exportação no ano comercial que se encerra no final de janeiro, com embarques acima de 48 milhões de toneladas.
Mercado Externo
A Bolsa de Chicago (CBOT) encerrou as atividades desta sexta-feira com os preços internacionais do milho futuro levemente recuados, em sua maioria.
O vencimento março/23 foi cotado à US$ 6,83 com alta de 0,50 pontos, o maio/23 valeu US$ 6,80 com estabilidade, o julho/23 foi negociado por US$ 6,65 com queda de 2,25 pontos e o setembro/23 teve valor de US$ 6,03 com perda de 3,50 pontos.
Esses valores representaram ganho, com relação ao fechamento da última quinta-feira (26), de 0,15% para o março/23 e estabilidade para o maio/23, além de baixa de 0,45% para o julho/23 e de 0,66% para o setembro/23.
No acumulado semanal, os contratos do cereal norte-americano acumularam elevação de 1,04% para o março/23, de 0,89% para o maio/23 e de 0,30% para o julho/23, além de baixa e de 1,15% para o setembro/23, com relação ao fechamento da última sexta-feira (20).
Segundo informações da Agência Reuters, os contratos futuros do milho em Chicago caíram acompanhando a soja, influenciada pela expectativa de que chuvas na Argentina possam impulsionar o potencial desta safra, e o trigo, que teve realização de lucros.
“Chuvas recentes trouxeram alívio extremamente necessário para grande parte das terras agrícolas secas da Argentina, com as próximas chuvas esperadas para ajudar ainda mais os agricultores na fase de plantio em meio a uma seca histórica”, aponta Mark Weinraub da Reuters Chicago.