Clima e Ucrânia empurram e milho sobe mais de 3% em Chicago nesta 2ªfeira
A segunda-feira (25) chega ao final com os preços futuros do milho se sustentando no campo positivo da Bolsa Brasileira (B3). As principais cotações contabilizaram movimentações na faixa entre R$ 83,90 e R$ 89,75.
O vencimento setembro/22 foi cotado à R$ 83,90 com valorização de 0,97%, o novembro/22 valeu R$ 86,31 com alta de 0,84%, o janeiro/23 foi negociado por R$ 88,45 com elevação de 0,45% e o março/23 teve valor de R$ 89,75 com ganho de 0,79%.
Para o analista de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, começam a aparecer oportunidades para o produtor brasileiro fechar vendas de milho no curto prazo com recebimento no longo prazo, com patamar de preços de R$ 92,00 para entrega agora e recebimento em janeiro.
“Uma boa fatia do produtor hoje está bem capitalizado e tem a questão do Imposto de Renda, tudo que o produtor vender e faturar agora tem que pagar Imposto. Como o custo está gigantesco e não se sabe se vai haver margem de lucro, ele joga o que pode de faturamento para o ano que vem para tentar amortizar essa questão de tributação. Se não no ano que vem ele só paga imposto e não sobra margem”, explica Brandalizze.
Até este momento do mês de julho, o Brasil exportou 2.871.101,5 toneladas de milho não moído (exceto milho doce), de acordo com o relatório divulgado pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, por meio da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Sendo assim, o volume acumulado nos 16 primeiros dias úteis do mês já representa 44,17% a mais do total de 1.991.369 toneladas que foram exportadas durante todo o mês de julho de 2021.
No mesmo período, o Brasil importou 215.465,7 toneladas de milho. Isso significa que, nos 16 primeiros dias úteis do mês, o país já recebeu 49,3% a mais de tudo o que foi registrado na totalidade de julho de 2021 (144.316,6 toneladas). Sendo assim, a média diária de importação foi de 13.466,6 toneladas contra 6.559,8 do mesmo mês do ano passado, aumento de 105,3%.
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No mercado físico brasileiro, o preço da saca de milho teve um dia de altos e baixos. O levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas encontrou desvalorizações nas praças de Ponta Grossa/PR, Cascavel/PR, Machado/MG e Porto de Santos/SP. Já as valorizações apareceram em Ubiratã/PR, Marechal Cândido Rondon/PR, Pato Branco/PR, Rio Verde/GO, Maracaju/MS, Campo Grande/MS e Eldorado/MS.
Confira como ficaram todas as cotações nesta segunda-feira
De acordo com a análise da Agrifatto Consultoria, “no mercado físico, os compradores seguem distantes das negociações visando melhores patamares, pressionando os preços da saca em Campinas/SP para próximo de R$ 80,50”.
Ainda nesta segunda-feira, o Cepea divulgou sua nota semanal apontando que, as cotações do milho seguiram recuando nos mercados interno e externo na última semana. Na região de Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa voltou para a casa dos R$ 80/saca de 60 kg, fechando a sexta-feira, 22, a R$ 80,06/sc, queda de 2,9% em relação ao dia 15 e o menor valor nominal desde 30 de dezembro de 2020.
Segundo pesquisadores do Cepea, as desvalorizações estão atreladas ao avanço da colheita da segunda safra, que tem mantido consumidores retraídos, apostando em maiores desvalorizações. “Além disso, a melhora do clima nos Estados Unidos pressionou os vencimentos futuros, o que reduziu os valores nos portos brasileiros. Compradores também estão atentos à limitação de armazenagem – relatos já indicam armazéns lotados no Sudeste e produto a céu aberto no Centro-Oeste, cenário que pode reduzir a qualidade do grão”.
Mercado Externo
A segunda-feira altista também esteve presente na Bolsa de Chicago (CBOT) com os preços internacionais do milho futuro operando em campo positivo ao longo de todo o pregão.
O vencimento setembro/22 foi cotado à US$ 5,80 com elevação de 15,75 pontos, o dezembro/22 valeu US$ 5,83 com ganho de 19,50 pontos, o março/23 foi negociado por US$ 5,90 com valorização de 19,75 pontos e o maio/23 teve valor de US$ 5,95 com alta de 19,50 pontos.
Esses índices representaram elevações, com relação ao fechamento da última sexta-feira (22), de 2,84% para o setembro/22, de 3,37% para o dezembro/22, de 3,33% para o março/23 e de 3,48% para o maio/23.
Segundo informações da Agência Reuters, os futuros de milho seguiram o trigo, apoiados por previsões de clima quente e seco em partes do Centro-Oeste dos Estados Unidos durante estágios cruciais de desenvolvimento.
Nos Estados Unidos, as chuvas recentes aplacaram os temores de estresse nas colheitas, embora o retorno ao clima quente e seco durante a polinização crucial do milho e o desenvolvimento das vagens de soja tenha adicionado um novo apoio aos mercados.
“Assim que passarmos das vagens no feijão, polinização no milho, a situação pode mudar. Nós caímos muito. Para encontrar alguma estabilidade e colocar um pequeno prêmio climático de volta no mercado, não acho que deva ser uma grande surpresa”, disse Jack Scoville, analista de mercado do Price Futures Group.
Além disso, os mercados caíram na semana passada depois que Rússia, Ucrânia, Nações Unidas e Turquia assinaram o acordo na sexta-feira para reabrir três portos ucranianos do Mar Negro para exportações de grãos, embora um ataque russo com mísseis em Odesa tenha criado ceticismo.
Moscou ignorou as preocupações de que o acordo poderia ser descarrilado, dizendo que visava apenas a infraestrutura militar. A Ucrânia denunciou o ataque como uma demonstração de que Moscou não é confiável.
A Ucrânia disse que está avançando com os esforços para reiniciar as exportações e que o primeiro embarque de grãos sob o acordo pode ocorrer nesta semana.
“Eles estão tentando nos dizer que, mesmo com a Rússia atacando seus portos logo após o acordo, que isso não afetará nada. Acho difícil de acreditar”, disse Karl Setzer, analista de risco de commodities da Agrivisor.