Milho encerra semana recuando 4,4% e B3 deixa os R$ 90,00 nesta sexta-feira
A sexta-feira (01) chega ao final com os preços futuros do milho contabilizando novos recuos na Bolsa Brasileira (B3).
O vencimento maio/22 foi cotado à R$ 89,29 com desvalorização de 2,30%, o julho/22 valeu R$ 88,90 com queda de 1,66%, o setembro/22 foi negociado por R$ 88,00 com perda de 1,60% e o novembro/22 teve valor de R$ 90,60 com baixa de 1,36%.
Na comparação semanal, os contratos futuros brasileiros acumularam desvalorizações de 4,42% para o maio/22, de 2,74% para o julho/22, de 2,59% para o setembro/22 e de 2,19% para o novembro/22, ante ao fechamento da última sexta-feira (25).
Para o analista de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, a B3 refletiu a situação do câmbio com o dólar em queda ante ao real e a pressão de baixa no mercado nacional com a safrinha andando e chegando mais próxima da colheita.
“A B3 perdeu os R$ 90,00 novamente porque os portos, que ontem chegaram a R$ 90,00 ou R$ 92,00, hoje se fala em R$ 88,00, então mercado recuando também nos portos com a pressão do dólar. O mercado de exportação acredita que um dólar frágil pode trazer ainda mais pressão de baixa com a safrinha se aproximando”, diz.
Leia mais:
+ Milho: 2022 /23 será nova temporada de preços firmes, mas Brasil tem de estar atento ao câmbio
O Brasil exportou 14.278,9 toneladas de milho não moído (exceto milho doce) nos 22 dias úteis, de acordo com o relatório divulgado pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, por meio da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Sendo assim, o volume acumulado neste período corresponde à apenas 4,88% das 292.013,2 toneladas que foram exportadas durante todo o mês de março de 2021.
No mesmo período, o país importou 116.672,5 toneladas de milho, recendo assim 2,69% a mais do que foi registrado em março de 2021 (113.612,8 toneladas).
Leia mais:
+ Importação de milho em março de 2022 cresceu 2,69% com relação ao volume de março de 2021
No mercado físico brasileiro, o preço da saca de milho também teve mais quedas do que elevações neste último dia da semana. O levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas encontrou valorizações apenas nas praças de Rio Verde/GO e Amambai/MS. Já as desvalorizações apareceram em Não-Me-Toque/RS, Panambi/RS, Ubiratã/RS, Londrina/PR, Marechal Cândido Rondon/PR, Pato Branco/PR, Brasília/DF, Eldorado/MS e Luís Eduardo Magalhães/BA.
Confira como ficaram todas as cotações nesta sexta-feira
De acordo com a análise diária da Agrifatto Consultoria, “demanda reage e saca em Campinas/SP registra valorização, sendo negociada próxima dos R$93,50”.
Na visão da SAFRAS & Mercado, o mercado brasileiro de milho apresentou queda nos preços em março. “A oferta aumentou bastante ao longo do mês pela decisão de venda do produtor, para honrar compromissos financeiros, preferindo segurar a soja”.
A consultoria completa apontando que, essas quedas ocorreram mesmo com uma oferta apertada e movimento interessante para exportação para entrega em abril e maio. “A questão é que o produtor está mantendo estocada a soja e negocia mesmo o cereal neste momento”.
Por outro lado, a comercialização está lenta da safrinha que será colhida no segundo semestre, e a expectativa é de uma colheita recorde. O consultor de SAFRAS & Mercado, Paulo Molinari, destaca que o país precisará de fortes volumes de exportação, de 35 a 40 milhões de toneladas, se for confirmada essa safrinha “gigante”.
Nova estimativa divulgada por SAFRAS & Mercado elevou a produção brasileira de milho em 2021/22 para 118,155 milhões de toneladas. O volume supera as 91,469 milhões de toneladas colhidas na temporada 2020/21. De acordo com Molinari, houve um incremento em relação às 115,678 milhões de toneladas previstas no relatório anterior, divulgado em fevereiro, após ajustes para cima nos números da safra de verão e da perspectiva de uma produção ainda maior na safrinha.
Mercado Externo
A Bolsa de Chicago (CBOT) finalizou o último da semana registrando flutuações em campo misto para os preços internacionais do milho futuro.
O vencimento maio/22 foi cotado à US$ 7,35 com desvalorização de 13,75 pontos, o julho/22 valeu US$ 7,21 com perda de 11,25 pontos, o setembro/22 foi negociado por US$ 6,96 com queda de 0,25 pontos e o dezembro/22 teve valor de US$ 6,88 com elevação de 4,25 pontos.
Esses índices representaram baixas, com relação ao fechamento da última quinta-feira (31), de 1,74% para o maio/22 e de 1,64% para o julho/22, estabilidade para o setembro/22 e ganho de 0,73% para o dezembro/22.
Já na comparação semanal, os contratos futuros norte-americanos acumularam perdas de 2,52% para o maio/22 e de 1,77% para o julho/22, além de ganhos 1,61% para o setembro/22 e de 2,84% para o dezembro/22, ante ao fechamento da última sexta-feira (25).
Segundo informações da Agência Reuters, os futuros de milho foram mistos, com o contrato da frente de maio na CBOT cedendo em vendas técnicas e simpatia pela soja, mas meses adiados, incluindo o contrato de dezembro, representando a safra de 2022, subindo para as máximas da vida do contrato devido a preocupações de uma queda nas plantações de milho nos Estados Unidos.
A publicação destaca que, traders observaram vendas seguidas depois que o USDA projetou na quinta-feira que os agricultores dos EUA plantariam 91 milhões de acres (36,8 milhões de hectares) de soja na primavera, a maior quantidade já registrada, reduzindo a área plantada de milho para 89,5 milhões de acres, uma queda de 4% em relação ao ano passado.
“A mudança pronunciada na área plantada de milho para soja provavelmente se deve ao forte aumento nos preços dos fertilizantes”, disse o Commerzbank.