Milho: Bolsas recuam 3% nesta terça-feira para cotações futuras
A terça-feira (29) chega ao fim com grandes recuos dos preços futuros do milho na Bolsa Brasileira (B3).
O vencimento maio/22 foi cotado à R$ 86,42 com desvalorização de 3,81%, o julho/22 valeu R$ 86,27 com queda de 3,18%, o setembro/22 foi negociado por R$ 85,10 com perda de 2,93% e o novembro/22 teve valor de R$ 87,81 com baixa de 2,43%.
Para o analista de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, a B3 abaixo de R$ 90,00 está dentro da linha do dólar, que recua e dá pressão de baixa fazendo as cotações nos portos ficarem entre R$ 85,00 e R$ 88,00 para julho e R$ 92,00 somente em dezembro.
“O milho está perdendo mais em cima do próprio dólar do que efetivamente de Chicago. Chicago recuou, mas a pressão mais forte que o milho está sentindo é o dólar caindo e recuando nos portos”, diz.
No mercado físico brasileiro, o preço da saca de milho também recuou neste segundo dia da semana. O levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas não encontrou valorizações em nenhuma das praças, mas identificou desvalorizações em Não-Me-Toque/RS, Panambi/RS, Ubiratã/PR, Londrina/PR, Cascavel/PR, Marechal Cândido Rondon/PR, Rio do Sul/SC, Jataí/GO, Rio Verde/GO, Dourados/MS, São Gabriel do Oeste/MS, Eldorado/MS, Amambai/MS, Cândido Mota/SP, Itapetininga/SP, Campinas/SP e Porto de Santos/SP.
Confira como ficaram todas as cotações nesta terça-feira
De acordo a análise diária da Agrifatto Consultoria, “sem compradores ativos, o mercado físico do milho recua forte, levando a saca R$ 96,50/sc em Campinas/SP. Refletindo o mercado doméstico e cenário internacional, os futuros na B3 registraram fortes perdas”.
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Na visão da SAFRAS & Mercado, o mercado brasileiro de milho deve registrou preços em queda nesta terça-feira, já que a estratégia dos produtores em segurar a soja e ofertar maiores volumes do cereal prossegue. Além disso, tanto o dólar quanto a Bolsa de Chicago recuam, o que deve contribuir para limitar os negócios no Brasil.
“O mercado brasileiro de milho manteve a trajetória de baixa nas cotações neste começo de semana. Segue a pressão de venda dos produtores, com preços de balcão cedendo forte no Paraná e São Paulo, especialmente”, destaca o analista de SAFRAS & Mercado, Paulo Molinari.
Mercado Externo
A Bolsa de Chicago (CBOT) também acumulou grandes desvalorizações com os preços internacionais do milho futuro despencando nesta terça-feira.
O vencimento maio/22 foi cotado à US$ 7,26 com desvalorização de 22,25 pontos, o julho/22 valeu US$ 7,08 com baixa de 22,00 pontos, o setembro/22 foi negociado por US$ 6,66 com queda de 15,00 pontos e o dezembro/22 teve valor de US$ 6,52 com perda de 11,75 pontos.
Esses índices representaram desvalorizações, com relação ao fechamento da última segunda-feira (28), de 2,94% para o maio/22, de 3,01% para o julho/22, de 2,20% para o setembro/22 e de 1,81% para o dezembro/22.
Segundo informações da Agência Reuters, os futuros de milho dos Estados Unidos caíram mais de 3% no final do pregão de terça-feira, com comentários de Rússia e Ucrânia após negociações na Turquia aumentando as esperanças de um cessar-fogo em um conflito que interrompeu as exportações massivas de grãos por meio do Região do Mar Negro.
“A Rússia prometeu reduzir as operações militares em torno da capital e do norte da Ucrânia, enquanto Kiev propôs a adoção do status neutro, em passos de construção de confiança que foram os primeiros sinais de progresso na negociação da paz”, destaca Julie Ingwersen da Reuters Chicago.
Jack Scoville, analista de mercado do Price Futures Group em Chicago, ainda ressalta que, os futuros de grãos caíram junto com o petróleo bruto em uma "reação instintiva" a essas manchetes. Mas o trigo e o milho reduziram as perdas, pois alguns investidores viram uma oportunidade de compra, uma vez que a oferta global de grãos estava diminuindo mesmo antes do início da invasão da Rússia.
“Estávamos nitidamente mais altos por causa desta guerra, e agora talvez a guerra esteja indo embora, então estamos refazendo um pouco. Mas isso não muda o fato de que ainda é uma situação geral apertada lá fora", disse Scoville.
Apesar desses recuos, Vlamir Brandalizze considera que as cotações do cereal norte-americano seguem positivas no mercado. “Mesmo com toda essa queda, o milho em Chicago ainda está bem. As cotações acima de US$ 7,00 nas posições maio e julho e acima de US$ 6,00 nas posições até o final do ano são muito boas. Isso talvez venha estimular o produtor americano a plantar a mesma área de milho do ano passado. Se voltarmos há um ano, o milho era US$ 4,00 o bushel e hoje está mais de 50% acima”, conclui.