B3 tem mais um dia de quedas e milho perde os R$ 90,00 nesta segunda-feira
A segunda-feira (28) chega ao final com os preços futuros do milho consolidando suas movimentações negativas na Bolsa Brasileira (B3), que começou a semana despencando.
O vencimento maio/22 foi cotado à R$ 89,84 com desvalorização de 3,83%, o julho/22 valeu R$ 89,10 com perda de 2,52%, o setembro/22 foi negociado por R$ 87,67 com baixa de 2,96% e o novembro/22 teve valor de R$ 90,00 com queda de 2,84%.
Para o analista de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, a safrinha está andando bem e tudo indica que teremos uma superprodução. “Nessa condição o mercado sabe que vai consumir 40 milhões de toneladas no segundo semestre e vai colher 80 ou 90 milhões, então vai ter que vender 40 milhões ou mais na exportação, que hoje está pagando na faixa de R$ 91,00 no porto”.
Na visão de Roberto Carlos Rafael da Germinar Corretora, ainda pode haver demandas deixadas pela Ucrânia, mas esse ímpeto inicial passou. Além disso, o produtor brasileiro que estava colhendo a safra de verão precisou vender alguns volumes e o dólar caiu em uma velocidade alta e inesperada.
Assim, as cotações que superavam os R$ 110,00 a saca recuaram para algo ao redor dos R$ 90,00, mas ainda se mantendo em patamares positivos e rentáveis para as vendas dos produtores nacionais.
Daqui para frente, o analista enxerga mais volatilidade no radar do mercado e recomenda aos produtores ficarem atentos à divulgação desta semana do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) com a área que será cultivada nos EUA e ao desenvolvimento da safrinha brasileira.
No mercado físico brasileiro, o preço da saca de milho também teve um início de semana negativo. O levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas não encontrou nenhuma valorização, mas percebeu desvalorizações em Não-Me-Toque/RS, Panambi/RS, Ubiratã/PR, Londrina/PR, Cascavel/PR, Marechal Cândido Rondon/PR, Pato Branco/PR, Palma Sola/SC, Rio do Sul/SC, Jataí/GO, Rio Verde/GO, Brasília/DF, Dourados/MS, São Gabriel do Oeste/MS, Maracaju/MS, Campo Grande/MS, Eldorado/MS, Amambai/MS e Cândido Mota/SP.
Confira como ficaram todas as cotações nesta segunda-feira
De acordo com a análise diária da Agrifatto Consultoria, “a ausência da demanda pelo milho e o efeito do dólar faz a saca continuar perdendo força no mercado físico, em Campinas/SP o grão é comercializado próximo dos R$ 97,00/sc”.
A análise diária da Radar Investimentos também acrescenta que, “a queda brusca do dólar também trouxe uma correção rápida e forte dos futuros do milho na B3 no final da semana anterior. O mercado físico no Centro-Sul brasileiro segue com poucos negócios, mas o comprador ficou mais contido nas tentativas de negócios”.
Ainda nesta segunda-feira, o Cepea divulgou sua nota semanal apontando que, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (referência região de Campinas – SP) voltou a operar abaixo dos R$ 100/saca de 60 kg, depois de atingir R$ 103,90/sc no dia 14 de março, a máxima nominal da série histórica. Entre 18 e 25 de março, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa recuou 5,47%, fechando a R$ 96,98/sc na sexta-feira, 25.
Segundo informações do Cepea, “a pressão vem especialmente do enfraquecimento da demanda. Além disso, parte dos produtores esteve mais flexível nos valores de negociação, seja porque pretende aproveitar os atuais patamares mais elevados, seja por necessidades de fazer caixa para quitar dívidas de custeio deste mês. Outros produtores, ainda, precisam comercializar lotes da safra verão, que começa a ganhar ritmo no Sudeste brasileiro”.
Mercado Externo
A Bolsa de Chicago (CBOT) também fechou o primeiro dia da semana acumulando novos recuos para os preços internacionais do milho futuro.
O vencimento maio/22 foi cotado à US$ 7,48 com desvalorização de 5,50 pontos, o julho/22 valeu US$ 7,30 com perda de 4,25 pontos, o setembro/22 foi negociado por US$ 6,81 com queda de 4,00 pontos e o dezembro/22 teve valor de US$ 6,64 com baixa de 4,50 pontos.
Esses índices representaram quedas, com relação ao fechamento da última sexta-feira (25), de 0,80% para o maio/22, de 0,54% para o julho/22, de 0,58% para o setembro/22 e de 0,75% para o dezembro/22.
Segundo informações da Agência Reuters, os futuros de milho dos Estados Unidos caíram nesta segunda-feira, com as preocupações com os casos de coronavírus na China pesando sobre os mercados de commodities, enquanto traders de grãos também ajustaram posições antes dos principais relatórios de safras dos Estados Unidos com vencimento no final desta semana.
A publicação destaca que, o petróleo bruto caiu acentuadamente quando o centro financeiro da China, Xangai, lançou um bloqueio para conter o aumento dos casos de COVID-19. O risco de uma nova interrupção econômica devido à pandemia acrescentou mais incerteza aos mercados que estão enfrentando a invasão da Ucrânia pela Rússia.
“A ampla venda de commodities continuou hoje, com os gestores de fundos reagindo a paralisações em massa na China devido ao COVID, bem como às esperanças persistentes de sucesso nas negociações de paz na Ucrânia”, escreveu Arlan Suderman, economista-chefe de commodities da StoneX, em um relatório aos clientes.
Antes do relatório de intenções de plantio do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) na quinta-feira, analistas consultados pela Reuters esperam, em média, que os agricultores dos EUA plantem menos milho e mais soja este ano.