Conab eleva novamente produção da safra verão de milho, mas analistas vão em caminho contrário

Publicado em 09/12/2021 11:43 e atualizado em 09/12/2021 14:38
Estimativa da primeira safra subiu de 28,6 milhões de toneladas em novembro para 29 milhões em dezembro


A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou seu terceiro boletim de acompanhamento da safra brasileira de grãos para a temporada 2021/22 e trouxe dados sobre as três safras de milho, além de projeções sobre oferta e demanda brasileiras.

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Para a primeira safra de verão, a entidade ampliou a estimativa de plantio dos 4,457 milhões de hectares divulgados no mês passado para 4,506 milhões de hectares, representando um aumento de 3,7% em relação à safra verão 2020/21. Já a produção foi projetada em 29,066 milhões de toneladas, patamar maior do que as 28,6 milhões de toneladas estimadas e novembro e do que as 28,327 milhões estimadas em outubro, um amento de 17,6% em comparação ao exercício anterior.

“A semeadura do milho da primeira safra foi marcada, particularmente, na Região Sul, pela continuidade dos efeitos do clima observados na mesma época do ano anterior, que foi caracterizado pelo atraso e inconstância das condições climáticas. De modo geral, a partir da segunda quinzena de outubro ocorreu a normalização do clima, com o concomitante incremento no plantio da primeira safra e a expectativa para o cereal, de uma safra cheia para os três plantios nacionais”, destaca a publicação.

Já na visão do analista de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, esse aumento dos números é difícil de se explicar. “Principalmente na Região Sul, as perdas já são bem grandes e irreversíveis. Só o Rio Grande do Sul já perdeu 2,5 milhões de toneladas, Santa Catarina 1,5 milhão e Paraná mais 1 milhão. No total, o Brasil já deve ter uma safra de verão 5 milhões de toneladas menor do que poderia e as perdas ainda podem ser maiores se não voltar a chover nos próximos dias”.

O analista Roberto Carlos Rafael, da Germinar Corretora, acredita que estes números da Conab ainda não devem ter contemplado as perdas de produção registradas na Região Sul do país. “O relatório aumenta área e produção em todos os estados do Sul, então falta uma avaliação das possíveis quebras, que hoje escutamos ser algo entre 10 e 20%. Isso deve ser corrigidos nos reportes que serão divulgados nos próximos meses”. 

Para o total do ciclo 21/22, a Conab espera plantio de 20,939 milhões de hectares, o que seria um aumento de 5,1% em relação a temporada 20/21, e uma produção tendo elevação de 34,6% e chegando as 117,181 milhões de toneladas, somando-se a safra verão 21/22, a safrinha 22 e a terceira safra 22.

Terceira Safra 2020/21

Para a terceira safra de milho, as estimativas dão conta de uma área plantada atingindo 585,3 mil hectares, com a produção duramente afetada pelas condições climáticas nos diversos estados produtores, atingindo 1,586 milhão de toneladas, com redução de 16,8% em relação ao ciclo 2019/20.

Oferta e Demanda 20/21

Diante destes cenários, a expectativa da Conab para a produção total da safra 2020/21 se manteve em 87 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 15,1% com relação ao ciclo 2019/20. O número é o mesmo estimado nos relatórios de novembro e outubro, maior do que as 85,7 milhões de toneladas estimados no relatório de setembro e do que a 86,7 milhões estimadas em agosto, mas menores do que as projeções dos relatórios de julho (93,4 milhões), junho (96,4 milhões), maio (106,4 milhões), abril (109 milhões) e março (108,1 milhões). 

A projeção do consumo interno se manteve nas 72,3 milhões de toneladas divulgas em novembro, após ter recuado das 73,7 milhões divulgadas em outubro, o que representa um incremento de 5,4% comparado à 19/20. “A projeção é sustentada pelo desempenho das exportações da indústria de proteína animal e aumento do consumo de milho destinado à produção de etanol”.

Já a projeção de importação subiu para 2,7 milhões de toneladas, antes as 2,3 milhões estimadas em novembro. Vale destacar que, segundo Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, somente no período de janeiro à novembro, o Brasil já importou 2.759.244 toneladas de milho, um aumento de 145,1% com relação ao mesmo período de 2020.

Para as exportações, a Conab aponta projeção de 19,2 milhões de toneladas, após estimar em 20 milhões no reporte de novembro, em 22 milhões no reporte de outubro e em 23,5 milhões no reporte divulgado em setembro. De janeiro à novembro o Brasil já exportou 17.018.965 toneladas de milho, número 42,5% menor do que o mesmo período do ano anterior.

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Sendo assim, o estoque final em 2020/21 deverá ser de 8,8 milhões de toneladas, redução de 17% em comparação à safra anterior, mas maior do que as últimas projeções de 7,6 milhões em novembro, 6,9 milhões em outubro, de 5,8 milhões em setembro, 5,1 milhões em agosto e 5,5 milhões em julho.

“Esse arranjo é explicado, principalmente, pela redução da produção total de milho causada pela menor disponibilidade hídrica durante o desenvolvimento das lavouras de segunda safra e acentuada queda das exportações do cereal”, diz a Conab.

Oferta e Demanda 21/22

Para o novo ciclo do milho, a Conab espera a produção de 117,2 milhões de toneladas diante de um aumento de 28,1% na produtividade das lavouras. O índice é superior às 116,7 milhões de toneladas estimadas no de novembro e às 116,3 milhões divulgadas em outubro. O consumo esperado para esta nova temporada é superior a da passada, com 76,8 milhões de toneladas.

Já as importações devem cair 67% para a nova safra e ficar em apenas 900 mil toneladas. Esta redução se dá “devido à expectativa de aumento da disponibilidade do cereal no mercado nacional em 2022”. Do lado das exportações, a publicação aponta 36,7 milhões de toneladas embarcadas em 21/22.

Como resultado deste cenário, o estoque final deverá ser de 13,4 milhões de toneladas, maior do que as 12,5 milhões estimadas em novembro e do que as 11,5 milhões estimadas em outubro, o que “indica a recomposição da disponibilidade interna do cereal ao fim de 2022”.

Por: Guilherme Dorigatti
Fonte: Notícias Agrícolas

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