Quebras de safra mudam a rota do milho nacional e fortalecem comércio interno, revela Tarken

Publicado em 07/12/2021 11:49
Realizado com base em mais de 6 milhões de negociações nos últimos três anos, estudo aponta que o fluxo do grão nacional mudou drasticamente de direção nos últimos 3 anos A partir da segunda safra de 2019/20, a maior parte do volume passou a ser mais distribuído no mercado interno, abastecendo, principalmente, os estados do Sul e São Paulo

O fluxo do milho no mercado nacional oscilou com os acontecimentos dos últimos três anos. Segundo um estudo realizado pela Tarken, agritech brasileira que oferece um marketplace para trading de grãos, as grandes quebras de safra que acometeram o país acarretaram no fortalecimento do comércio interno do grão.

Em 2018/19, a colheita teve um resultado consistente e apresentou comportamento similar ao de outros anos, com as rotas de grandes volumes direcionadas para os principais portos do Brasil, em destaque o porto de Santos e Paranaguá. Entretanto, com a quebra da safrinha em 2019/20, o milho brasileiro, que se encontrava em baixo volume, passou a ser mais direcionado para os consumidores internos, principalmente nos estados do Sul do país e em São Paulo, regiões onde existe a maior concentração de granjeiros e produtores de ração.

Esses estados, que antes tinham grande participação e alimentavam as rotas de exportação do país, passaram a ser responsáveis pelo suporte da demanda do mercado nacional de proteína e etanol. Com isso, a partir da segunda safra de milho de 2019/20, a maior parte dos volumes do grão passaram a sair de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que sofreram menos com o clima e as adversidades.

O cenário repercutiu na safra de 2020/21 de forma ainda mais forte. Com a baixa oferta de milho regional, os estados do Sul aumentaram os volumes adquiridos do Centro-Oeste, sendo o estado do Mato Grosso o principal fornecedor.

Outro fator de impacto na oferta interna e no alto preço foi o grande volume de grãos importados na última safra. A supervalorização do milho nacional (com preços variando entre R?100 e R?105 por saca), fez com que os grãos estrangeiros, especialmente os da Argentina, se tornassem muito mais atrativos para os grandes produtores de proteína e ração animal.

"O Brasil é o segundo maior exportador de milho do mundo e, consequentemente, o produtor tem uma visão pautada na exportação. A grande participação de intermediários no mercado nacional, como tradings, corretores e grandes compradores, cria um fluxo claro de compra e venda, onde os maiores lotes normalmente acabam se concentrando nas rotas de exportação e durante a colheita da safrinha. Entretanto, as quebras de safra impactaram na dinâmica estabelecida", explica Luiz Tângari, Co-Founder da Tarken.

Para realizar esse estudo, a Tarken analisou um conjunto de mais de 6 milhões de negociações reais de compra e venda de milho nos últimos três anos. Com base nas cidades de origem e destino, foram agregados os volumes de sacas de 60kg, em um modelo de rotas rodoviárias com um compilado do total mensal entre 2019 e 2021. Também foram analisadas as principais cidades compradoras e produtoras do país durante esse mesmo período.

"Em um mercado que apresentou grandes oscilações de preços e volumes, ter uma referência de onde sai e para onde vai o milho faz uma grande diferença no dia-a-dia do produtor rural brasileiro. O principal objetivo ao analisar esses dados é criar uma ferramenta de suporte à tomada de decisão, auxiliando no planejamento e organização da estratégia de originação do milho e do seu comércio", conclui Tângari.

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Fonte: Tarken

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