Conab consolida segunda safra de milho em 59,4 milhões de toneladas e também reduz números da 1ªsafra e de exportação
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou seu último boletim de acompanhamento da safra brasileira de grãos para a temporada 2020/21 e trouxe dados sobre as três safras de milho, além de projeções sobre oferta e demanda brasileiras.
Para a segunda safra, a entidade reduziu novamente a expectativa de produção brasileira, dessa vez para 59.471,5 milhões de toneladas, um volume que é 20,8% menos do que o que foi colhido na safrinha de 2020. Nas projeções anteriores, a Conab estimava produção de 79,799 milhões de toneladas em maio, 69,957 milhões em junho, 66,970 milhões em julho e 60,322 milhões em agosto.
“A segunda safra de milho contempla os danos causados pelo clima nos principais estados produtores. Além da seca ocorrida em momentos cruciais das lavouras, houve a ocorrência de massas de ar frio que trouxeram geadas nos principais estados produtores da Região Centro-Sul”, explicam os técnicos da entidade.
A publicação ainda ressalta que a área cultivada saltou 8,6% na comparação anual, ficando em 14,935 milhões de hectares, mas a produtividade média caiu 27% e ficou em 3.982 quilos por hectare, ou 66,36 sacas por hectare.
Primeira Safra
A safra de verão 2020/21 também ganhou uma nova revisão para baixo na comparação com o relatório publicado no mês de agosto. Nesse novo reporte, a produção atingida foi de 24,744 milhões de toneladas com redução de 3,7% em relação ao ciclo passado e menor do que as anteriores 24,898 milhões estimadas em agosto e as 24,909 milhões estimadas em julho. A entidade aponta ainda que a área cultivada cresceu 2,6% na comparação anual e atingiu 4,347 milhões de hectares.
“O atraso das chuvas interferiu no planejamento das lavouras do milho primeira safra. A área plantada, em linha com uma tendência de crescimento já observada nas últimas temporadas não foi suficiente para compensar os efeitos do clima, com a produção apresentando redução”, diz a Conab.
Terceira Safra
Já para a terceira safra, a publicação elevou a projeção de área cultivada para 584,8 mil hectares, para a região do Sealba, Amapá e Roraima, resultando em um acréscimo de 9,2% com relação a terceira safra de 2020.
“As condições climáticas apresentam-se na maior parte das regiões favoráveis, e os preços atrativos estimularam os produtores a utilizarem bons pacotes tecnológicos, a despeito do aumento expressivo do custo de produção”, aponta o relatório.
Oferta e Demanda
Diante destes cenários, a expectativa da Conab para a produção total caiu para 85,7 milhões de toneladas, redução de 16,4% em relação à safra 2019/20 e menor do que as estimativas de agosto (86,7 milhões), julho (93,4 milhões), junho (96,4 milhões), maio (106,4 milhões), abril (109 milhões) e março (108,1 milhões).
“Esse ajuste ocorre diante da constatação em campo de uma significativa redução de produtividade de 27% na segunda safra, comparada ao ano anterior”, explica a Conab.
A projeção do consumo interno foi mantida em 70,9 milhões de toneladas, diante da verificação de uma menor disponibilidade do cereal para consumo. “Entretanto, compete destacar que o volume total de milho a ser consumido internamente segue como o maior da série projetada pela Conab e acompanha o bom desempenho do setor de proteína animal brasileiro, principal setor demandante do cereal no país”, destaca o relatório.
Os dados para importação também seguem inalterados com expectativa de 2,3 milhões de toneladas. Vale destacar que, segundo Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, somente no período de janeiro à agosto, o Brasil já importou 1.227.486 toneladas de milho, um aumento de 112,2% com relação ao mesmo período de 2020.
Já a exportação foi reduzida de 23,5 milhões de toneladas para 22 milhões, ficando 26,9% atrás do registrado em 2020. “Esse ajuste de dados sobre o comércio do milho ocorre diante da verificação de uma menor disponibilidade do grão e dos elevados preços domésticos que incentivam a venda para o mercado interno”. De janeiro à agosto o Brasil já exportou 9.980.749 toneladas de milho, número 25,9% menor do que o mesmo período do ano anterior.
Sendo assim, o estoque final em 2020/21 deverá ser de 5,8 milhões de toneladas, redução de 45,3% em comparação à safra anterior, maior do que as últimas projeções de 5,1 milhões em agosto e 5,5 milhões em julho, mas menor do que os números esperados em junho (7,6 milhões) e maio (10,9 milhões).
“Esse novo arranjo é explicado, principalmente, pela redução da produção total de milho causada pela menor disponibilidade hídrica durante o desenvolvimento das lavouras de segunda safra”, diz a Conab.