Milho plantado fora da janela teve pouca chuva em Mato Grosso
O atraso na semeadura e colheita da soja em Mato Grosso na safra 2020/2021 levou alguns produtores a semear o milho fora da janela ideal definida pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). As lavouras nessa situação não tiveram condições climáticas favoráveis ao bom desenvolvimento, de acordo com boletim divulgado pela Embrapa Agrossilvipastoril.
A 15ª Edição do Boletim Agrometeorológico traz o acompanhamento das condições climáticas durante o primeiro semestre de 2021 em Mato Grosso, período em que é cultivada a segunda safra. O documento mostra que após os elevados índices recordes de precipitação em fevereiro e março, o mês de abril contou com chuvas em menor quantidade e mal distribuídas.
Na região de Sinop, onde está a estação meteorológica usada para o comparativo, a precipitação em abril foi de apenas 75,2 mm. Em 2020, quando as chuvas foram bem distribuídas, a precipitação foi de 237,7 mm.
A situação neste ano foi pior a partir do dia 21 de abril, quando choveu apenas 3,8mm.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Jorge Lulu, em cinco anos, essa foi a primeira vez que ainda em abril o índice de armazenamento de água no solo (ARM) ficou negativo, chegando a apenas 60% da capacidade total de armazenamento.
O pesquisador explica que o prejuízo às lavouras plantadas tardiamente só não foi pior devido às chuvas ocorridas nos primeiros dez dias de maio. Foram 71,9 mm, em um período em que a precipitação não chegou aos 20 mm nos cinco anos anteriores.
O Boletim Agrometeorológico traz também dados do 9º Levantamento da Safra de Grãos 2020/2021 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que indicam um quadro heterogêneo nas lavouras de milho de Mato Grosso. Conforme o documento, lavouras semeadas dentro da janela indicada pelo Zarc não deverão ter problemas de produtividade. Já aquelas áreas semeadas tardiamente poderão ter redução no potencial produtivo devido à escassez de chuvas nas fases de floração e enchimento de grãos.
Boletim Agrometeorológico
Desde a safra 2015/2016 a Embrapa Agrossilvipastoril elabora três Boletins Agrometeorológicos a cada ciclo agrícola. O primeiro é feito após a semeadura da primeira safra, em novembro; o segundo é publicado em março, após o fim da colheita; e o terceiro sai em junho, quando encerra o período chuvoso e inicia-se a colheita da segunda safra.
Os documentos são feitos visando atender uma demanda do setor produtivo por informações oficiais que deem subsídios, por exemplo, para a solicitação de resgate de seguro rural por perdas causadas pelo clima.
A Embrapa ainda contribui com o setor produtivo com a validação do Zoneamento Agrícola de Risco Climático, instrumento usado para recomendar as janelas ideais de plantio e para nortear o crédito e seguridade rural.