Embrapa alerta produtores quanto aos riscos dos enfezamentos do milho
Diante dos prejuízos recentes causados pelos enfezamentos do milho, doenças causadas por bactérias transmitidas pela cigarrinha Dalbulus maidis, em diversas regiões do País, os produtores devem seguir as recomendações da Embrapa e instituições parceiras. Diversos conteúdos técnicos e informativos sobre o manejo integrado da doença e da praga estão disponíveis na internet e podem ser baixados gratuitamente.
Na página Manejo da cigarrinha do milho, a Embrapa reúne materiais produzidos pela Empresa sobre o tema, como publicações, notícias, vídeos e uma seção de perguntas e respostas. Entre 2020 e 2021, novos produtos de fácil leitura sobre cigarrinha do milho e enfezamentos foram lançados pela Embrapa e parceiros. Lançada pela Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG) e pelo Sistema Faep/Senar-PR, a cartilha Manejo da cigarrinha e enfezamentos na cultura do milho orienta o produtor para o enfrentamento da praga, a identificação do problema e o correto combate no campo.
Em parceria com a CropLife Brasil, associação que reúne especialistas, instituições e empresas que atuam na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias em mudas e sementes, biotecnologia, defensivos químicos e produtos biológicos, a Embrapa desenvolveu o Guia de boas práticas para o manejo dos enfezamentos e da cigarrinha-do-milho. O guia aborda aspectos básicos e aplicados sobre as doenças e a praga, e apresenta as práticas adequadas para o manejo dos enfezamentos e do inseto-vetor.
Sérgio Abud, supervisor de transferência de tecnologia da Embrapa Cerrados (DF), observa que o aumento da produção de milho para atender à demanda crescente pelo cereal, além das condições ambientais que favorecem o cultivo de duas ou mais safras da mesma cultura em várias regiões, têm favorecido a presença de plantas de milho no campo o ano inteiro, seja cultivado ou "tiguera" (plantas voluntárias).
“Isso proporciona um ambiente favorável para o aumento da cigarrinha-do-milho e, consequentemente, do complexo de enfezamentos”, aponta. Abud participa do webinar Manejo fitossanitário dos enfezamentos e da cigarrinha-do-milho, promovido pela CropLife Brasil e disponível no Youtube.
Os principais sintomas dos enfezamentos são plantas com folhas avermelhadas ou amareladas, principalmente nas pontas e nas bordas. As plantas podem apresentar menor tamanho devido ao encurtamento dos internódios, com espigas pequenas e grãos chochos. Proliferação de brotos nas axilas das folhas também podem ocorrer. Em surtos epidêmicos das doenças, a queda de produção pode chegar a 70%.
As principais medidas para evitar ou minimizar a incidência dos enfezamentos incluem eliminar "tigueras", verificar o nível de incidência da doença na região evitando-se semeaduras próximas a lavouras com alta incidência da doença, tratar as sementes com inseticidas registrados e realizar pulverizações foliares nas fases iniciais da cultura, diversificar e rotacionar cultivares de milho, bem como sincronizar ao máximo a época da semeadura. Cultivares resistentes, se disponíveis, devem ser rotacionadas para evitar a adaptação de variantes dos patógenos e a perda da resistência ao longo do tempo.
O pesquisador Charles Martins de Oliveira, também da Embrapa Cerrados, salienta a importância de seguir as recomendações técnicas geradas pela pesquisa. “É importante dizer aos produtores que os enfezamentos do milho são doenças que não têm medidas curativas. Assim, a prevenção, por meio da adoção de um conjunto de medidas de manejo preconizadas pela Embrapa e por outras instituições de pesquisa e ensino, deve ser adotada como forma de conviver com essas doenças. Vale lembrar também que essas medidas de manejo devem ser adotadas conjuntamente por todos os produtores de uma região para que ação sobre as doenças e o inseto-vetor seja mais eficiente”.
No vídeo Cigarrinhas e enfezamento do milho - Agro com Ciência, Oliveira responde a dúvidas de produtores e consultores sobre o tema. Em outro vídeo, Enfezamentos do Milho, o pesquisador explica o ciclo da doença, a importância do monitoramento das lavouras quanto ao nível de incidência dos enfezamentos, além de apontar medidas que devem ser tomadas pelo produtor.