Milho: Preços seguem fortes no Brasil com suporte do dólar, mas negócios estão limitados
O mercado futuro brasileiro de milho mais uma vez fechou em alta nesta segunda-feira (9). Os preços do cereal foram motivados pelo dólar, que subiu quase 2% neste início de semana e se aproximou dos R$ 4,80 em dia de intensa volatilidade e forte aversão ao risco. Os principais vencimentos subiram entre 0,09% e 0,83%, levando o março a R$ 56,01 e o setembro a R$ 44,54 por saca.
No porto de Paranaguá, o indicativo, mais uma vez, fechou nos R$ 45,00, enquanto no interior os ganhos em algumas praças chegaram a 2%. Apesar dos preços altos e sustentados, o ritmo de negócios, porém, ainda se mantém um pouco mais lento, com os vendedores evitando efetivar novas vendas agora, como explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
"O mercado deve ter, nesta nova semana, um ritmo muito parecido que teve nas semanas anteriores, com poucos negócios, colheita fluindo em bom ritmo com o tempo ainda seco no Sul e em boa parte do Sudeste, favorecendo as máquinas entrarem nos campos", diz.
Além disso, novos negócios também ficam limitados agora pela maior participação da soja nos portos brasileiros, e de melhores preços sendo observados no interior do país se comparados ao valores observados no interior do Brasil. Base Campinas, a saca já se aproxima dos R$ 60,00 por saca e leva os produtores a esperarem por oportunidades ainda melhores.
No Rio Grande do Sul, ainda segundo levantamento da Brandalizze Consulting, "as negociações continuam escassas, com o milho mostrando as ofertas na faixa dos R$ 48 e acima para o FOB, e os compradores pagando os R$ 46/47 CIF, mas com oferta abaixo dessa referência pelos grandes consumidores do estado que não conseguem levar nada". Já em Mato Grosso, "os produtores seguem apontando que tem pouco da safra para negociar. Com níveis nominais de R$ 33,50 a R$ 43,00 no estado para o FOB e níveis maiores próximo da Ferrovia".
BOLSA DE CHICAGO
No mercado de Chicago, as cotações do milho terminaram o dia no vermelho, perdendo entre 3 e 5 pontos nos principais vencimentos, com o maio valendo US$ 3,72 e o julho, US$ 3,75 por bushel.
Os futuros do cereal acompanharam as demais commodities, que foram severamente pressionadas pela despencada do petróleo - que caiu mais de 20% - e na defensiva à espera dos novos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que chega nesta terça-feira, 10 de março, no novo boletim mensal de oferta e demanda.
A demanda limitada de uma forma geral pelo coronavírus e um surto que, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), pode se tornar uma pandemia, deverá refletir em menores exportações norte-americana, como explica Todd Hultmann, analista líder do portal internacional DTN The Progressive Farmer.
"Até agora, 2020 tem sido um ano de surpresas que não param de aparecer. A última, o coronavírus se espalhando por todo o mundo, já está exercendo uma pressão óbvia sobre os preços das commodities norte-americanas. O novo boletim do USDA pode trazer exportações de grãos e alimentos, de uma forma geral, menores", diz.
Veja as expectativas para o USDA, na íntegra, no link a seguir:
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