Nunca a demanda por milho do Brasil cresceu tanto, diz SLC Agrícola

Publicado em 14/11/2019 14:26

SÃO PAULO (Reuters) - A demanda por milho brasileiro nunca cresceu tanto no país, com as indústrias de carne aumentando o consumo do principal ingrediente da ração para aves e suínos, ao mesmo tempo em que o Brasil tem agora uma crescente produção de etanol a partir do cereal, disse o diretor-presidente da SLC Agrícola, uma das maiores companhias do setor no país, nesta quinta-feira.

"A demanda por milho no mundo é crescente e no Brasil está se fortalecendo, pelo etanol e pelas carnes também. Com a China importando mais todas as carnes, nunca a demanda cresceu tanto como cresceu agora... temos mercado interno e de exportação, por isso está em patamar de preço interessante (do milho)", disse Aurélio Pavinato.

Embaladas pela safra recorde, por câmbio e preços favoráveis, as exportações do Brasil deverão atingir um recorde de 39 milhões de toneladas em 2018/19, previu a Companhia Nacional de Abastecimento na véspera, enquanto projeta um aumento de 3,85 milhões de toneladas no consumo interno na temporada, para 63,9 milhões de toneladas.

Na nova safra (2019/20), embora veja uma redução na exportação do Brasil para 34 milhões de toneladas, a Conab projeta novo salto no consumo doméstico, para 68,1 milhões de toneladas.

A exportação está tão forte este ano que o Brasil está ameaçando o domínio dos Estados Unidos, conforme pontuou uma colunista da Reuters.

Além disso, com a China impulsionando as compras de carnes do Brasil enquanto o país asiático lida com menor oferta em função da peste suína africana, os preços do milho subiram mais de 5% neste mês, para mais de 44 reais por saca, segundo o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

"Alguns meses atrás o cenário de preços era negativo, isso se reverteu, isso nos coloca em patamares melhores de soja e milho... isso nos garante patamar adequado de margens", disse Pavinato, durante teleconferência dos resultados da empresa.

A produção de etanol de milho do centro-sul na nova safra aumentará quase 50%, para 1,8 bilhão de litros, com a ampliação da capacidade produtiva por meio da inauguração de novas destilarias, segundo estimativa da consultoria INTL FCStone.

Mesmo para a soja, cujos preços sofreram o impacto da menor demanda da China em função da peste suína africana, o valor está de volta a patamares adequados, disse o executivo.

Para ele, o "estrago" causado pela peste suína africana é grande para plantel suíno chinês, mas não tão grande para consumo de soja, na medida em que outros países estão processando mais a oleaginosa para produzir ração para atender ao mercado de carnes chinês.

O cenário de baixa da soja passou "muito rápido", disse ele, após o mercado ter sofrido pressão por alguns meses diante da epidemia da peste na China.

Ele lembrou que a safra de soja 2019/20 no mundo será menor, após os EUA terem sido afetados por problemas climáticos, o que reduzirá os estoques globais.

Após vários anos de superávit, o mercado de soja verá um déficit de pelo menos 13 milhões de toneladas, disse a SLC, citando dados do Departamento de Agricultura dos EUA.

Tags:

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Chicago e colheita pesam na B3, que fecha 3ªfeira com milho em baixa
Clima ajuda avanço da colheita do milho no Paraná, indica Deral
Em Campos de Júlio (MT) produtor relata margem negativa em torno de 5% a 8% para o milho safrinha
Colheita do milho entra na reta final no Paraguai com expectativa de produção menor do que a esperada
Com estiagem prolongada, incêndio atinge áreas rurais do município de São Gabriel do Oeste/MS
Colheita do milho está 29 pontos percentuais adiantada com relação à safra passada, diz Conab