Após tocar patamar mais alto dos últimos 6 meses, milho recua nesta 3ª na CBOT; foco ainda na Argentina

Publicado em 20/02/2018 17:54

O pregão desta terça-feira (20) foi de volatilidade aos preços do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT). Após iniciarem o dia  em alta, as principais posições do cereal reverteram os ganhos e encerraram o dia do lado negativo da tabela. Os preços caíram entre 1,25 e 2,00 pontos, com o março/18 cotado a US$ 3,65 por bushel, enquanto o maio/18 trabalhava a US$ 3,73 por bushel.

Segundo informações da Reuters internacional, os preços do cereal subiram e tocaram os patamares mais altos dos últimos seis meses, impulsionados pelas preocupações com o clima na Argentina. As chuvas esparsas registradas no final de semana contribuíram para a continuidade da escassez de umidade, conforme destacam os analistas.

O clima já afetou o desenvolvimento das lavouras em importantes regiões de produção no país. Inclusive, recentemente, os órgãos oficiais reduziram de 41 milhões para 39 milhões de toneladas a estimativa para a safra nesta temporada.

Ainda de acordo com informações da Reuters, a consultoria argentina Agripac reduziu em 18% a projeção para a safra de soja, para 47 milhões de toneladas neste ciclo. No milho, a quebra é estimada em 12%, com uma produção de 37 milhões de toneladas.

"Há pouco alívio previsto, já que o clima deve continua seco por mais uma semana a 10 dias", disse ax Wedemeyer, um corretor e analista de commodities com base em Iowa. Tobin Gorey, do Commonwealth Bank of Australia, disse que "os meteorologistas esperam chuvas modestas essa semana e que as precipitações não podem fazer mais do que parar a queda nos rendimentos".

Na visão do consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, "o mercado já absorveu parte das perdas na produção da Argentina. A partir de agora o mercado irá acompanhar a safrinha de milho no Brasil e no final do mês temos o reporte da primeira intenção de plantio nos EUA", destaca.

Nesta terça-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou seu boletim semanal de embarques. No caso do milho, os números somaram 938,099 mil toneladas na semana encerrada no dia 15 de fevereiro. O volume ficou dentro do esperado pelos participantes do mercado, entre 790 mil a 990 mil toneladas.

Mercado interno

A terça-feira (20) foi de ligeiras movimentações aos preços do milho no mercado doméstico. Conforme levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, em São Gabriel do Oeste (MS), a saca subiu 4,35% e terminou o dia a R$ 24,00.

Em Pato Branco (PR), o ganho foi de 4,33%, com a saca a R$ 26,50. Na região de Campo Novo do Parecis (MT), a alta foi de 2,70%, com a saca a R$ 19,00 e Tangará da Serra (MT), a saca fechou o dia a R$ 20,00 e ganho de 2,56%.

Ainda em Panambi (RS), a saca de milho subiu 2,00%, encerrando o dia a R$ 27,54. Na região de Campinas (SP), a alta ficou em 1,45%, com a saca a R$ 35,10.

Os preços ainda permanecem sustentados no mercado doméstico, já que os produtores têm preferido negociar a soja nesse momento. Além disso, a colheita da primeira safra caminha mais lentamente nessa temporada. Até o momento, pouco mais de 35% da safra foi colhida, contra 60% registrado no ano anterior.

"E hoje, é o último dia de janela ideal de plantio do milho no Brasil central. De agora em diante começamos a perder o potencial produtivo das lavouras e em torno de 60% da safra ainda precisa ser plantada", reforça Brandalizze.

A expectativa é que na próxima semana o tempo melhore, o que se confirmado irá permitir o avanço dos trabalhos nos campos. No caso de Mato Grosso do Sul, o presidente da Aprosoja MS, Juliano Schmaedecke, disse que os agricultores têm até o dia 10 de março para finalizarem os trabalhos de semeadura do grão.

"Tudo irá depender do clima de agora em diante. Teremos uma safrinha mais exposta ao risco climático, já que com o cultivo após o dia 15 de março podemos ter perdas na produtividade pelo corte das chuvas e ainda com a possibilidade de geadas entre junho e julho. O milho irá tirar o sono do produtor", diz Schmaedecke.

BM&F Bovespa

O dia foi de alta aos preços do milho praticados na BM&F Bovespa. As principais posições do cereal enceraram o pregão desta terça-feira com ganhos entre 1,38% e 1,89%. O março/18 era cotado a R$ 35,31 a saca e o maio/18 a R$ 34,73 a saca.

Apesar do recuo em Chicago, a moeda norte-americana fechou o dia a R$ 3,2555 na venda, com alta de 0,63%. "O dólar acompanhou a cena externa e um dia depois de o governo ter jogado a toalha sobre a reforma da Previdência, considerada essencial para colocar as contas públicas em ordem", informou a Reuters.

Confira como fecharam os preços nesta terça-feira:

>> MILHO

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Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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