Milho e soja dos EUA já têm menor produtividade estimada com clima adverso

Publicado em 21/07/2017 13:52

As condições irregulares de clima nas principais regiões produtoras dos Estados Unidos já resultam, segundo as primeiras expectativas para a safra 2017/18, produtividades menores do que aquelas inicialmente projetadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Para a soja, a instituição espera 54,42 sacas por hectare (48 por bushels por acre) e  de milho, 180,67 sacas/hectare (170,7 bushels por acre). 

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Milho

Os números projetados já são menores do que os do ano passado - a safra 2016/17 foi, afinal, perto de ser perfeita - e poderão ser ainda menores em função dos problemas de clima observados neste momento no Corn Belt. E neste momento, a cultura mais prejudicada é o milho. 

Julho é o mês determinante para o desenvolvimento do cereal e nas localidades onde o calor intenso e a falta de chuvas castiga as lavouras, há perdas que são irreversíveis. Poucos locais, segundo explicam especialistas, ainda contam com um potencial menor que ainda poderia ser recuperado. 

"O milho está sendo fabricado agora, por isso, as perdas são mais expressivas nesse momento", acredita o consultor em agronegócios, Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios. Sua estimativa é de que o rendimento médio do milho americano seja, até esse momento, de 166 bushels por acre, ou, 175,7 sacas por hectare.

E caso continuem as condições adversas para o caminhar da safra, essas perdas poderiam ser ainda mais expressivas. "Julho é o mês mais crítico para o milho e o plantio foi 'mal feito' este ano, por conta do excesso de umidade, e então a planta não está preparada pra enfrentar essa seca", explica o consultor. "Algumas áreas foram abandonada, se perdeu muito fertilizante pela lixiviação - apesar da excelente qualidade do solo que os americanos têm - então, agora temos que observar", completa. 

Entre os próximos 10 a 15 dias, esses números deverão ser revistos pela Terra Agronegócios, que acompanha as previsões atualizadas e a confirmação das condições nas principais regiões produtoras. 

A consultoria internacional Informa Economics, que já esperava inicialmente um rendimento menor do que o esperado para o milho em relação às projeções do USDA, também revisou seus números para baixo. A empresa baixou sua estimativa de 169,7 para 166,2 bushels por acre - ou, de 179,55 para 175,9 sacas por hectare. 

Para Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, diante das atuais condições já há especulações de que a safra nova de milho poderia ser concluída com 5 milhões de toneladas a menos do que a projeção incial. 

Em seu último reporte mensal de oferta e demanda, de 12 de julho, o USDA projetou a colheita do grão em 362,1 milhões de toneladas. Mesmo com problemas já sendo reportados, o departamento indicou um aumento em relação ao número de junho de mais de 4 milhões de toneladas, trazendo um aumento também das áreas plantada e colhida nesta temporada. 

O Commodity Weather Group (CWG) também trouxe sua estimativa para a produtividade média do milho, que ficou em 167,1 bushels por acre, ou, 176,85 sacas por hectare. Abaixo da média ou próxima dela, por estados, ficaram Idaho, Illinois, Iowa, Kansas, Nebraska, Dakota do Norte, Dakota do Sul, e Oklahoma como mostram as marcações em vermelho e amarelo no mapa a seguir. Em verde, estados que podem colher mais do que a média. 

Soja

O período crítico para a soja, por sua vez, é o mês de agosto e as perdas efetivas poderão, portanto, ser conhecidas mais adiante. Ainda assim, já há projeções de um rendimento menor para a oleaginosa dos Estados Unidos também. 

Para Ênio Fernades, a produtividade média esperada, nesse momento e dadas as atuais circunstâncias, é de 46,5 bushels por acre, contra a projeção do USDA de 48. Em sacas por hectare, são 52,72 e 54,42, respectivamente. "Na soja, a baixa não é tão forte como a do milho porque o período crítico ainda não chegou", diz o consultor, alertando para a necessidade de se acompanhar o clima e o desenvolvimento das lavouras entre 6 e 15 do próximo mês. "E a situação para esse período não é confortável". 

Assim como fez para o milho, o USDA também trouxe um aumento em sua estimativa para a safra 2017/18 de soja no reporte deste mês para 115,94 milhões de toneladas, contra 115,8 milhões do mês anterior. Apesar disso, com as altas temperaturas e a falta de chuvas castigando boa parte das regiões produtoras, as especulações sobre um número significativamente menor do que esse já rondam o mercado. 

Como relata Vlamir Brandalizze, os traders já vêem uma produção em um intervalo de 110 a 113 milhões de toneladas, com um rendimento médio de, aproximadamente, 51,6 sacas por hectare. No entanto, o consultor chama atenção para a forte irregularidade que marca essa safra. 

"Na região oeste do Missisipi, a situação ainda é bastante complicada e se fala em uma produtividade de 46,6 a 48,33 sacas por hectare, enquanto que na porção leste, onde a situação é melhor, se esperam níveis que poderiam superar as 60 sacas/ha", diz.

Brandalizze explica ainda que com a virada do mês, as previsões para agosto começam a ficar mais 'certeiras', trazendo uma condição mais clara sobre como as lavouras de soja poderão se comportar em seu período mais importante. "Sem chuvas nos próximos 7 a 10 dias, a situação se complica mais", diz, afirmando ainda que, nesse quadro, o USDA poderia, inclusive, trazer uma nova revisão para baixo em seu índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições, atualmente em 61%.  

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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