No mercado interno, milho recua até 8,57% na semana diante da disputa entre vendedores e compradores

Publicado em 11/11/2016 16:59

Novamente, os preços do milho praticados no mercado interno brasileiro recuaram. De acordo com levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, a cotação recuou 8,57% na região de Jataí (GO), com a saca do cereal a R$ 32,00. Em São Gabriel do Oeste (MS), a perda ficou em 6,56%, com a saca a R$ 28,50.

No estado do Paraná, nas praças de Ubiratã, Londrina e Cascavel, a saca do cereal encerrou a semana a R$ 29,50, uma desvalorização de 4,84%. Já em Mato Grosso, em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, o valor ficou em R$ 25,00 a saca, com perda de 3,85%. Em Não-me-toque (RS), o recuo ficou em 2,63%, com a saca a R$ 37,00.

No Oeste da Bahia, a semana também foi negativa, com a saca do milho a R$ 40,00 e queda de 2,44%. No caso da Avaré (SP), a queda foi de 3,42%, com a saca a R$ 33,02. No Porto de Paranaguá, a queda ficou em 3,03%, com a saca a R$ 32,00. Em contrapartida, em Sorriso (MT), o ganho ficou em 4%, com a saca a R$ 26,00, em Assis (SP), a alta foi de 1,49%, com a saca a R$ 32,72.

Segundo informações reportadas pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) nessa semana, a comercialização interna ainda caminha de maneira mais lenta. "Os produtores seguram o produto à espera de melhores oportunidades de negócios. Porém, o setor demandante vem buscando algumas alternativas como: o aumento das importações do milho (basicamente do Mercosul)", informou me nota.

A entidade ainda revisou algumas projeções para a safra brasileira. A safra de verão foi estimada entre 27,05 milhões a 28,55 milhões de toneladas. Já as importações deverão ficar próximas de 2,2 milhões de toneladas em 2016, acima do indicado anteriormente pela companhia. Os estoques finais da safra 2015/16 também subiram e foram projetados em 7,3 milhões de toneladas.

Na contramão de cenário, as exportações da atual temporada caíram de 20 milhões para 18,5 milhões de toneladas. "Os números não surpreenderam o mercado, já era esperada revisões nas importações e também nos números das exportações brasileiras", destaca a analista de mercado da INTL FCStone, Ana Luiza Lodi.

Safrinha 2017

Mesmo com a forte alta registrada ao longo da semana, a comercialização antecipada da safrinha de 2017 ainda está abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior. "Em Mato Grosso, maior estado produtor do cereal na segunda safra, a negociação chega a 18,75%, segundo dados do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). No mesmo período do ano passado, o índice era de 65%", afirma Ana Luiza.

Ainda na visão da analista, é preciso acompanhar essa movimentação do câmbio. "É cedo para ter uma avaliação. Claro que, se o dólar permanecer mais elevado poderemos ter uma melhora nos negócios", completa.

Somente na semana, a moeda acumulou valorização de 4,99% e 7,1% nos últimos três pregões, conforme dados reportados pela agência Reuters. Nesta sexta-feira, o câmbio encerrou o pregão a R$ 3,3923 na venda, com alta de 0,92%. O movimento de alta foi limitado pela participação do Banco Central no mercado em meio ao nervosismo pós-eleição de Donald Trump para a presidência nos EUA.

Bolsa de Chicago

Os preços do milho recuaram na Bolsa de Chicago (CBOT) ao longo dessa semana. Como resultado, as principais posições da commodity acumularam desvalorizações entre 2,28% e 2,44%, ainda segundo levantamento do Notícias Agrícolas. Nesta sexta-feira, os contratos do cereal apresentaram perdas entre 2,50 e 3,25 pontos. O vencimento dezembro/16 era cotado a US$ 3,40 por bushel e o março/17 a US$ 3,49 por bushel.

"Temos uma grande oferta do cereal, o que acaba pesando sobre os preços", diz Ana Luiza Lodi. Embora o mercado apostasse em uma queda na produção americana de milho, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) revisou para cima a projeção para a safra 2016/17 no país. Com isso, a perspectiva é que sejam colhidas 386,76 milhões de toneladas nesta temporada. Em outubro, o número era de 382,48 milhões de toneladas.

A produtividade média das lavouras passou de 183,52 sacas por hectare para 185,52 sacas por hectare. Os estoques finais americanos também foram revistos e subiram de 58,94 milhões para 61,04 milhões de toneladas. No caso da safra mundial, a produção ficou em 1.030,53 bilhão de toneladas, acima do estimado anteriormente. Os estoques finais mundiais ficaram em 218,19 milhões de toneladas.

"Esses números surpreenderam os participantes do mercado. Além disso, essa semana também tivemos outro fator muito que foi a eleição do republicano Donald Trump para a presidência dos EUA. Isso trouxe um pessimismo de maneira generalizada aos mercados, inclusive os de commodities agrícolas. Surgiram algumas especulações em relação ao protecionismo do candidato eleito, o que poderia impactar as exportações, porém, ainda é muito cedo para avaliar esse situação", pondera a analista de mercado da INTL FCStone.

Confira como fecharam os preços nesta sexta-feira:

>> MILHO

Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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