Em meio à queda de braços entre compradores e vendedores, milho tem semana de queda e lentidão
No mercado interno, os preços do milho voltaram a testar novas baixas ao longo da semana, segundo levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bitencourt Lopes. Em Itapeva (SP), a cotação do cereal recuou 7,14% e a saca fechou a sexta-feira (19) a R$ 38,10. Na região de Jataí (GO), o preço do grão também cedeu, em torno de 5,13%, com a saca a R$ 37,00. Ainda em São Paulo, na praça de Avaré, o recuo ficou em 4,87%, com a saca a R$ 38,10.
As cotações ainda caíram 3,33%, nas praças de Campo Novo do Parecis e Tangará da Serra, ambas em Mato Grosso. Com isso, a saca do cereal encerrou a semana a R$ 29,00. No Oeste da Bahia, o valor recuou 1,50%, com a saca a R$ 49,25. No Paraná, em Ubiratã, Londrina e Cascavel, o preço cedeu 1,41%, com a saca a R$ 35,00.
Na localidade de Não-me-toque (RS), a cotação registrou queda de 1,16% e a saca encerrou a semana a R$ 42,50. Em contrapartida, o preço da saca para entrega em setembro/16 apresentou alta de 3,75%, com a saca a R$ 33,20.
Em meio à queda de braços entre os compradores e vendedores, os negócios permanecem lentos. "De um lado temos os compradores resistindo a pagar mais e de outro, os vendedores se limitam a entregar o produto a preços mais baixos. Com isso, temos uma movimentação menor no mercado. Em Campinas (SP), as cotações caíram de R$ 47,00 a R$ 48,00 a saca no final de julho e início de agosto, para R$ 43,00 a R$ 44,00 a saca”, disse o zootecnista da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro, em recente entrevista ao Notícias Agrícolas.
Paralelamente, os participantes do mercado permanecem atentos às importações, mas também em relação às exportações. Isso porque, há uma perspectiva de queda nos embarques do cereal esse ano, o que deve elevar a oferta no mercado doméstico. Além da quebra na segunda safra de milho no país, a diferença dos preços internos e os para exportação e o recente recuo no câmbio também dificultam a realização de novos negócios.
Ainda assim, Ribeiro ressalta que, a quebra registrada na segunda safra de milho Brasil deve limitar a queda nos preços no curto e médio prazo. “Apesar do mercado mais frouxo nesse instante, a oferta restrita ainda é um fator de limitação das quedas. A expectativa ainda é de preços firmes, temos a BM&F indicando cotações andando de lado entre R$ 43,00 a R$ 44,00 a saca. E é importante destacar que no começo da próxima temporada, já temos valores entre R$ 44,00 a R$ 45,00, R$ 15,00 acima do que tínhamos no mesmo período do ano passado”, destaca.
Essa semana, o secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller, reforçou que o ministério conta com um orçamento da ordem de R$ 1,9 bilhão para aquisições do Governo e estabilizar os estoques públicos do cereal. Por outro lado, os técnicos do Mapa já estimam um aumento na área destinada ao plantio do grão na safra de verão, especialmente no Sul do país.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago (CBOT), as cotações do milho registraram altas ao longo da semana. No balanço, as principais posições do cereal acumularam valorizações entre 2,86% e 3,72%. Nesta sexta-feira, os preços também subiram e apresentaram ganhos entre 1,50 e 2,25 pontos. O vencimento setembro/16 era cotado a US$ 3,34 por bushel, enquanto o dezembro/16 era negociado a US$ 3,43 por bushel.
Apesar das ligeiras movimentações, o mercado ainda espera novas informações que possam direcionar os preços da commodity. Os participantes do mercado ainda acompanham o comportamento do clima no Meio-Oeste dos EUA, uma vez que, ao longo dessa semana surgiram especulações sobre o excesso de chuvas em algumas localidades, o que poderia atrasar a colheita do cereal.
De acordo com dados reportados pelo NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país - grande parte do cinturão de produção deverá registrar chuvas acima da média entre os dias 27 de agosto a 2 de setembro. No mesmo intervalo, as temperaturas deverão ficar abaixo da normalidade em grande parte da região.
Contudo, a projeção até o momento ainda é de uma safra recorde, indicada em pouco mais de 384 milhões de toneladas, segundo estimativas do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). E, cerca de 74% das plantações do cereal ainda continuam em boas ou excelentes condições, conforme boletim de acompanhamento de safras do órgão.
Em contrapartida, outro fator que também tem sido observado pelos participantes do mercado é a demanda. Nos últimos dias, as informações têm dado pequenos suportes aos preços do cereal em Chicago. Além dos embarques e vendas semanais aquecidos, também tem sido comum o reporte de vendas para outros países pelo USDA.
Confira como fecharam os preços nesta sexta-feira: