Milho: Conab reduz safrinha e set/16 sobe mais de 4% no pregão desta 5ª feira na BM&F Bovespa

Publicado em 07/07/2016 17:54

O pregão desta quinta-feira (7) foi positivo aos preços do milho negociados da BM&F Bovespa. As principais posições da commodity subiram mais de 3% na sessão de hoje e retomaram o nível de R$ 40,00 a saca. O vencimento setembro/16, referência para a safrinha, registrou alta de mais de 4% e retornou ao patamar de R$ 42,30 a saca. O julho/16 era cotado a R$ 41,45 a saca, já o novembro/16 encerrou o dia R$ 45,40 a saca.

De acordo com a analista de mercado da FCStone, Ana Luiza Lodi, as cotações do cereal foram impulsionadas pelas novas projeções para a safrinha brasileira. "A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) surpreendeu o mercado ao reduzir a segunda safra do Brasil. Ninguém esperava essa estimativa tão baixa", completa.

Ainda hoje, a entidade reportou o 10º Levantamento da Safra e estimou a segunda safra em 43.053,6 milhões de toneladas. No mês anterior, o volume estimado era de 49.995,5 milhões de toneladas. E, no ano passado, os produtores brasileiros colheram uma safra ao redor de 54,590,5 milhões de toneladas do cereal, ainda conforme números oficiais da Conab.

Uma das reduções mais expressivas apontadas pela companhia foi vista em relação à safrinha do Centro-Oeste. No caso de Mato Grosso, o maior estado produtor do grão, a safrinha foi projetada em 15.657,3 milhões de toneladas. Em junho, a projeção era de 18.701,8 milhões de toneladas e no ano passado, a safra ficou em 20.305,2 milhões de toneladas. Em Mato Grosso do Sul, os produtores deverão colher uma safrinha ao redor de 6.843,2 milhões de toneladas e em Goiás, o número é de 4.508,6 milhões de toneladas, ambas estimativas abaixo do reportado no mês anterior e do observado em 2015.

Consequentemente, a produção final, contabilizando a safra de verão e de inverno, o Brasil irá produzir na temporada 2015/16 pouco mais de 69,14 milhões de toneladas. Somando a essa projeção os estoques iniciais de 10,50 milhões de toneladas e as importações de 1,5 milhão de toneladas, resultaria em uma oferta próxima de 81,14 milhões de toneladas.

Em contrapartida, o consumo interno é estimado em 54,67 milhões de toneladas e as exportações para esse ciclo em 22 milhões de toneladas, totalizando em 76,67 milhões de toneladas. E subtraindo a projeção da oferta, os estoques finais deverão totalizar 4,47 milhões de toneladas. Pouco mais de um mês de consumo do país. As estimativas e as contas foram feitas e estão disponibilizadas no boletim da Conab.

"Os estoques continuam baixos e os relatos vindos dos campos ainda indicam uma produtividade bastante irregular e também qualidade inferior do cereal em algumas regiões. O que agrava a situação do mercado interno. Com esse cenário, acreditamos que o alívio nos preços poderá ser menor", afirma Ana Luiza.

Mercado interno

A quinta-feira (7) foi de estabilidade aos preços do milho praticados nas principais praças brasileiras, conforme levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas. Em Avaré (SP), o preço subiu 15,14%, com a saca a R$ 37,12, já em Assis (SP), o ganho ficou em 3,01%, com a saca a R$ 33,21.

Em Campo Novo do Parecis (MT), a alta foi de 3,85%, com a saca a R$ 27,00. Já em Sorriso (MT), o valor caiu 3,85% e a saca fechou o dia a R$ 25,00. No Porto de Paranaguá, o dia foi de estabilidade, com a saca para entrega setembro/16 em R$ 34,00.

Bolsa de Chicago

Nesta quinta-feira (7), as cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam o pregão próximas da estabilidade. Apenas os vencimentos setembro/16 e dezembro/16 registraram leve alta, de 0,25 pontos, cotados a US$ 3,41 por bushel e US$ 3,48 por bushel, respectivamente. O julho/16 caiu 0,25 pontos, negociado a US$ 3,35 por bushel. O março/17 também recuou, cerca de 0,50 pontos e, fechou o dia a US$ 3,57 por bushel.

"Apesar das previsões climáticas continuarem a indicar chuvas no Meio-Oeste dos EUA, as cotações do milho já recuaram bastante nas últimas semanas. O mercado já precificou o clima favorável para as lavouras no cinturão produtor norte-americano", reforça a analista da FCStone.

Ainda assim, Ana Luiza reforça que a volatilidade nos preços deve continuar, uma vez que as lavouras estão em fase de polinização, uma das mais importantes para a cultura. "Estamos no mercado climático e em pleno desenvolvimento da produção de milho. Sem contar que a projeção de redução na produção brasileira feita pela Conab também ajuda a dar suporte aos preços no mercado internacional, já que abre mais espaço para as exportações do grão dos EUA", completa.

Até o momento, os mapas climáticos permanecem a indicar chuvas no Meio-Oeste dos EUA. E, em torno de 75% das lavouras ainda continuam em condições boas ou excelentes no país, de acordo com projeção do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Com uma área semeada de pouco mais de 38 milhões de hectares, os agricultores poderão uma safra próxima de 370 milhões de toneladas nesta temporada.

Outro fator que contribuiu para diminuir as altas registradas nos preços do milho ao longo do dia foi a perda expressiva nas cotações da soja. Na contramão desse cenário, um fator positivo foi o anúncio da venda de 137,16 mil toneladas de milho ao México. Do total negociado, cerca de 15,24 mil toneladas serão entregues na temporada 2015/16, em torno de 91,44 mil toneladas na campanha 2016/17 e o restante, de 30,48 mil toneladas no ciclo 2017/18.

Paralelamente, os investidores ainda acompanham as informações vindas do mercado financeiro. Os mercados globais seguem bem nervosos com a possibilidade da saída do Reino Unido - Brexit - da Zona do Euro e qual os impactos nas economias mundiais.

Ainda nesta sexta-feira (8), o USDA traz seu novo boletim semanal de vendas para exportação, importante indicador de demanda. A cada semana, os relatórios do órgão têm trazido bons números para o cereal. Na semana anterior, o número ficou em 1.004,6 milhão de toneladas.

Confira como fecharam os preços nesta quinta-feira:

>> MILHO

Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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