Com chuvas no Meio-Oeste, milho fecha pregão desta 3ª feira com queda de mais de 2% em Chicago

Publicado em 05/07/2016 17:03

Mais uma vez, as cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam em campo negativo. Durante o pregão desta terça-feira (5), as principais posições da commodity exibiram perdas de mais de dois dígitos, porém, reduziram as quedas e finalizaram o dia com desvalorizações entre 8,50 e 9,25 pontos. No total, as cotações caíram mais de 2%. O vencimento julho/16 era cotado a US$ 3,44 por bushel, já o dezembro/16 era negociado a US$ 3,58 por bushel.

Segundo dados das agências internacionais, as cotações futuras do milho foram fortemente pressionadas pelas chuvas registradas nos últimos três dias no Meio-Oeste dos EUA. "E a perspectiva para os próximos dias é de temperaturas mais altas, mas também de chuvas. O que de certa maneira diminui o risco climático nas cotações do milho", destaca o consultor de mercado da FCStone, Glauco Monte.

Conforme dados reportados pela Labhoro Corretora, no final de semana, os estados de Kansas e Missouri, as chuvas ficaram próximas de 100 mm. Algumas localidades de Indiana e o centro sul de Illinois receberam precipitações ao redor de 50 mm. Por outro lado, áreas importantes como Iowa não receberam chuvas. Já nos próximos 7 dias, o NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país - indica maior volume de chuvas na região. Alguns estados como Minnesota, Wisconsin, Iowa, Missouri  e Illinois podem ter precipitações acumuladas entre 50 mm até 75 mm.

E os analistas reforçam que, no caso do milho as informações sobre o clima é ainda maior, uma vez que as lavouras estão em fase de polinização. Essa é uma das mais importantes para a cultura e de definição da produtividade. "Não acabou o risco de problema com o clima na safra dos EUA, estamos no período de mercado climático, conhecido por grande volatilidade. Se voltarmos a ter indicações de tempo seco, os preços podem recuperar parte das perdas", completa Monte.

Além disso, as informações vindas do mercado financeiro também contribuíram pressionar as cotações do cereal. Isso porque, há preocupações por parte da China com a possível saída do Reino Unido da Zona do Euro. "E os fundos especulativos têm grande posições compradas nas commodities, mas quando temos uma aversão ao risco, eles acabam liquidando suas posições, o que também ajuda a pressionar negativamente as cotações", explica o consultor da FCStone.

Paralelamente, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou nesta terça-feira novo boletim de embarques semanais. Na semana encerrada no dia 30 de junho, os embarques de milho somaram 1.164,887 milhão de toneladas. Novamente, os números ficaram dentro das expectativas do mercado, entre 1 milhão a 1.300 milhão de toneladas. Na última semana, os embarques do cereal ficaram em 1.451,227 milhão de toneladas.

Nessa temporada, os embarques do cereal já totalizam 35.029,042 milhões de toneladas. No ciclo anterior, os embarques de milho estavam em 36.866,363 milhões de toneladas.

Outro boletim ainda aguardado pelo mercado é o de acompanhamento de safras. O departamento norte-americano atualiza no final da tarde de hoje os números das condições das lavouras de milho no país. Até a semana anterior, cerca de 75% das plantações estão em boas ou excelentes condições

Mercado interno

Na contramão desse cenário, as cotações futuras do milho negociadas na BM&F Bovespa encerraram o pregão desta terça-feira (5) em campo positivo. As principais posições subiram entre 0,99% e 2,22%. O vencimento julho/16 era cotado a R$ 40,41 a saca, com ganho de 1,33%. Já o setembro/16, referência para a safrinha brasileira, fechou o dia a R$ 40,50 a saca. No Porto de Paranaguá, a saca para entrega setembro/16 ficou em R$ 34,00.

Apesar da forte queda registrada no mercado internacional, o câmbio em alta acabou compensando. A moeda norte-americana era cotada a R$ 3,30 na venda, com valorização de mais de 1,15% no final da tarde desta terça-feira. Enquanto isso, no mercado interno, o dia foi de estabilidade aos preços nas principais praças pesquisadas pela equipe do Notícias Agrícolas.

Ainda assim, a economista da Faep (Federação de Agricultura do Estado do Paraná), Tânia Moreira, disse que as cotações passam por uma pressão devido ao andamento da colheita da segunda safra no Brasil. No caso do Paraná, a colheita do cereal já está completa em 28% da área semeada, conforme dados do Deral (Departamento de Economia Rural). No principal produtor do cereal, o Mato Grosso, a colheita já supera os 25%, segundo boletim do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária).

"Com o aumento da colheita do cereal no Paraná e no Mato Grosso, os preços médios recuaram, porém, ainda estão entre 50% até 60% acima dos que os valores praticados no mesmo período do ano anterior. E também há influência da queda recentemente registrada nos preços no mercado internacional e também no dólar", diz Tânia.

A especialista ainda destaca que comportamento dos preços do cereal no mercado doméstico irá depender do número final da safrinha. "As produtividades iniciais são razoáveis, mas só conheceremos os números finais à medida que a colheita avançar. Porém, só iremos saber se o preço irá cair ainda mais com os resultados da safrinha e o comportamento do mercado em Chicago. Porque isso também influencia o preço de exportação e, consequentemente, as cotações no mercado interno", pondera Tânia.

Confira como fecharam os preços nesta terça-feira:

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Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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