Milho: Com foco no clima nos EUA, preços têm semana positiva em Chicago e acumulam valorização de até 4,18%
A semana foi de valorização aos preços do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT). As principais posições do cereal registraram ganhos entre 3,49% e 4,18%. Somente nesta sexta-feira (17), os vencimentos da commodity exibiram altas entre 11,75 e 13,00 pontos. O contrato julho/16 fechou o dia a US$ 4,37 por bushel, já o dezembro/16 era negociado a US$ 4,48 por bushel.
Segundo o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, o mercado passou por uma correção técnica nesta sexta-feira depois das perdas registradas nas duas últimas sessões. "Nos últimos dias, os investidores liquidaram suas posições em meio às informações do mercado financeiro e hoje tivemos uma retomada", pondera.
Além disso, o consultor ressalta que o clima tem sido um fator importante e tem influenciado o andamento das negociações em Chicago. Novos mapas climáticos reportados hoje indicaram um clima mais seco e temperaturas mais altas no Meio-Oeste dos EUA nos próximos dias. Conforme dados do NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país - entre os dias 16 a 24 de junho, grande parte do Meio-Oeste deverá registrar temperaturas 40% até 60% acima da normalidade, conforme mapa abaixo.
Temperaturas nos EUA entre os dias 16 a 24 de junho - Fonte: NOAA
No mesmo intervalo, as chuvas ficarão dentro da normalidade em grande parte da região, ainda segundo dados do NOAA. "Esse deverá ser o foco do mercado agora. A partir do início de julho teremos as primeiras lavouras de milho em fase de polinização nos Estados Unidos, estágio muito importante para o desenvolvimento da cultura. Nesse período, principalmente, as temperaturas serão muito importantes", explica Brandalizze.
Chuvas nos EUA entre os dias 16 a 24 de junho - Fonte: NOAA
"Os mercados irão reagir às previsões meteorológicas e qualquer indício de calor ou secura durante o início da fase de polinização do milho em julho. Cenário que pode ocasionar preocupações em relação à cultura", disse Bob Burgdorfer, analista e editor do portal Farm Futures.
No início dessa semana, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou que em torno de 75% das lavouras do cereal apresentam boas ou excelentes condições. 21% das plantações estão em situação regular e 4% em condições ruins ou muito ruins. No mesmo boletim, o órgão divulgou que cerca de 96% das plantações já tinham emergido. O departamento atualiza as informações na próxima segunda-feira (20).
Paralelamente, outra variável que tem contribuído para a sustentação nos preços do cereal é a demanda firme pelo produto norte-americano. "As exportações têm caminhado bem nos EUA e falta pouco para alcançarmos a projeção do USDA para essa temporada", diz o consultor. Para o ciclo 2015/16, a projeção é que sejam exportadas 46,4 milhões de toneladas do cereal, de acordo com dados oficiais do departamento norte-americano.
Mercado interno
As cotações do milho recuaram ao longo dessa semana em meio ao avanço da colheita da segunda safra. De acordo com levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, em Avaré (SP), os preços caíram 8,17% e a saca a R$ 43,96. Em Cascavel (PR), o valor também recuou, em torno de 7,32%, e a saca fechou a semana a R$ 38,00. Na região de Sorriso (MT), a queda foi de 5,08%, com a saca do cereal a R$ 28,00. No Porto de Paranaguá, os preços permaneceram estáveis em R$ 38,00 a saca para entrega em setembro/16. Em relação ao fechamento de quinta-feira, o valor subiu 1,33%.
Essa semana, o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) reportou que pouco mais de 5% da área cultivada nesta temporada já foi colhida até o momento. No caso do Paraná, outro importante estado produtor do cereal na safrinha, a área colhida também está próxima de 5%. Esse já um movimento esperado pelo mercado, inclusive, os analistas já tinham alertado que as cotações iriam se acomodar em patamares mais baixos à medida que a colheita avançasse.
Em recente entrevista ao Notícias Agrícolas, o consultor de mercado Ênio Fernandes, disse que " janela de compra dos consumidores deverá ser curta, pois grande parte dos produtores deverá colher e armazenar o produto. Com isso, teremos uma queda de braços e os agricultores irão entregar o milho pontualmente. Já os demandadores terão que estimular as vendas com preços mais altos", explica.
Clima no Brasil
Ainda não é possível quantificar as perdas ocasionadas pelas recentes geadas nas lavouras de milho, especialmente no Paraná. Algumas localidades de São Paulo e Mato Grosso do Sul também foram afetadas pela ocorrência do evento climático. E agora depois das geadas, há previsões de chuvas para o estado paranaense.
Essa semana, o diretor do Deral (Departamento de Economia Rural), Francisco Carlos Simioni, disse que é difícil dimensionar as perdas neste momento, porque os danos causados pela geada só podem ser quantificados de seis a oito dias após a ocorrência. Ele adianta que, até o fim deste mês, a Secretaria da Agricultura terá um levantamento mais completo, com base técnica, para não causar apreensão ao mercado e aos consumidores, pois perdas de produção geralmente resultam em elevação de preços.
"Se o tempo fechado se alongar as perdas podem ser maiores. As plantas estão sensíveis e podemos ter acamamento ou podridão do sabugo", afirma Brandalizze. A perspectiva é que sejam colhidas 49,9 milhões de toneladas do cereal na safrinha, segundo dados reportados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Dólar
A moeda norte-americana fechou o pregão desta sexta-feira com queda de quase 1,5%, cotada a R$ 3,4203 na venda. Segundo dados da agência Reuters, os investidores apostam que saída da Grã-Bretanha da União Europeia pode perder fôlego, o que pode trazer um alívio à aversão ao risco observada nos mercados globais ao longo dessa semana.
Confira como fecharam os preços nesta sexta-feira: