Milho: Após ganhos recentes, preços voltam a trabalhar em campo negativo em Chicago nesta 4ª feira
Na Bolsa de Chicago (CBOT), as cotações futuras do milho voltaram a trabalhar em campo negativo no pregão desta quarta-feira (11), após os ganhos registrados no início do dia. As principais posições do cereal exibiam leves quedas, entre 2,50 e 3,75 pontos, por volta das 12h02 (horário de Brasília). O contrato maio/16 era negociado a US$ 3,74 por bushel, enquanto o dezembro/16 era cotado a US$ 3,85 por bushel.
Segundo informações de agências internacionais, o mercado de maneira mais calma hoje depois das fortes altas observadas no dia anterior. Ainda nesta terça-feira, os preços subiram entre 10,75 e 12 pontos com a influência dos novos números de oferta e demanda reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). De acordo com o levantamento realizado pela entidade, os produtores norte-americanos irão plantar 37,88 milhões de hectares na temporada 2016/17, contra os 35,61 milhões de hectares semeados na última safra.
A perspectiva é que sejam colhidas 366,54 milhões de toneladas nos EUA, frente as 345,48 milhões de toneladas do ciclo anterior. A produtividade média ficou em 177,8 sacas por hectare, levemente inferior ao registrado na produção passada, de 178,22 sacas por hectare. "A demanda da safra velha ainda pode ser melhor do que o esperado, caso as exportações melhorem. Porém, ainda temos grandes estoques globais, que continuam a ser onerosos", disse Bryce Knorr, analista e editor do site internacional Farm Futures.
Nesse instante, os analistas explicam que, as atenções dos investidores estão voltadas ao andamento da safra norte-americana. Até o último domingo, em torno de 64% da área já havia sido semeada, contra os 45% reportados na semana anterior. As informações foram divulgadas pelo USDA.
Paralelamente, a safrinha brasileira continua sendo observada no mercado internacional. Depois da seca de abril, registrada em grande parte das regiões produtoras, há muitas especulações em relação à quebra na produção, o que pode direcionar a demanda pelo grão para os EUA. Ainda nesta terça-feira, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) informou que a safrinha de milho deverá somar 52,90 milhões de toneladas, contra as 57,13 milhões de toneladas projetadas no relatório de abril.
Produção de etanol nos EUA
Ainda hoje, a Administração de Informações de Energia norte-americana (EIA) reportou que a produção de etanol nos EUA ficou em 962 mil barris diários na semana encerrada no dia 5 de maio. Na semana anterior, o número ficou em 923 mil barris. No mesmo período, os estoques caíram de 22,2 milhões para 21,3 milhões. Segundo projeção do USDA, na safra 2016/17, em torno de 134,63 milhões de toneladas do cereal serão destinados à produção de etanol.
Produção de Etanol nos EUA - Fonte: Farm Futures
Mercado brasileiro
As cotações futuras do milho negociadas na BM&F Bovespa trabalham em campo misto na sessão desta quarta-feira (11). As principais posições da commodity registravam perdas entre 0,59% e 0,64%, por volta das 12h13 (horário de Brasília). O maio/16 era cotado a R$ 50,70 a saca, o setembro/16, referência para a safrinha, era negociado a R$ 41,75 a saca. Apenas o julho/16 exibia ligeira alta, de 0,20%, a R$ 45,80 a saca.
A movimentação é decorrente da instabilidade observada no comportamento cambial nesta quarta-feira. Perto das 12h14 (horário de Brasília), o câmbio era negociado a R$ 3,4671 na venda, com leve alta de 0,01%. Os investidores aguardam o final da votação do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, que acontece hoje no Senado. O Banco Central também voltou a atuar no mercado de câmbio, depois de ficar cinco sessões sem intervir, conforme informações da agência Reuters.
Apesar do movimento pontual, a baixa disponibilidade de milho e as preocupações com a safrinha ainda dão suporte aos preços, que continuam elevados. Ainda ontem, em entrevista ao Notícias Agrícolas, o consultor de mercado Ênio Fernandes explicou que as cotações ainda devem continuar firmes.
"Esse cenário irá fazer com que o mercado permaneça apertado até a entrada da próxima safra, em março de 2017. Claro que, com a entrada da segunda safra, os preços devem se acomodar em patamares mais baixos, mas teremos, especialmente em dezembro, janeiro e fevereiro um cenário ajustado. E precisamos lembrar que temos mais de 15 milhões de toneladas do cereal contratadas para a exportação. Acredito que teremos um cancelamento nos embarques", disse o consultor.