Milho: Mercado reflete números do USDA e fecha pregão desta 3ª feira com alta de mais de 2 dígitos em Chicago

Publicado em 10/05/2016 17:09

As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam o pregão desta terça-feira (10) em forte alta. Os preços da commodity consolidaram o movimento positivo e encerraram o dia com ganhos entre 10,75 e 12,00 pontos, uma valorização de mais de 2,5%. O contrato maio/16 era cotado a US$ 3,78 por bushel, enquanto o dezembro/16 era negociado a US$ 3,87 por bushel.

De acordo com as informações das agências internacionais, as altas são decorrentes dos números do boletim de oferta e demanda reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) hoje. Pela primeira vez, o órgão trouxe as projeções iniciais para a safra 2016/17. Para a nova temporada, a perspectiva é que os produtores norte-americanos colham 366,54 milhões de toneladas, contra as 345,48 milhões de toneladas colhidas no ciclo 2015/16. A área plantada com o grão deverá ficar em 37,88 milhões de hectares, contra os 35,61 milhões de hectares semeados na última safra.

Em relação com o ano anterior, os estoques finais também subiram e passaram de 45,8 milhões para 54,69 milhões de toneladas na nova safra. A produtividade ficou em 177,8 sacas por hectare, ligeiramente abaixo do registrado na safra passada, de 178,22 sacas por hectare. O volume de milho destinado à produção de etanol passou de 133,36 milhões para 134,63 milhões de toneladas. No caso das exportações, a estimativa subiu de 43,82 milhões para 48,26 milhões de toneladas.

"No caso do milho, a produtividade estimada pelo USDA é regular, não é um rendimento excelente. Os produtores que plantam cedo normalmente conseguem melhor produtividade. E, por enquanto, a área plantada está se desenvolvendo bem. Com isso, a perspectiva é que o milho ocupe toda a área projetada para essa temporada. E precisamos ressaltar que grandes rallies de preços são originados pela produtividade. Nos próximos 70 dias, os investidores irão acompanhar o clima nos EUA e será um período de muita volatilidade", explica o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes.

Ainda no final da tarde desta segunda-feira, o departamento informou que o plantio do cereal está completo em 64% da área estimada. Na semana anterior, o número estava em 45%. Já no mesmo período de 2015, o percentual cultivado estava em 69% e a média dos últimos cinco anos é de 50%.

Paralelamente, o andamento da safrinha brasileira permanece no foco dos participantes do mercado. Isso porque, depois da seca que afetou as lavouras do cereal em grande parte das principais regiões produtoras há muitas projeções em relação à quebra na produção. "Os preços só começaram a subir em Chicago quando os investidores perceberam que o Brasil teria uma limitação nas exportações", pondera o consultor.

Mercado interno

Apesar da ligeira queda registrada no dólar, o preço do milho para entrega setembro/16 fechou a terça-feira em alta de 2,94%, cotada a R$ 35,00 no Porto de Paranaguá. A cotação também subiu 10,64% no Oeste da Bahia e encerrou a R$ 52,00. Na região de Panambi (RS), o ganho foi menor, de 1,13%, e a saca finalizou a R$ 43,02.  Em contrapartida, a cotação recuou 12,51% em Avaré (SP), fechando o dia a R$ 34,19 a saca. Na região de Assis (SP), o valor praticado também caiu, cerca de 3,34%, com a saca a R$ 42,49. Nas demais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas o dia foi de estabilidade.

Na BM&F Bovespa, as cotações também fecharam o pregão em campo positivo. As principais posições do cereal acumularam altas entre 0,55% e 1,18%. O maio/16 continua acima dos R$ 50,00 a saca, negociado a R$ 50,90 a saca. Já o setembro, referência para a safrinha brasileira, a R$ 41,97 a saca, com valorização de 0,77%.

Ainda na visão do consultor de mercado, o grande destaque para o mercado brasileiro foi o boletim de levantamento de safras da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgado hoje. A entidade revisou para baixo a projeção da safrinha brasileira para 52,90 milhões de toneladas devido à ausência de chuvas registrada ao longo do mês de abril. No relatório de abril, a companhia projetou a segunda safra de milho em 57,13 milhões de toneladas.

"E temos regiões do Centro-Oeste que receberam chuvas, mas em grande parte ainda temos problemas com as precipitações. Esse cenário irá fazer com que o mercado permaneça apertado até a entrada da próxima safra, em março de 2017. Claro que, com a entrada da segunda safra, os preços devem se acomodar em patamares mais baixos, mas teremos, especialmente em dezembro, janeiro e fevereiro um cenário ajustado. E precisamos lembrar que temos mais de 15 milhões de toneladas do cereal contratadas para a exportação. Acredito que teremos um cancelamento nos embarques", afirma Fernandes.

Por outro lado, o consultor destaca que toda vez que, um comprador substituir a compra da origem brasileira por outra origem, especialmente os Estados Unidos, as cotações podem registrar elevações em Chicago. "Diante desse cenário, os produtores que ainda têm milho devem aproveitar e colocar o dinheiro em caixa, pois as cotações permanecem elevadas. Já o restante, o produtor precisa saber o quanto será colhido e tirar o que já foi negociado e negociar com parcimônia", completa.

Dólar

Já o dólar fechou o pregão desta terça-feira (10) em queda. O câmbio fechou o dia a R$ 3,4666 na venda, com desvalorização de 1,65%. Os investidores permanecem de olho no cenário político com a proximidade da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado.

Confira como fecharam os preços nesta terça-feira:

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Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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