Milho: À espera do USDA, mercado dá continuidade ao movimento negativo e exibe leves quedas na CBOT
Os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram o pregão desta terça-feira (10) do lado negativo da tabela. As principais posições do cereal exibiam quedas entre 0,75 e 1,50 pontos, por volta das 7h56 (horário de Brasília). O contrato maio/16 era cotado a US$ 3,67 por bushel e o dezembro a US$ 3,75 por bushel.
O mercado dá continuidade ao movimento negativo iniciado na sessão anterior. Ainda ontem, as cotações cederam mais de 2% em Chicago com influência da desvalorização dos preços do petróleo, o que reduz a competitividade do etanol feito a partir de milho no país. Além disso, o fortalecimento do dólar também pesou sobre as cotações nesta segunda-feira.
Paralelamente, os investidores buscaram ao longo do dia anterior um melhor posicionamento frente ao relatório de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que será reportado hoje. O órgão irá trazer as primeiras estimativas para a nova safra norte-americana. A perspectiva é que haja uma alta de 22% nos estoques do grão nos EUA entre o fim desta safra e a próxima, algo próximo de 56,59 milhões de toneladas.
Confira como fechou o mercado nesta segunda-feira:
Milho: Investidores aguardam boletim de oferta e demanda USDA e mercado recua mais de 2% na CBOT
O início da semana foi negativo aos preços do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT). Ao longo do pregão, as principais posições da commodity ampliaram as perdas e encerraram a segunda-feira (09) com quedas entre 7,75 e 8,50 pontos, com desvalorizações de mais de 2%. O contrato maio/16 era cotado a US$ 3,67 por bushel, já o dezembro/16 a US$ 3,77 por bushel.
De acordo com informações da Farm Futures, o mercado recuou frente às informações vindas do financeiro, a queda no petróleo e um dólar mais forte no cenário internacional. Além disso, os participantes do mercado ainda acompanham as informações sobre a evolução da safra americana.
Por enquanto, os produtores rurais norte-americanos têm conseguido evoluir com os trabalhos nos campos sem grandes preocupações. Nos próximos dias, de 15 a 19 de maio, as temperaturas deverão ficar abaixo da média, entre 33% até 60%, conforme projeção do NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país.
No mesmo período, as chuvas ficarão entre 33% até 60% acima da média para o período, ainda de acordo com o NOAA.
Conforme dados oficiais do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), até a semana anterior, cerca de 45% da área projetada para essa temporada já havia sido cultivada. Para essa semana, a perspectiva é que o departamento aponte o plantio completo em 62% da área. O órgão atualiza as informações no final da tarde de hoje, em seu novo boletim de acompanhamento de safras.
Outro fator atribuído as perdas desta segunda-feira pelas agências internacionais é a busca por um melhor posicionamento por parte dos investidores antes do boletim de oferta e demanda do USDA. O relatório será divulgado nesta terça-feira (10) e irá apresentar as primeiras projeções para a safra dos EUA. A perspectiva inicial é que departamento aponte para elevados rendimentos para a cultura do milho e também altos estoques do grão.
No caso da safra do Brasil, os participantes do mercado também aguardam as novas estimativas para a produção. Isso porque, há muitos rumores a respeito da quebra na produção devido ao clima seco registrado em grande parte do mês de abril e, em importantes regiões produtoras no país.
Ainda hoje, o departamento informou que os embarques de milho ficaram em 1.142,545 milhão de toneladas na semana encerrada no dia 5 de maio. O volume ficou ligeiramente abaixo do indicado na semana anterior, de 1.158,757 milhão de toneladas. Com isso, acumulado da temporada passou a 25.330,117 milhões de toneladas embarcadas do cereal. No ano passado, nesse mesmo período, o total era de 28.804,794 milhões.
O USDA informou ainda a venda de 290 mil toneladas de milho. A primeira operação foi de 170 mil toneladas do grão para o Japão. E na segunda foram comercializadas 120 mil toneladas para destinos desconhecidos. Ambos os volumes deverão ser entregues na temporada 2015/16.
Mercado interno
Na contramão desse cenário, as cotações futuras do milho negociadas na BM&F Bovespa fecharam a sessão desta segunda-feira (09) do lado positivo da tabela. As principais posições do cereal exibiram valorizações entre 0,23% e 0,99%. O contrato maio/16 era cotado a R$ 51,02 a saca, enquanto o setembro/16, referência para a safrinha brasileira, a R$ 41,65 a saca, com ganho de 0,60%.
Além das preocupações com a safrinha brasileira, o dólar também trouxe suporte aos preços do cereal nesse início de semana. Após a intensa volatilidade registrada na sessão, o câmbio fechou o dia a R$ 3,5249 na venda, com alta de 0,63% após chegar a R$ 3,6767 na máxima do pregão. A movimentação é decorrente do decisão do presidente em exercício da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), suspender o impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Contudo, o Senado manteve a tramitação do processo na Casa.
Segundo dados do Cepea, na última sexta-feira, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (base Campinas-SP) atingiu R$ 50,01/saca de 60 kg, o maior patamar nominal de toda a série do centro, iniciada em 2004. No Paraná, onde a disputa pelo grão está mais acirrada, alguns negócios já são realizados a R$ 52/sc.
Enquanto isso, no mercado interno as cotações permanecem suportadas devido à baixa disponibilidade do grão. Nesta segunda-feira, a saca do cereal para entrega setembro/16 permaneceu estável em R$ 34,00 no Porto de Paranaguá. Em Jataí (GO), a alta foi de 14,29%, com a saca a R$ 40,00, no Oeste da Bahia, o ganho foi de 4,44% e a saca a R$ 47,00. Em Não-me-toque (RS), o preço subiu 1,18%, com a saca a R$ 43,00. Na contramão desse cenário, em Sorriso (MT), a queda foi de 16,67%, com a saca a R$ 30,00. E em Itapeva (SP), a queda ficou em 3,18%, com a saca a R$ 44,45. Nas demais praças pesquisadas pela equipe do Notícias Agrícolas o dia foi de estabilidade.
E as preocupações com uma menor safrinha podem agravar a situação da oferta restrita do cereal no mercado brasileiro. “Há a necessidade de se importar ou diminuir a demanda (exportações e/ou consumo interno)”, explica a Analista de Mercado da INTL FCStone, Ana Luiza Lodi. Alternativas estão sendo adotadas, como a liberação de uma quota de importação do cereal para países de fora do Mercosul, sem a cobrança do imposto de importação.
Conforme levantamento da consultoria, estimando-se o consumo e as exportações por estado, de acordo com os últimos números da Conab para estas variáveis, haveria um saldo negativo de 10,9 milhões de toneladas no Brasil, resultado da diferença entre o volume de produção menor (considerando as perdas devido ao clima), o consumo e as exportações.
O Brasil já tem importado o grão, em pequenas quantidades, principalmente de países vizinhos. "Segundo a Secex, 105,9 mil toneladas foram importadas em abril, ao preço médio de US$ 155,4/tonelada, o que seria equivalente a R$ 33,13/sc de 60 kg, bem abaixo das atuais cotações no físico nacional. Quanto às exportações, foram apenas 370,5 mil toneladas de milho embarcadas em abril, ao preço de US$ 178,2/tonelada, ou de R$ 37,98/sc, também inferior ao verificado nas regiões brasileiras", informou o Cepea em nota.