Milho: Na CBOT, preços fecham em queda pelo 3º dia consecutivo com foco no andamento da safra dos EUA

Publicado em 05/05/2016 17:23

Na Bolsa de Chicago (CBOT), as cotações futuras do milho encerraram o pregão desta quinta-feira (5) em campo negativo. Ao longo do dia, as principais posições do cereal ampliaram as perdas e fecharam a sessão com desvalorizações entre 1,50 e 3,50 pontos. Essa é a terceira queda consecutiva registrada nos preços da commodity. O contrato maio/16 era cotado a US$ 3,71 por bushel e o dezembro/16 a US$ 3,81 por bushel.

A analista de mercado da FCStone, Ana Luiza Lodi, explica que, nesse momento, as atenções dos investidores estão voltadas para a safra norte-americana. "E, apesar das chuvas observadas no último final de semana em algumas regiões, os produtores avançaram com a semeadura do grão. Os trabalhos nos campos permanecem acelerados e, pelo menos por enquanto, não há problemas na safra, o que acaba pressionando as cotações em Chicago", afirma.

Até o último domingo (1), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou que a semeadura já estava completa em 45% da área prevista para essa temporada. O número ficou em linha com o observado no mesmo período do ano anterior, mas acima da média dos últimos anos, de 30%. As projeções dos participantes do mercado giravam entre 47% a 49%.

No boletim, o órgão ainda divulgou que cerca de 13% das plantações do cereal já emergiram, contra 5% da semana anterior e 7% do ano passado e de 8% da média dos últimos anos.  O órgão atualiza as suas informações na próxima segunda-feira (9).

"E como está correndo tudo bem, o sentimento é de que não haja uma migração por parte dos produtores para a cultura da soja, que é semeada um pouco depois", pondera a analista de mercado. Até o momento, as previsões climáticas indicam um tempo mais seco nos Estados Unidos na próxima semana, o que deve impulsionar o andamento dos trabalhos nos campos, conforme destacam as agências internacionais.

Em contrapartida, as preocupações e especulações em relação à safrinha brasileira continuam a dar sustentação aos preços em Chicago, segundo diz a analista. "Com isso, o entendimento é que a demanda mundial se desloque para o milho americano. Além disso, com a isenção da taxa de importação para mais de 1 milhão de toneladas do grão fora do Mercosul, medida anunciada recentemente pelo Governo brasileiro, a perspectiva é que esse produto também venha dos EUA, especialmente para os compradores da região Nordeste", ressalta Ana Luiza.

Ainda ontem, a INTL FCStone informou que a safrinha poderá somar 49,84 milhões de toneladas, uma queda de 6,7 milhões de toneladas em relação à última projeção, de 56,56 milhões de toneladas. As principais reduções ocorreram nas previsões de Mato Grosso (-2,1 milhões de toneladas), Goiás (-1,8 milhão), Mato Grosso do Sul (-1 milhão) e Paraná (-900 mil toneladas) na comparação com o relatório passado.

O USDA também divulgou nesta quinta-feira novo boletim de vendas para exportação. Na semana encerrada no dia 28 de abril, as vendas de milho somaram 829,800 mil toneladas. Do total, cerca de 769,300 mil toneladas são da safra 2015/16 e o restante, de 60,5 mil toneladas, da nova temporada.

Ao contrário do que aconteceu na última semana, o número ficou abaixo das expetativas dos participantes do mercado que giravam entre 900 mil a 1.450 milhão de toneladas para o período. Na semana anterior, o departamento surpreendeu os investidores ao reportar as vendas de milho 2.600,6 milhões de toneladas.

Mercado brasileiro

Mais uma vez, as cotações futuras do milho negociadas na BM&F Bovespa encerraram o pregão desta quinta-feira (5) com ligeiras altas. As principais posições do cereal acumularam valorizações entre 0,25% e 0,70%. O contrato maio/16 era cotado a R$ 51,14 a saca, com alta de 0,45%. Já o vencimento setembro/16, referência para a safrinha, fechou o dia com leve queda de 0,10%, cotado a R$ 41,46 a saca.

De maneira geral, o mercado segue de olho no desenrolar da safrinha brasileira. Isso porque, em importantes regiões produtoras as chuvas chegaram tarde demais ou ainda não chegaram. Em Caarapó (MS), as perdas na safrinha devem superar os 40% devido à ausência de chuvas e as altas temperaturas registradas ao longo do mês de abril. Por outro lado, os produtores também seguem preocupados com a possibilidade de geada nas lavouras, o que poderia elevar as perdas nesta temporada.

"Na média da temporada passada a produtividade chegou a 85 sc/ha, e para esse ano é esperado que o rendimento caia para 52 sacas por hectare. Ao todo, em torno de 76 mil hectares foram cultivados com o cereal na região", acredita o presidente do Sindicato Rural do município, Antônio Umberto Maran.

Em Querência (MT), o cenário é ainda mais grave, já que a quebra pode ficar acima de 70% nesta safra. Com mais de 40 dias sem chuvas, a perspectiva é que o rendimento médio das áreas fique entre 30 a 40 sacas por hectare, contra uma média de 90 a 100 sacas por hectare registrada nos últimos anos. De acordo com dados do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), o rendimento médio do estado deve cair para 90,7 sacas por hectare, contra a média de 108,6 sacas por hectare registrada na safra anterior.

“As lavouras não conseguem mais se recuperar. Temos algumas localidades em que as plantações estão melhores, pois receberam chuvas pontuais, mas são áreas pequenas. As últimas lavouras não estão nem pendoando. São poucos os produtores que têm seguro e, muitos não irão conseguir acionar, pois cultivaram o grão fora da janela ideal, que terminou no dia 20 de fevereiro”, pondera o vice-presidente do Sindicato Rural do município, Osmar Frizzo.

Enquanto isso, no Porto de Paranaguá, a saca do milho para entrega em setembro caiu 2,86% nesta quinta-feira e fechou o dia a R$ 34,00. Em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, ambas praças de Mato Grosso, a queda foi de 2,50%, com o preço da saca a R$ 39,00. Em Sorriso (MT), a perda foi de 10,81% e a saca encerrou o dia a R$ 33,00.

Em Não-me-toque (RS), a cotação subiu 1,19% e a saca fechou o dia a R$ 42,50, em Ponta Grosso (PR), o ganho ficou em 4,00%, com a saca a R$ 52,00. Em Avaré (SP), a alta foi de 17,48% e a saca encerrou o dia a R$ 45,91, em Assis (SP), o preço ficou em R$ 43,96 a saca, com valorização de 7,14%. Nas demais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas o dia foi de estabilidade.

"As cotações ainda encontram sustentação na disponibilidade restrita do cereal no mercado interno. E as perdas na safrinha podem atrasar o reequilíbrio entre a oferta e demanda internamente. Mas com a entrada da segunda safra, as cotações tendem a se acomodar em patamares mais baixos", acredita Ana Luiza.

Dólar

O dólar fechou o dia a R$ 3,5398 na venda, com ligeira queda de 0,01%. Na mínima da sessão, o câmbio chegou a R$ 3,5080 e na máxima, R$ 3,5527. O movimento é decorrente da piora no cenário externo após a redução nos ganhos dos preços internacionais do petróleo ofuscar o fato de o Banco Central não ter atuado no mercado pelo segundo dia consecutivo, conforme destacou a agência Reuters.

Confira como fecharam os preços nesta quinta-feira:

>> MILHO

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Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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