Milho: Mercado testa recuperação na manhã desta 5ª feira em Chicago e opera com ligeiros ganhos

Publicado em 05/05/2016 08:06

Os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram o pregão desta quinta-feira (5) com leves altas. As principais posições do cereal exibiam ganhos entre 0,75 e 2,25 pontos, por volta das 7h32 (horário de Brasília). O contrato maio/16 era cotado a US$ 3,75 por bushel e o dezembro/16 era negociado a US$ 3,86 por bushel.

As cotações testam uma reação após recuar nos dois últimos pregões. Ainda ontem, os preços foram pressionados pela perspectiva de melhora no clima nos Estados Unidos a partir da próxima semana, o que deve contribuir para o avanço da semeadura do cereal, conforme ponderou o site Farm Futures. Até o último domingo, em torno de 45% da área esperada para essa temporada já havia sido cultivada, segundo dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

Paralelamente, a situação da safra brasileira continua sendo observada pelos investidores, já que há muitas projeções em relação à quebra na produção. A expectativa é que o cenário leve os compradores a adquirir o produto norte-americano. Ainda hoje, o USDA traz novo boletim de vendas para exportação, na semana anterior os números surpreenderam o mercado e deram sustentação aos preços.

As vendas somaram 2.600,6 milhões de toneladas do grão na semana encerrada no dia 21 de abril. No total, em torno de 2.160,6 milhões de toneladas da safra atual e o restante, cerca de 440 mil toneladas da nova temporada.

Confira como fechou o mercado nesta quarta-feira:

Milho: Focado nos fundamentos, preços têm novo dia de valorização na BM&F Bovespa nesta 4ª feira

Apesar da queda do dólar, as cotações futuras do milho negociadas na BM&F Bovespa encerraram o pregão desta quarta-feira (4) com ligeiras altas. As principais posições da commodity acumularam valorizações entre 0,02% e 0,71%. O maio/16 era cotado a R$ 50,91 a saca, com ganho de 0,26%, enquanto o setembro/16, referência para a safrinha, era cotado a R$ 41,50 a saca e alta de 0,36%.

As incertezas em relação à oferta no Brasil continuam a dar suporte aos preços do cereal, conforme ressaltam os analistas. Após o longo período de seca e de altas temperaturas, muitas consultorias revisaram para baixo as estimativas para a safrinha do país. E, segundo os levantamentos reportados até o momento, a quebra pode chegar até a 10 milhões de toneladas nesta safra. Em seu último boletim, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) informou que os produtores brasileiros deverão colher cerca de 57,13 milhões de toneladas do cereal.

Isso porque, em muitas regiões as chuvas chegaram tarde demais e, em outras, os volumes acumulados são bem pequenos. Esse é o caso da região de Cristalina, no estado de Goiás, um dos mais afetados. Na localidade, as lavouras ficaram mais de 40 dias sem chuvas e o reduziu o potencial produtivo das plantas. Com isso, as perdas na safrinha devem ficar próximas dos 70% na região.

"A estiagem atingiu um período muito crítico do desenvolvimento das plantas, que é do pendoamento ao enchimento do grão, então mesmo que chova a cultura não consegue mais responder em termos de produtividade", explica o técnico agrícola da localidade, Beto Brava. Em meio a esse quadro, a perspectiva é que o rendimento médio das lavouras fique em 30 sacas por hectare, contra uma média de 100 sacas por hectare observado nos últimos anos.

Para a INTL FCStone, a safrinha deverá somar 49,84 milhões de toneladas, uma queda de 6,7 milhões de toneladas em relação à última projeção, de 56,56 milhões de toneladas. As principais reduções ocorreram nas previsões de Mato Grosso (-2,1 milhões de toneladas), Goiás (-1,8 milhão), Mato Grosso do Sul (-1 milhão) e Paraná (-900 mil toneladas) na comparação com o relatório passado.

Além disso, os produtores rurais também estão preocupados com a entrega dos contratos feitos antecipadamente. Diante dos relatos de perdas, é grande o sentimento de que muitos contratos não serão cumpridos e, mais uma vez, os prejuízos ficarão com os produtores.

Enquanto isso, no mercado doméstico as cotações permanecem firmes, refletindo o cenário da baixa disponibilidade de milho internamente. No Porto de Paranaguá, a saca do cereal, para entrega em setembro/16, fechou o dia estável a R$ 35,00. Nas demais praças pesquisadas pela equipe do Notícias Agrícolas o dia foi de estabilidade.

A situação é tão preocupante, que os compradores brasileiros já adquiriram milho dos países vizinhos, Paraguai e Argentina. E, com a mais recente medida do Governo brasileiro, de isenção da tarifa para importação do grão de fora do Mercosul, há rumores de compras dos Estados Unidos também. Ainda nesta quarta-feira, a consultoria Agroconsult informou que o país poderá importar mais de 2,5 milhões de toneladas do grão ao longo da temporada 2015/16.

Por enquanto, há um consenso entre os analistas de que as importações somente tem o poder de limitar novas altas nos preços no mercado interno. A perspectiva é que a partir de junho, as cotações se acomodem em patamares mais baixos frente à chegada da segunda safra no mercado, porém, o movimento negativo não deverá ser expressivo.

"Temos preços recordes, o produtor que tem milho deve aproveitar, pois os valores são excelentes. Não recomendamos que os produtores segurem o produto para especular, já que daqui a pouco teremos a chegada da safrinha no mercado. E, apesar da quebra, será um bom volume de milho. Se os agricultores especularem, os grandes consumidores irão ter que importar mais milho, o que pode deixar o mercado desfavorável aos agricultores mais adiante", destaca o consultor de mercado da Brandalizze Consulting.

Dólar

Já a moeda norte-americana fechou o dia a R$ 3,54 na venda, com queda de 0,87%. O dólar caiu depois de acumular mais de 3,81% nas duas últimas sessões. Conforme dados reportados pela agência Reuters, o câmbio passou por um ajuste após as recentes altas e sem a atuação do Banco Central no mercado. Por outro lado, o cenário político brasileiro continua no radar dos investidores.

Bolsa de Chicago

Ao contrário do mercado brasileiro, os preços do milho na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram o dia do lado negativo da tabela. Durante as negociações, as principais posições da commodity ampliaram as perdas e encerraram o dia com quedas entre 2,00 e 5,00 pontos. O contrato maio/16 era cotado a US$ 3,73 por bushel e o dezembro/16 a US$ 3,85 por bushel. As cotações recuaram pelo 2º dia consecutivo no mercado internacional.

De acordo com o analista e editor do Farm Futures, Bob Burgdorfer, o mercado foi pressionado pelas previsões climáticas indicando um tempo mais seco no Meio-Oeste dos EUA na próxima semana, o que pode ajudar com a evolução dos trabalhos nos campos. Até o último domingo, em torno de 45% da área já havia sido cultivada, segundo relatório de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

O número ficou levemente abaixo das projeções dos investidores, que estavam entre 47% a 49%. A média dos últimos cinco anos é de 30% e no mesmo período do ano passado, o plantio estava completo em 45%, ainda conforme dados do departamento.

Paralelamente, as informações sobre o andamento da safra brasileira também continuam no foco dos investidores. Há uma perspectiva de que a demanda acabe sendo atendida pelos produtores norte-americanos. Esse fator também segue no foco dos participantes do mercado e, é fato que nas últimas semanas, os números dos embarques e exportações semanais, divulgados pelo órgão. Ainda hoje, o departamento reportou a venda de 107,5 mil toneladas de milho ao Japão. O volume negociado deverá ser entregue na temporada 2015/16.

Ainda hoje, a Administração de Informações de Energia norte-americana (EIA) reportou que a produção de etanol nos EUA ficou em 923 mil barris diários na semana encerrada no dia 29 de abril. Na semana anterior, o número ficou em 957 mil barris. No mesmo período, os estoques subiram de 21,6 milhões para 22,2 milhões.

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Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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