Milho: Na CBOT, mercado dá continuidade ao movimento de realização de lucros e recua pelo 2º dia consecutivo

Publicado em 04/05/2016 08:14

Os preços futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) trabalham do lado negativo da tabela na manhã desta quarta-feira (4). As principais posições do cereal exibiam perdas entre 2,25 e 5,00 pontos, por volta das 7h56 (horário de Brasília). O vencimento maio/16 era cotado a US$ 3,73 por bushel e o dezembro/16 a US$ 3,84 por bushel.

As cotações da commodity dão continuidade ao movimento negativo e caminham para consolidar o 2º dia consecutivo de quedas. O mercado passa por um ajuste técnico frente às recentes valorizações. Apesar da queda, os analistas ponderam que os fundamentos do mercado permanecem inalterados. Com isso, a safrinha brasileira ainda continua no radar dos investidores.

Além disso, a quebra na safra do Brasil deve levar os compradores ao produto norte-americano. Esse fator também segue no foco dos participantes do mercado e, é fato que nas últimas semanas, os números dos embarques e exportações semanais, divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) cresceram.

Em relação à safra americana, o plantio já está completo em 45% da área, conforme dados do departamento. E os investidores seguem de olho nas previsões climáticas nos EUA.

Confira como fechou o mercado nesta terça-feira:

Milho: Diante da alta do dólar e das preocupações com a safrinha, preços têm nova alta na BM&F nesta 3ª feira

O pregão desta terça-feira (3) foi positivo aos preços do milho praticados na BM&F Bovespa. As principais posições da commodity encerraram o dia com valorizações entre 0,98% e 2,36%. O vencimento maio/16 encerrou a sessão a R$ 50,78 a saca, com alta de 1,91%, já a referência para a safrinha, o setembro/16, terminou o dia com ganhos, negociado a R$ 41,35 a saca.

Já no Porto de Paranaguá, a saca para entrega setembro/16 permaneceu estável em R$ 35,00 a saca. No Oeste da Bahia, a alta foi de 7,14%, com a saca cotada a R$ 45,00, em Ponta Grossa, a valorização foi menor, de 2,04% e a saca fechou o dia a R$ 50,00. Em Não-me-toque (RS), a cotação subiu 1,20%, com a saca do cereal a R$ 42,00. Por outro lado, em Itapetininga (SP), o recuo foi de 2,18%, com a saca a R$ 43,96 a saca. Nas demais praças pesquisadas pela equipe do Notícias Agrícolas o dia foi de estabilidade.

Na visão do analista de mercado da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro, as cotações do cereal têm encontrado suporte nos estoques internos, que estão mais baixos, e nas especulações e preocupações com a segunda safra. "Temos um cenário preocupante e de cautela em termos de oferta de milho. Não sabemos como será a produção na safrinha, temos muitas instituições que já reduziram a suas projeções em termos de produtividade em importantes estados produtores, como Mato Grosso e Goiás", explica.

Diante da seca e das altas temperaturas registradas ao longo do mês de abril, o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) revisou para baixo a projeção da 2ª safra de milho em 5%, equivalente a 15 sacas. Em Tapurah (MT), a perspectiva é de uma queda de 20% na produção nesta temporada, conforme destaca o presidente do Sindicato Rural do município, Silvésio de Oliveira. Nos últimos anos, o rendimento médio das plantações ficou próximo de 100 sacas do grão por hectare e nesta safra deverá ficar abaixo de 80 sacas por hectare.

Para a Céleres, os produtores brasileiros deverão colher uma safra próxima de 52,8 milhões de toneladas, uma queda de 10% em comparação com o último levantamento realizado pela consultoria. Ainda hoje, a Agroconsult reportou que a safrinha de milho deverá somar 52,5 milhões de toneladas, um recuo de 4% em comparação com a última estimativa. No boletim de março, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) projetou a safrinha brasileira em 57,13 milhões de toneladas.

"Diante desse cenário, a perspectiva é que os preços do milho continuem firmes no mercado interno e não estão descartadas novas altas no curto prazo. Em Campinas (SP), a saca do cereal é cotada a R$ 49,00, uma alta de 72% em relação ao mesmo período do ano anterior. Com o início da colheita da safrinha, entre final de maio e começo de junho, poderemos ter uma pressão nas cotações, porém, a queda deverá ser comedida. Claro que o dólar e o cenário econômico também podem interferir no mercado", destaca Ribeiro.

Em relação às importações de milho, o analista sinaliza que o fator também força para pressionar as cotações, apenas alivia a pressão altista até a chegada da safrinha. Recentemente, o governo brasileiro isentou a tarifa de importação de 1 milhão de toneladas do grão fora do Mercosul.

Além disso, outro componente muito importante de formação de preços é o dólar. Nesta terça-feira, a moeda norte-americana subiu mais de 2,33%, cotada a R$ 3,5712 na venda, maior alta desde 15 de março, quando o câmbio subiu 3,03%. Segundo dados da agência Reuters, o dólar acompanhou o cenário externo e uma maior aversão ao risco sobretudo nos mercados emergentes, depois dos dados ruins da China. A atuação do Banco Central no mercado também contribuiu para o cenário.

Bolsa de Chicago

Em contrapartida, as cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram a sessão desta terça-feira (3) com forte queda. Ao longo do dia, as principais posições da commodity ampliaram as perdas e fecharam o dia com desvalorizações entre 9,50 e 12 pontos, uma perda de mais de 2,5%. O vencimento maio/16 era cotado a US$ 3,78 por bushel e o dezembro/16 a US$ 3,87 por bushel.

"Os fundos de investimento venderam suas posições em meio a uma ampla venda que também levou os preços do petróleo e das ações. A queda resultando dos preços do petróleo puxou para baixo as ações de empresas de petróleo no mercado de ações", explicou o analista e editor do site internacional Farm Futures, Bob Burgdorfer. Ao todo, os fundos venderam mais de 23 mil contratos no pregão desta terça-feira.

Os analistas ainda ponderam que não há modificações no quadro fundamental. Consequentemente, os participantes do mercado permanecem olhando o desenrolar da safrinha brasileira. Diante do clima seco e das altas temperaturas observadas durante o mês de abril, muitas instituições já revisaram para baixo as suas projeções para a produção do país.

Com isso, os investidores acreditam que os compradores irão adquirir mais produto norte-americano. Com a escassez do grão no mercado brasileiro, o governo autorizou recentemente a isenção da taxa de importação de milho fora do Mercosul.

No caso da safra americana, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou nesta segunda-feira que cerca de 45% da área já foi cultivada com o grão até o último domingo (1). O percentual ficou abaixo das estimativas do mercado, de 47% a 49%. Ainda assim, o número está em linha com o registrado no mesmo período do ano passado e acima da média dos últimos cinco anos, de 30%. O órgão ainda divulgou que em torno de 13% das plantações já emergiram, contra 5% da semana anterior, 7% do ano passado e 8% na média.

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Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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