Milho: Com oferta escassa e tempo seco, preços têm mais uma semana de firmeza no mercado interno
Em meio à escassez da oferta e a demanda firme, os preços do milho continuam sustentados no mercado interno. Durante essa semana, o valor praticado em Ponta Grossa (PR) subiu 6,52%, chegando a R$ 49,00 a saca. Nas demais praças paranaenses, Ubiratã, Londrina e Cascavel, o ganho foi menor, de 1,37%, com a saca negociada a R$ 37,00. Nas demais praças pesquisadas pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bitencourt Lopes, a semana foi de manutenção dos preços.
Em Sorriso (MT), a alta ficou em 9,38%, com a saca do cereal negociada a R$ 35,00. Apenas no Oeste da Bahia, a cotação recuou 2,38% e fechou a semana a R$ 41,00 a saca. Para o Porto de Paranaguá, a referência para a saca para entrega setembro/16 fechou a sexta-feira (15) a R$ 34,00, estável. No Porto de Rio Grande não houve referência para esta sexta-feira.
Por outro lado, outra variável que tem ganhado a atenção dos participantes do mercado é o clima seco registrado no Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil. "Essa semana termina e com a ela a certeza de que a ausência de chuvas e o forte calor que marcaram todo esse período está causando sérios prejuízos à produção de milho safrinha", informou em seu último boletim o agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antônio dos Santos.
E as previsões climáticas indicam a continuidade do tempo seco e das altas temperaturas nos próximos 10 dias. "Assim, esse tempo seco e com temperaturas acima da média irá manter as condições extremamente desfavoráveis ao desenvolvimento do milho safrinha, onde os percentuais de perdas irão crescer muito nesse período. As chuvas só deverão retornar a essas regiões do Brasil na semana do dia 25, quando o bloqueio irá se enfraquecer e entradas de frentes frias voltarão a ocorrer sobre o interior do país. Porém, os volumes não deverão ser altos e nem tão pouco de grande abrangência", alerta o agrometeorologista.
Para essa temporada, a previsão é que sejam colhidas 57,13 milhões de toneladas de milho, segundo projeção da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). A safra de verão deverá ficar próxima de 25,7 milhões de toneladas.
Diante desse cenário incerto, o economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter, destaca que os preços tendem a continuar firmes. "Isso porque, de um lado o produtor vai recuar e aguardar pra ver o que acontece e, de outro, os compradores vão se despertar para comprar e adquirir produto para garantir abastecimento", pondera.
Dólar
Enquanto isso, o dólar fechou a sexta-feira (15) em alta de mais de 1%, cotado a R$ 3,5240 na venda. De acordo com dados da agência Reuters, a moeda foi pressionada pela intensa atuação do Banco Central, mas o bom humor prevaleceu no último pregão antes da votação do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, que ocorre no domingo (17).
Bolsa de Chicago
O pregão desta sexta-feira (15) foi positivo aos preços futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT). As principais posições do cereal exibiram ganhos entre 2,75 e 4,50 pontos. O vencimento maio/16 era cotado a US$ 3,78 por bushel, enquanto o dezembro/16 era negociado a US$ 3,88 por bushel. Os contratos julho e setembro/16 encerraram o dia a US$ 3,82 por bushel. No balanço semanal, os principais vencimentos da commodity acumularam valorizações entre 3,53% e 4,66%, de acordo com levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bitencourt Lopes.
Segundo o economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter, o movimento positivo foi ocasionado pela participação dos fundos na ponta compradora. Já ao longo da semana, as cotações encontraram suporte nos números vindos da China, o que o mercado entendeu como uma melhora na economia e recuperou o patamar de US$ 3,80 por bushel. Paralelamente, outro fator que entrou no radar dos participantes do mercado foi o clima na América do Sul.
Os investidores estão atentos às previsões climáticas para o Brasil, Paraguai e na Argentina. No caso dos dois primeiros, a preocupação é com tempo mais seco e na Argentina, a apreensão se dá por conta do excesso de chuvas. Até o momento, os produtores argentinos colheram apenas 18,8% da área semeada nesta temporada, um atraso de 5,8% em relação ao ano anterior, conforme informou a Bolsa de Buenos Aires.
O clima nos Estados Unidos também é observado pelos participantes do mercado, já que os produtores iniciaram a semeadura do cereal. No primeiro boletim de acompanhamento de plantio, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicou a área semeada em 4%, 1% acima do registrado no mesmo período do ano passado.
Ainda hoje, o órgão reportou a venda de 344,2 mil toneladas do grão para destinos desconhecidos. O volume comprometido deverá na temporada 2015/16. Essa foi a segunda operação divulgada essa semana, já que na quarta-feira (13), o órgão informou a venda de 110,8 mil toneladas do cereal ao Japão.
Confira como fecharam os preços nesta sexta-feira: