Milho: Média nacional de preços fecha março com alta de 50,5% em relação a 2015
A média nacional dos preços do milho terminou o mês de março com uma alta de 50,5% em relação ao mesmo mês de 2015. A demanda interna ainda bastante agressiva e uma oferta ajustada de produto têm elevado as cotações em todas as regiões do Brasil e mantido um suporte importante para o produtor brasileiro.
Nas principais praças de comercialização do interior do Brasil, as altas na semana oscilaram entre de 2,52% - em Panambi/RS, onde o último preço ficou em R$ 39,00 - a 30,43% em Sorriso/MT, com a última referência em R$ 30,00 por saca. Em Ponta Grossa ainda é registrado um dos valores mais altos, de R$ 45,00.
No porto de Paranaguá, o produto com embarque previsto para setembro deste ano, perdeu, no balanço semanal, 5,88% para encerrar os negócios com R$ 32,00 por saca.
Na semana, como explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, os negócios, porém, foram pontuais. O pouco produto disponível e o elevado índice de comercialização feito antecipadamente faz com que os vendedores acabem, nesse momento, se retirando do mercado, motivando ainda mais a elevação dos valores, que são recorde.
E esse quadro, ainda como explica Brandalizze, em partes também se fortaleceu com os anúncios da Conab de que os estoques do Brasil estariam na casa de 10 milhões de toneladas, o que evitaria uma dificuldade de abastecimento. Os números, porém, eram bem menores e a falta de produto foi inevitável, bem como preços mais altos e os setores consumidores ficando com suas margens "estranguladas".
"Essa alta nos preços do milho pode provocar um movimento de maior de abate de matrizes nos suínos, por exemplo, e isso pesar sobre o mercado do milho no longo prazo", diz o consultor. "Mas a pressão que pode vir sobre o mercado é um pouco mais lenta do que as altas foram nos últimos meses, com as cotações podendo perder entre 5 e 15%. Mas muito ainda vai depender da safrinha tambémm, que ainda não está garantida", completa.
O indicador Cepea Esalq/BM&FBovespa, por exemplo, terminou março com a referência de R$ 49,68 por saca e ganho acumulado de 13,87%, mas, durante a semana, o índice bateu seu maior valor já registrado e chegou aos R$ 49,85.
"Os estoques de passagem da temporada passada tiveram níveis extremamente baixos, o ritmo bastante das exportações enxugou, praticamente, o mercado interno de milho, as exportações, permaneceram em ritmo forte em fevereiro e março" e ajudaram na valorização do cereal, como pontual o pesquisador do Cepea, André Sanches.
No entanto, ele acredita ainda que este é um movimento que poderia estar caminhando para uma desaceleração, com o avanço da colheita da safra de verão e, mais adiante, com a chegada da segunda safra. Além disso, já há cerca de 30 milhões de toneladas, ainda como relatou Vlamir Brandalizze, da safrinha negociadas.
"Enquanto boa parte do milho já foi comercializada, aproveitando boas oportunidades dos meses passados, o atal movimento de alta dos preços fez com que se diminuisse a competitividade. Então, o ritmo de novos negócios tende a perder força e pode ser um fator de pressão de preços daqui para frente", afirma Sanches.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago, as cotações registraram uma semana negativa, com o movimento de pressão se intensificando na quinta-feira (31) com a chegada das novas projeções do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para a área de plantio do país na safra 2016/17. O número veio bem acima do esperado pelos traders e as posições mais negociadas do cereal perderam, no balanço semanal, mais de 4%.
O vencimento maio/16 foi a US$ 3,54, após fechar na quinta passada (24), com US$ 3,70, enquanto o setembro foi de US$ 3,79 a US$ 3,61 e o dezembro de US$ 3,87 a US$ 3,69 por bushel.
De acordo com o boletim Prospective Plantings, do departamento norte-americano de agricultura, deverão ser cultivados com milho na próxima temporada 7,88 milhões de hectares, número que supera a estimativa média do mercado de 36,42 milhões. Para o cereal, as expectativas variavam de 36,22 a 36,83 milhões de hectares. Em fevereiro, o USDA no Agricultural Outlook Forum, estimou essa área em 36,42 milhões.