Milho: Mercado brasileiro mantém preços fortes e sustentados, mas tem 4ª feira de estabilidade
O momento de sustentação dos preços do milho no mercado brasileiro continua. Nesta quarta-feira (30), porém, as cotações optaram por um movimento de ajuste na BM&F, encerrando o dia com oscilações mais tímidas entre os principais vencimentos. O contrato maio/16 terminou o pregão com R$ 46,00 por saca e alta de 0,24%, enquanto os demais - julho e setembro/16 - recuaram 0,38% e 0,30%, respectivamente, para R$ 39,25 e R$ 36,34 por saca.
O mercado interncional do cereal, afinal, não conta somente com seus fundamentos, que são fortes e extremamente positivos neste momento, mas sente a influência ainda da questão cambial. O dólar voltou a recuar nesta quarta e, embora ainda atue na casa dos R$ 3,60, segue sinalizando instabilidade e uma busca por equilíbrio, ameaçada, porém, pela eletrizante cena política brasileira.
"O câmbio tem um impacto extremamente grande nesse mercado, porque isso afeta diretamente no preço e na competitividade do Brasil na exportação. Caso as mudanças políticas tragam otimismo, de fato, ao mercado, e façam com que o dólar caia mais do que os patamares atuais, isso poderia reduzir a competitividade brasileira, podendo sobrar mais milho no mercado interno, e isso poderia impactar sobre os preços no segundo semestre", explica o diretor de commodities da FCStone, Glauco Monte.
Além disso, as importações do cereal diante da falta de oferta de produto nacional neste momento seguem acontecendo. Segundo afirmou à agência de notícias Reuters o presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal, Francisco Turra, as indústrias brasileiras já fecharam compras de milho da Argentina e do Paraguai na casa de 500 mil toneladas, com entregas previstas para abril e maio nos estados do Sul do país.
A medida, ainda segundo Turra, poderia dar início a um movimento de baixa nos preços do cereal internamente, os quais estão ainda acima da média e batendo, dia a a dia, novos recordes. No último dia 29, o indicador Esalq/BM&F Bovespa renovou os R$ 49,85 por saca, maior valor já registrado.
No interior do Brasil, nesta quarta-feira, os preços do milho fecharam o dia com alguma estabilidade, mas ainda com números elevados. No Oeste da Bahia, por exemplo, a referência segue nos R$ 42,00 por saca, em Ponta Grossa/PR, R$ 43,00 e em Não-Me-Toque/RS, onde houve alta de 1,32%, o valor foi a R$ 38,50.
No porto de Paranaguá, também referências estáveis e manutenção, para o produto a ser embarcado em setembro/16, nos R$ 34,00 por saca.
Bolsa de Chicago
Se no Brasil os preços do cereal conseguiram se sustentar, no mercado futuro norte-americano amargaram baixas significativas na sessão desta quarta-feira. Os principais contratos de milho perderam entre 5,50 e 6 pontos, com o maio/16 cotado a US$ 3,67 por bushel e o setembro/16 a US$ 3,76. A posição dezembro/16 perdeu, nesta pregão, a casa dos US4 3,90.
De acordo com analistas internacionais, as baixas devolvem parte dos ganhos recentes com um movimento de realização de lucros mais intenso típico do período de final de mês aliado a um reposicionamento dos investimento antes da chegada dos novos números do USDA que saem nesta quinta-feira (31).
Estoques Trimestrais - para os estoques de milho dos EUA, as projeções têm média de 198,69 milhões de toneladas, variando entre 196,73 milhões e 205,75 milhões de toneladas. Há um ano, o volume informado foi de 196,8 milhões e, há três meses, de 284,9 milhões de toneladas.
Área de Plantio - São esperados entre 36,22 milhões e 36,83 milhões de hectares, com média de 36,42 milhões. No caso do cereal também devem ser registrada uma ampliação da área, já que na safra anterior foram cultivados 35,61 milhões de hectares.
Além disso, como explica o analista de mercado do portal norte-americano Farm Futures, Bob Burgdorfer, pesaram ainda sobre as cotações as recentes mudanças na política de preços de milho na China, que deve deixar os valores internos mais competitivos em relação aos internacionais, além de uma menor produção de etanol nos EUA.
Um reporte trazido pela Administração de Informações de Energia norte-americana (EIA), a produção do combustível no país foi de 992 mil barris por dia, enquanto na semana passada foram de 995 mil. Ao mesmo tempo, o boletim indicou ainda um aumento nos estoques locais de etanol, que passaram de 22,5 milhões para 23 milhões de toneladas.