Milho tem novo recorde no indicador Esalq/BM&F Bovespa e se aproxima de R$ 50,00 por saca

Publicado em 29/03/2016 17:06

O indicador de preços do milho Esalq/BM&F Bovespa bateu um novo recorde e chegou aos R$ 49,85 por saca nesta semana. A baixa disponibilidade de oferta no mercado brasileiro, como explica a analista de mercado Ana Luiza Lodi, da FCStone, ainda continua atuando como o principal catalisador das cotações do cereal internamente. 

O elevado consumo doméstico - liderado, principalmente, pela produção nacional de carnes - e mais exportações crescentes - somente em 2015 foram, oficialmente, 30,2 milhões de toneladas - reduziram de forma significativamente o volume disponível do grão e têm elevado as cotações diariamente. 

E a demanda segue crescendo. Nos primeiros 18 dias úteis de março, o Brasil exportou 1.823,3 milhão de toneladas de milho, enquanto em todo o mesmo mês de 2015, o total foi de 675,4 mil toneladas.  

Assim, as tentativas de sanar essa dificuldade de abastecimento - que se agrava com uma safra de verão menor e com a colheita atrasada em diversos pontos, ainda como explica a analista da FCStone - continuam a ser empregadas, como os leilões públicos da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). No próximo dia 1º de abril, serão ofertadas 26,7 mil toneladas de milho dos estoques públicos, atendo, entre outras solicitações, a dos criadores de avesm suínos e bovinos. 

Ainda assim, essas medidas e mais algumas importações de milho que já começam a ser registradas têm sido insuficientes para provocar um recuo das cotações; e essa sustentação de valores elevados tem se dado não só no interior di país, mas também nos negócios praticados na BM&F - com R$ 45,89 por saca no vencimento maio/16 e R$ 39,40 no julho/16, bem como os preços praticados para o grão nos portos. Em Paranaguá, nesta terça-feira, a última referência foi a dos R$ 34,00 por saca. 

"Não há uma oferta ilimitada nos nossos vizinhos (principalmente Paraguai e Argentina) e, caso os consumidores brasileiros vão aumentando suas importações, os preços nos exportadores também podem aumentar", lembra Ana Luiza. 

Safrinha 

A safrinha ainda é uma incógnita e ainda não é possível afirmar que sua chegada deverá pressionar os preços de forma muito expressiva, ainda de acordo com a analista da FCStone. 

"Há muita indefinição. Nossa última estimativa mostra um aumento da área no Brasil para pouco mais de 10 milhões de hectares e um dos motivos é o atual bom momento dos preços. Há, até mesmo, produtores deixando de plantar trigo para plantar milho. Então, teremos que esperar, pois se tivermos algum problema nessa safrinha, a situação muda", diz. "Nas previsões mais alongadas de clima, vemos o Paraná com a possibilidade de ter chuvas dentro do normal. O que preocupa é a região Central do Brasil, onde o inverno pode ficar mais seco", completa. 

Negócios no Brasil

Apesar do bom momento e das perspectivas de uma manutenção dessas referências elevadas, pelo menos, no curto e médio prazos, os negócios estão parados no Brasil. E essa retração vendedora por parte dos produtores, ainda como explica Ana Luiza, não se dá somente por uma aposta do agricultor em valores mais altos, mas pelo índice de comercialização antecipada. 

O produtor brasileiro vendeu um bom volume com antecedência. Somente em Mato Grosso, cerca de 60,3%, de acordo com levantamento da FCStone, já foi vendido da safrinha 2016, contra 40% do mesmo período de 2015. "Diante desse alto percentual já comercializado antecipadamente, o produtor não quer se arriscar mais por não saber como será a safrinha", diz a analista. 

Nas principais praças de comercialização do Brasil, os preços do milho, nesta terça-feira, permaneceram estáveis. Em Panambi/$, R$ 38,04 por saca; em Sorriso/MT, R$ 30,00, no Oeste da Bahia, R$ 42,00 e em Jataí/GO, R$ 35,00 por saca. 

Bolsa de Chicago

Em Chicago, o dia também foi positivo para o mercado do milho. Os principais vencimentos terminaram o pregão subindo entre 2 e 2,50 pontos, com o maio/16 valendo US$ 3,73 e o dezembro/16, US$ 3,89 por bushel. Depois das pequenas baixas registradas na sessão anterior, o mercado passou por um movimento conhecido no exterior como "turnaround tuesday" ou ou a reversão da terça-feira, o que vale hoje, principalmente, para os preços da soja e do trigo. 

"O mercado de grãos está positivo nesta terça mesmo diante de uma rigidez do financeiro internacional que começa a pesar um pouco. Há uma severa venda de posições no petróleo (que perder mais de 3% em Nova York hoje e volta a atuar na casa dos US$ 38,00 por barril), mas os traders buscam 'ignorar' esse fato e se posicionar antes da chegada dos novos boletins do USDA no dia 31 de março", explica Bryce Knorr, analista de mercado sênior do portal Farm Futures. 

Além disso, como informou o site Agriculture.com, as compras de posições por parte dos fundos de investimento - de cerca de 9 mil contratos na CBOT - foram outro importante fator de estímulo aos futuros do cereal que, dessa forma, atingiram suas máximas em dois meses. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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