Frigoríficos brasileiros ampliam importações de milho
O choque de custos que golpeou os frigoríficos brasileiros de aves e suínos neste primeiro trimestre provocou alterações nas estratégias de suprimento de milho que poderão se aprofundar nos próximos meses. O segmento, que inclui gigantes como BRF e JBS e vinha sinalizando reduzir a produção para tentar equilibrar margens, intensificou nas últimas semanas acordos para importar o cereal da Argentina e do Paraguai. O movimento tem sido tão intenso que, apenas em março, os contratos de importações de milho acertados pelos frigoríficos chegam perto de 500 mil toneladas, segundo uma fonte que acompanha esse mercado. Esse é o volume de importações projetado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para toda a temporada 2015/16, que terminará em junho. Líder na produção de aves e suínos, a BRF firmou contratos para a importação de 100 mil toneladas de milho do Paraguai e também fez encomendas na Argentina. "Tendo em vista a alta na cotação do milho no mercado doméstico, BRF optou pela importação de 50 mil toneladas da Argentina e 100 mil toneladas do Paraguai, a preços competitivos, para abastecer as suas operações no Sul do país", disse a empresa, em nota.
Segunda maior produtora de carne de frango do país, a JBS receberá pelo menos três navios carregados de milho argentino, de acordo com uma fonte. Procurada, a JBS não quis comentar o assunto. Além do inegável impacto negativo da disparada das cotações do milho sobre a rentabilidade do segmento principal ingrediente da ração, o cereal subiu mais de 35% em 2016 , a ofensiva de importações deflagrada pela indústria também revela uma maior preocupação com a escassez de milho em si, segundo analistas consultados pelo Valor. Até então, a alta dos preços do milho era encarada como um reflexo do dólar mais valorizado, mas o forte ritmo das exportações também parece ter enxugado mais a oferta interna do cereal que o esperado. No primeiro bimestre, o Brasil exportou 9,8 milhões de toneladas de milho, mais que o dobro que em igual período de 2015 (4,2 milhões). A Conab projeta que as exportações brasileiras chegarão a 29 milhões de toneladas em 2015/16.
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