Milho: Após perdas da semana anterior, mercado exibe ligeira alta na manhã desta 2ª feira na CBOT

Publicado em 29/02/2016 08:04

As cotações do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram o pregão desta segunda-feira (29) com leves altas. Perto das 7h43 (horário de Brasília), as principais posições do cereal exibiam ganhos entre 1,00 e 2,25 pontos. O vencimento março/16 era cotado a US$ 3,56 por bushel, já o contrato maio/16 era negociado a US$ 3,61 por bushel.

O mercado esboça uma tímida reação após acumular desvalorizações entre 2,31% e 3,01% na semana anterior. Os analistas ainda reforçam que o mercado segue atrelado ao financeiro e faltam informações fundamentais que possam modificar o cenário. Paralelamente, o Outlook Forum, realizado na última quinta-feira e sexta-feira, trouxe um aumento nas projeções para a área cultivada maior, assim como a produção. Os estoques também poderão ser os maiores dos últimos 12 anos.

Os investidores também observam o caminhar da safra da América do Sul, especialmente a da Argentina. Ainda hoje, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reporta novo boletim de embarques semanais. Na semana anterior, o número ficou em 900,323 mil toneladas do cereal, acima das expectativas dos participantes do mercado.

Confira como fechou o mercado na última sexta-feira:

Milho: Colheita da 1ª safra ainda segue lenta e garante mais uma semana de preços firmes no mercado interno

A semana foi de ligeira movimentação aos preços do milho no mercado interno brasileiro, de acordo com levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bitencourt Lopes. No Porto de Paranaguá, o preço futuro, para setembro/16, acumulou queda de 4,05%, com a saca a R$ 35,50. Em São Gabriel do Oeste (MS), o balanço semanal foi de perda, com desvalorização de 5,26% e a saca a R$ 36,00. Na praça de Jataí (GO), a cotação recuou 1,56%, com a saca a negociada a R$ 31,50.

Em Campo Novo do Parecis (MT), a semana foi ligeiramente positiva, com alta de 1,75% e o preço da saca a R$ 29,00. Em Não-me-toque (RS), subiu 1,39%, com a saca a R$ 36,50. Em Ubiratã e Londrina, ambas no Paraná, o ganho semanal ficou em 0,92%, com a saca a R$ 32,80. Nas demais regiões a semana foi de estabilidade.

O consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, ressalta que as cotações no mercado interno permanecem sustentadas diante da lentidão da colheita da safra de verão. "Tivemos mais uma semana com chuvas na região Centro-Sul do Brasil, o que não permitiu um avanço significativo dos trabalhos nos campos. E os negócios permanecem lentos, uma vez que os compradores e os vendedores esperam o andamento da produção da 1ª safra", afirma.

No Rio Grande do Sul, a colheita do cereal passou de 38% para 42% essa semana, de acordo com informações reportadas pela Emater/RS. O percentual está bem próximo do observado no mesmo período do ano anterior, de 45%. A entidade também reforçou, em seu último boletim técnico, que os atuais índices de produtividade e qualidade trazem otimismo aos produtores rurais. E, apenas em algumas localidades da região Sul do estado, as lavouras apresentam deficiência de chuvas, o que gera déficit hídrico e prejudica a cultura e sua produção.

A semana também foi chuvosa no Paraná e, segundo informações da Climatempo até a próxima quinta-feira (3) o estado poderá acumular chuvas de até 150 mm. Com isso, a colheita passou de 24% para 37% essa semana, conforme informações divulgadas pelo Deral (Departamento de Economia Rural). Ainda assim, em torno de 90% das plantações apresentam boas condições e em torno de 1% apresentam condições ruins. Cerca de 67% das plantações estão em fase de maturação. O departamento ainda anunciou que em torno de 26% da safra já foi comercializada.

De acordo com levantamento realizado pela França Jr. Consultoria, ao todo foram semeados 5.595 mil hectares na safra de verão e a colheita deverá somar 27.627 milhões de toneladas. Já na segunda safra, a perspectiva é que sejam plantados 10.315 mil hectares, com uma produção de 59.500 milhões de toneladas. 

"Esperamos que na próxima semana o tempo colabore a colheita do milho primeira safra caminhe um pouco mais rápido. Consequentemente, poderemos ver as cotações se acomodando em patamares mais baixos, as perdas podem ficar entre 10% a 15%. Também é preciso destacar que a partir do início do mês de março deveremos acompanhar uma redução nos embarques de milho, já que as exportações da soja deverão ganhar espaço", explica Brandalizze.

Até o momento, as exportações continuam firmes e totalizam 4.424,0 milhões de toneladas no acumulado em fevereiro, de acordo com dados oficiais anunciados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior). A quantidade média diária ficou em 340,3 mil toneladas do cereal. Em relação ao mês anterior, o volume embarcado diariamente representa um ganho de 52,7%, uma vez que em janeiro/16 o número ficou em 222,9 mil toneladas diárias.

Leilões da Conab

Ainda nesta sexta-feira (26), a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) reportou os valores iniciais para os leilões de venda dos estoques públicos de milho, que serão realizados na próxima quarta-feira (2). Ao todo serão ofertadas mais 150 mil toneladas do grão e os valores deverão ficar entre R$ 20,22 a saca a R$ 30,78 a saca de 60 kg do cereal.

Os analistas ainda reforçam que com a disputa os valores podem subir ao longo das operações. Os lotes sairão de armazéns da companhia nos estados de Mato Grosso e Goiás.

BM&F Bovespa

As cotações do milho negociadas na BM&F Bovespa interromperam uma alta de três dias e fecharam o pregão desta sexta-feira (26) em campo misto. Apenas o vencimento maio/16 se manteve em campo positivo e encerrou o dia a R$ 41,20 a saca, com ganho de 0,54%. Os demais contratos exibiram leves quedas no final da sessão. O contrato março/16 era negociado a R$ 43,74 a saca e o setembro/16 a R$ 36,94 a saca.

O mercado acabou perdendo forças apesar da alta registrada no câmbio nesta sexta-feira. A moeda norte-americana encerrou o dia com ganho de 1,21%, cotada a R$ 3,9976 na venda. Conforme dados da agência Reuters, a movimentação positiva é decorrente das operações típicas de final de mês, com a rolagem de posições e a briga pela formação da Ptax. Contudo, o dólar acumulou ligeira queda de 0,62% na semana.

Bolsa de Chicago

Enquanto isso, na Bolsa de Chicago (CBOT), as cotações futuras do milho finalizaram o pregão desta sexta-feira (26), consolidando o 4º dia consecutivo de queda. O vencimento março/16 era cotado a US$ 3,54 por bushel, já o maio era negociado a US$ 3,59 por bushel. A semana também foi negativa aos preços do cereal, conforme levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas. Os preços da commodity acumularam desvalorizações entre 2,31% e 3,01%.

O mercado ainda segue atrelado às informações vindas do financeiro, que ainda permanecem no radar dos investidores. Além disso, é consenso entre os especialistas que faltam novos dados fundamentais aos preços. E, nem mesmo as primeiras projeções para a safra norte-americana, trazidas pelo Outlook Forum foram fortes o suficiente para pressionar o mercado. As projeções reportadas no fórum apostam em um crescimento expressivo dos estoques finais de milho na temporada 2016, para 50,22 milhões de toneladas, o maior dos últimos 12 anos.

Já a safra americana poderá totalizar 351,17 milhões de toneladas na safra 2016/17, enquanto a produtividade média deve ficar próxima de 177,8 sacas por hectare. Ainda ontem, as projeções divulgadas apontaram para uma área de 36,42 milhões de hectares para o cereal na nova safra.

Paralelamente, o andamento da safra da América do Sul também é observado pelos participantes do mercado, especialmente a da Argentina. As agências internacionais divulgaram nesta quinta-feira (25), que as chuvas ocasionadas pelo El Niño poderiam gerar inundações em áreas produtoras de soja e milho em março.

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Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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